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quinta-feira, abril 16, 2020

SPADES VANDAL: o primeiro baterista a lançar um disco solo excelente.

RESENHA: Spades Vandal - SPADES VANDAL
NOTA: 10,00.

Das lendas urbanas que cercam o Rock'n'Roll em todas suas vertentes uma das mais fortes é que os discos solo de baterista são sempre muito ruins. Exemplos? "Two sides of the moon", 1974, de Keith Moon, "Peter Criss", 1978, de Peter Criss, "Fun in Space", 1981, de Roger Taylor e "Herman Ze German",1986, de Herman Harebell, não figuram entre os favoritos de qualquer fã de THE WHO, KISS, QUEEN e SCORPIONS, respectivamente. Esses não são casos isolados. Pergunte aos fanáticos de FLETWOOD MAC, THE BEATLES, EAGLES etc. Levando em consideração os números, essa reportagem foi ouvir com receio a aventura solo do responsável pelo SAVANNAH.... mas, que surpresa mais agradável! O líder da banda que mais lançou demos-tapes na história do underground nacional soube mais uma vez se reinventar e produzir um disco que beira a perfeição e que explora elementos novos em sua carreira, sem perder a identidade.




SPADES VANDAL luta desde 1995 para manter o SAVANNAH, um dos raros grupos de Hard Rock Glam no Brasil. Surgido numa época que foi como um purgatório para quem curte o Metal dos anos 1980, Spades é vocalista e quando precisava assumia o baixo, a guitarra e a bateria para manter sua banda na estrada. Quando decidiu sair em carreira solo, optou por manter o posto de vocalista e ainda mandar ver na bateria e incluir muitos instrumentos de percussão para deixar o som bem cheio. Seu primeiro disco solo, que é um projeto de estúdio (primeiramente), soa como se fosse o BARÃO VERMELHO de 1990 a 1995, época mais rocker do grupo carioca, tocando um som mais Heavy Metal amalgamado com Sleazy Glam. Em suma, um Rock 'n' Roll antifascista com muito liberdade, libertinagem e sexualidade na mesma tradição do TIGERTAILZ e outros nomes do estilo.

Ousado, mágico, lascivo e contagiante, "Spades Vandal", o disco, tem também muita influência de HANOI ROCKS, por usar e abusar também de metais (saxofone), instrumentos de sopro (gaita, flauta) e pianos. Ainda que não seja absolutamente novo, esse recurso nunca foi muito explorado no Rock pesado, então a presença especial do lendário King Jim (Ricardo Cordeiro) no disco deixa o som de Spades com uma carinha até de GAROTOS DA RUA; clássica banda do Rock BR anos 80 do Rio Grande do Sul. Gravado no formato power-trio, acompanham o vocalista, baterista e percursionista, o ótimo baixista Lee Willis (da excelente banda RÉUS ANJOS) e o guitarrista Lucky Trance; que expandiu os limites com fraseados e solos à la VAN HALEN. As letras (e atitudes básicas) são todas de Spades, com a composição musical creditada aos três.



A dupla "A Chance to Change" e "PA After midnight" (uma homenagem a Porto Alegre, de onde Spades é), que abre o trabalho, não são as faixas mais legais, mas já explicitam o que esperar do disco. O destaque vem com "I Cannot go Back" que se por um momento soa até aqui como o SAVANNAH com percussão e saxofone e flautas tem um interlúdio reggae na melhor tradição "D'ye Maker" do LED ZEPPELIN. "Looking for a Lover" vêm com o solo de guitarra mais inspirado, mas em nada perde para "Let's Start a Revolution" com seu refrão de destaque no play. Portadora da linha de baixo mais presença, "I Don't Want to Hurt You" é a baladaça do álbum. Inclusive, o SAVANNAH sempre foi notório por excelentes baladas. Muita influência de TUFF e PRETTY BOY FLOYD seguem em "Non Stop Lady" e "Not Good Enought" com seu inusitado solo de flauta, ao invés do de guitarra no meio do tema. O encerramento é com "You're Not the Owner of My Heart" em que Spades explorou linhas alternativas de vocal e que, na opinião dessa reportagem, as percussões ficaram mais precisas.

O único defeito do CD, em sua proposta de unir os anos oitenta com percussão e metais, é que ele foi feito por três pessoas e se precisariam de, pelo menos, seis musicistas no palco para ser executado. Um fato inusitado, e que carece de respostas, é o fato do baterista e vocalista Spades Vandal estar em TODAS as fotos promocionais mexendo em seus óculos ray-ban espelhado de aviador. Seria uma magia ou superstição para o disco "dar certo"?? Só sabemos dizer que funcionou!



Um disco rápido, de músicas que variam entre 3 e 4 minutos, e não enjoa ao ouvir. "Spades Vandal", em suma, mantém a estética, a afinação e os timbers dos anos 1980 e inova ao focar nas percussões e instrumentos de sopro; que, não obstante não serem uma novidade, foram pouco explorados nesse gênero musical.

Recomendado para fãs de: GUEPPARDO, RÉUS ANJOS, ROSA TATTOOADA, SAVANNAH, HANOI ROCKS.

"Spades Vandal" vem em CD prensado em mídia prateada, ou seja, original, caixa de acrílico com impressão na bandeja e encarte de oito páginas com dados técnicos, textos de Marcos Gurgel e Sebastian Carsin (em português) e muitas fotos; inclusive aquela miscelânea tão comum às bandas de Thrash Metal.

Quem quiser comprar o CD pode contatar o próprio SPADES VANDAL pelos links relacionados. Quem disser que veio comprar o disco após ler a resenha no ROCK DISSIDENTE ou no WHIPLASH paga somente R$ 20,00 com frete incluso para todo o Brasil.


SPADES VANDAL:

Spades Vandal - vocal, percussão e bateria.
Lucky Trance - guitarra.
Lee Willis - baixo, backing vocals, gaita e piano.

Participações:

Saxofone - King Jim (Ricardo Cordeiro do GAROTOS DA RUA) .
Flauta - LF Abruzzy.
Backing vocals e vocal principal na segunda estrofe da faixa 8 - Cristian CJ.
Percussões adicionais - Andy Crash.

Discografia:

Spades Vandal (Full Length, cd, 2019).

Obs.: para ver a discografia do SAVANNAH acesse esse link:
http://rockdissidente.blogspot.com/2019/12/savannah.html



Spades Vandal - 2019 - Nacional - Trepada Records - Hurricane Records - 31'.

01 . A Chance to Change (02:44)
02 . P.A. After Midnight (03:55)
03 . I Cannot Go Back (03:56)
04 . Looking for a Lover (03:14)
05 . Let's Start a Revolution (03:28)
06 . I don't Want to Hurt You (03:54)
07 . Not Good Enough (03:02)
08 . Non Stop Lady (02:57)
09 . You're Not the Owner of My Heart (04:06)

Links Relacionados:

https://www.facebook.com/Spadesvandal/
https://www.facebook.com/spades.vandalband.3
https://www.youtube.com/channel/UCctbkr9mPDBTrcJo5_Lc4zQ

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terça-feira, março 31, 2020

FÖXX SALEMA: o primeiro disco solo de uma mulher trans no Metal brasileiro!


RESENHA: Rebel Hearts - FÖXX SALEMA.
NOTA: 9,0.

Sétimo lugar na votação dos leitores da revista Roadie Crew como disco do ano em 2019, "Rebel Hearts" debut de FÖXX SALEMA, é um álbum que chega rompendo paradigmas e preconceitos. Sabe aquela ideia arraigada na sociedade que música composta por LGBT tem que ser dançante e alegre como Britney Spears? Ou que no Rock'n'Roll as roupas coloridas do KISS nos discos "Asylum" e "Animalize", ou o Hair Metal em geral, são os mais LGBT que se pode ter no underground? Pois esqueça! "Rebel Hearts" é um disco pesado de Heavy Metal, de arte toda escura, tratando de temas densos e sombrios; além de ser o primeiro disco solo de uma mulher trans no Metal brasileiro!




Vinda de Bragança Paulista, interior do Estado de São Paulo, quase na divisa com Minas Gerais, Amy "Föxx" Salema é cantora e compositora com mais de 23 anos de carreira. Ela reside com seu marido, o tecladista Cleber, desde 2018 na região metropolitana de Belo Horizonte, capital de Minas Gerais. Foi só em 2013 que ela resolveu lançar suas composições próprias. À principio, esse trabalho que durou até 2016 era mais focado no Hard Rock, com influências das décadas de 1980 e começo da de 1990. Ela organizou festivais e se apresentou na sua cidade natal, São Paulo, Campinas e outras cidades. Sem uma banda, para "Rebel Hearts", seu debut, Amy apostou numa sonoridade clássica do Heavy Metal (com a adição de teclados); na maioria do tempo tradicional, mas às vezes flertando com o Power Metal e o Speed Metal.

Föxx Salema é uma mulher transgênera (que não fez a mudança fisiológica no corpo) e ativista de esquerda pelos direitos humanos e pelos direitos civis, com respeito às minorias e contra a disseminação do ódio. Sua identidade de gênero, sua orientação sexual e sua luta pela liberdade e por um mundo com justiça social não só prevalecem como dão o tom de sua música. Não é necessário ser de esquerda ou LGBT+ para curtir o som da musicista, mas é preciso ter mente aberta e livre de preconceitos para compreender e aceitar a mensagem passada.




Heavy Metal não é música de relaxamento, é a vida de todos nós que amamos esse gênero musical. Por isso, ao se curtir os 25 minutos do disco "Rebel Hearts" você ouvirá de muito das lutas e percalços que a cantora FÖXX SALEMA passou refletidos no Heavy Metal. Longe de ser estritamente auto-biográfico mas cantando de maneira a ser interpretado pelo ouvinte, o CD que abre com intro muito rápida de batidas do coração da própria cantora, começa com a faixa título, "Rebel Hearts"; de refrão grudento e abusando no bumbo duplo e intrincada linha de baixo. Destaque absoluto do trabalho, "Vengeance Will Come" tem uma parte gutural no refrão muito legal de se cantar. Mais cadenciada que a anterior, a canção acelera no andamento para os refrães e tem o solo de guitarra mais inspirado de Karine Campanille. Falando em solos de guitarra, "I", tem uma estrutura bem interessante e com muitos solos entre as linhas vocais. Também é o tema que o refrão mais repete, mas isso sem se tornar chato.



Começando como uma balada triste e de letra tensa, "Emotional Rain" se transforma, após o refrão em um tema pesado e a letra se torna positiva, conversando com a parte balada e triste da canção. Já arrancando com os dois pés no peito, "Subconscious" tem o andamento de bateria mais entusiasmado do disco. Fazendo um adendo, merece destaque o trampo dos musicistas de estúdio Alessandro Kelvin, na bateria, e a multi-instrumentista Karine Campanille, atualmente nas bandas MAU SANGUE, KULTIST, MESSIAS EMPALADO e VIOLENCE INCREASES FEAR. Também uma mulher transexual, Karine cuidou com o mesmo esmero do baixo, da guitarra e dos teclados em "Rebel Hearts". E já que citamos o teclado, "Mankind" tem nas teclas seu destaque. Isso claro, sem contar a letra focada na "desinformation age", nos levando a pensar nas "fake news", no Brasil de sistema judiciário comprado e a superficialidade de programas como Big Brother. Um relançamento, "Constant Figh", uma regravação e não um "bônus", tem aquele baixo bem empolgante para vociferar sua crítica social.



Com uma introdução rápida, uma regravação e seis faixas inéditas, "Rebel Hearts" é um disco cuja audição passa rápido, que pode ser ouvido muitas vezes sem enjoar. A produção do disco é bem limpa e os instrumentos poderiam ter ficado um pouco mais pesados sem sobreporem na mixagem final, todavia, esse é um disco gravado e financiado de maneira 100% independente, além de ser a primeira investida solo de FÖXX SALEMA.

Os saudosistas dos anos 1980, vão adorar esse feeling passadista, mas talvez falte um pouco de "punch" para as gerações mais novas. Todavia, o que importa, é que esse é um disco incisivo e forte, cuja aspereza é energizada pelo carisma e personalidade do coração revolucionário da artista, que vem em trovejando em tempestade emocional!

"Rebel Hearts" vem em cd original de mídia prensada, caixa no formato digipack e e encarte de oito páginas com a arte toda trabalhada em preto com todas as letras, ficha técnica e fotos da cantora.


Recomendado para os fãs de: GARCIA & GARCIA, HAMMER (a banda inglesa), SAVATAGE (antigo), PINK CREAM 69, VIPER (com André Matos), HELLOWEEN, ANGRA (com André Matos) etc.


FÖXX SALEMA: 

Amy "Föxx" Salema - Vocal (principal, backings e coral).
Karine Campanille - Guitarra, Baixo e Teclado.
Alessandro Kelvin - Bateria.

Para shows ao vivo a formação da banda, além da vocalista é:

Cleber Magalhães - Teclado.
Tonny Lessa - Baixo.
Rafael Costa - Bateria.
Augusto Oliveira - Guitarra.

Discografia:

Constant Fight (Single, digital, 2013).
Mankind (Raw Version) (Single, digital, 2018).
Rebel Hearts (Full Length, cd, digipak, 2019).




Rebel Hearts - 2019 - Nacional - Independente - 25'44''.

01 . Vulpine Beat (00:07)
02 . Rebel Hearts  (02:58)
03 . Vengeance Will Come (02:51)
04 . I (04:21)
05 . Emotional Rain (03:45)
06 . Subconscious (03:43)
07 . Mankind (04:31)
08 . Constant Fight (2018 Version) (03:28)

Onde comprar ou escutar on-line:

O álbum em si pode ser ouvido em inúmeros serviços de streaming, dentre eles, o Spotify:
https://play.spotify.com/artist/06EOtnrrNL7gG4lhwP9Jtj

O está sendo vendido tanto na loja física quanto no site da
Die Hard (http://bit.ly/2tSub5o) na Galeria do Rock em São Paulo, no Rio Grande do Sul através da Som de Peso (http://bit.ly/38Q4b9m) e em Minas Gerais pela Punho Cerrado Distro (www.facebook.com/restoyo82) e pela Kaotic Records (www.facebook.com/kaoticrecordsbh).

Links relacionados:

http://www.foxxsalema.com.br
http://www.youtube.com/FoxxSalema
https://www.facebook.com/FoxxSalema
http://www.instagram.com/FoxxSalema
http://www.twitter.com/FoxxSalema
https://vimeo.com/FoxxSalema

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terça-feira, dezembro 03, 2019

Savannah: banda campeã em lançar fitas demo no Brasil tem discografia relançada!


Resenha: SAVANNAH - os 16 registros fonográficos.
Nota: 10,00.

Eram finais de anos 1990 e o Hard Rock e o Glam, que haviam sumido do mainstream no começo da década, estavam esquecidos no underground. Foi também justamente a época em que as duas principais bandas do Rio Grande do Sul, dentro de seus estilos, o ROSA TATTOOADA, no Hard Rock e o LEVIAETHAN, no Thrash Metal, estavam inativas. Nesse contexto, parecia inimaginável que gaúchos que pareciam saídos do clipe de "Tears are Falling", de 1987, do KISS, apareciam repetidamente nas páginas da Rock Brigade e outros zines de tempos em tempos lançando fitas K7 no formato demo e tocando música que soava como os anos 1980! Acompanhe essa resenha biográfica e conheça a história a e luta de 23 anos de carreira underground do SAVANNAH, que teve sua discografia inteira resgatada e está disponível à venda!


Spades, French e Frab em 1997

Se nos anos 2010 é comum ver bandas de Metal e Hard descaradamente oitentistas, na década de 1990, tudo que vinha dos oitenta era hostilizado por isso. "Anacrônico, oitentista e underground"; esse é o SAVANNAH. Todavia, se engana quem pensa que a banda seguiu esses 23 com roupas e sonoridade no mesmo estilo da primeira (heroica) fase das demos em fita cassete. O SAVANNAH passou pelo Sleaze, pelo Hard, pelo Heavy Metal, pelo Hard 'n' Heavy, sempre mantido pelo vocalista e multi-instrumentista Spades.



De letras mais fofinhas às de crítica social, das músicas em inglês e em português. Todavia, sempre uma grande e duradoura inspiração no som e na postura underground; com o visual às vezes mais, às vezes menos espalhafatoso.



Todos os registros do Savannah foram relançados pelo selo "Som de Peso" (link ao final da matéria). Ao todo são dez cdr's impressos em formato envelope que contabilizam os 16 registros fonográficos do grupo gaúcho liderado pelo vocalista (e ás vezes baixista, guitarrista e baterista) Spades Vandall. Muitos desses discos só existiam em fitas K7 e outros estão sendo relançados pela primeira vez em CD. Apenas o primeiro volume, das duas primeiras demos, possui faixas bônus. Infelizmente, os discos não tem encarte ou resgate do material gráfico, agradecimentos etc da época; todavia constam as informações de composição / gravação completas.  Até a demo de 2007, capa volume inclui duas demos em um cd, doravante é um disco completo por cd. Ainda que até  2002 os discos venham de gravações em fita, a masterização foi muito bem feita e não se perde muita qualidade em comparação aos registros posteriores. As exceções são as demos "Open Wide..." e "In defense..." cuja produção da época não ficou tão legal.



Banda que durante bom tempo teve a faixa de abertura coincidindo com a faixa título (ou quase), ouvindo os relançamentos da Som de Peso é fácil de notar que o SAVANNAH passou por diversas fases durante a carreira.



A primeira está representada nos volumes 1 e 2 dos relançamentos e são a fase inicial do SAVANNAH com o membro fundador Frab nas guitarras. Melhor guitarrista que já passou pela banda, Frab faz solos sensacionais e, não obstante o visual mais  ENUFF Z'NUFF, seus riffs de guitarra tem muito metal tradicional na linha ACCEPT ou do RATT dos primeiros discos. Nessa época, as composições, que mais tarde seriam a maioria de Spades, são divididas com o guitarrista.Cambiando de baterista a cada registro, French esteve no baixo até a terceira demo. Nessa época também surgem excelentes baladas e se nota aqui e acolá uma desafinada do vocalista.



Na última demo desse ciclo, a quarta, o grupo gravou pela primeira vez uma canção em português, um cover do ROSA TATTOOADA com participação do próprio Jacques Maciel.



"Looking for a Thrill", já sem Frab nas guitarras, marcou uma transição do grupo do Hard 'n' Heavy para um som mais Sleazy Glam, com nítidas influências de PRETTY BOY FLOYD, TUFF, SLEEZE BEES, L.A. GUNS, POISON e FASTER PUSSYCAT. Ainda que estivéssemos já nos anos 2000, o SAVANNAH estava fazendo o som nitidamente de 1989!!! Essa sonoridade se concretizou na demo "P.A. Glam".



Seguindo essa sonoridade, entram na banda Luly, Puff e Glimm, que ficariam com Spades pelas 04 demos seguintes. Além do som mais "punkiado hard rock", seguem as excelentes baladas e o SAVANNAH passa a tocar exclusivamente em português. Esse foi o SAVANNAH mais clássico, com músicas mais despretensiosas falando de amor, sexo e amenidades; porém sempre com qualidade.



"Caçador da Madrugada", muito influenciada por MÖTLEY CRÜE, "Tesão" e as faixas títulos das demos "Rebeldes, Renegados, Perdidos e Degenerados" e "Vivendo Rápido para Morrer Cedo" geraram clássicos da banda, assim como a balada "Você se Foi". Com "Submundo", muda-se o baixista, perde-se a estabilidade na formação e banda encontra o peso do Heavy Metal e de letras mais críticas às mazelas sociais. Com Spades dominando as composições, o visual fica mais focado no Dark. Segue-se o trabalho "Inverso-Reverso", na mesma pegada de Metal tradicional cantado em português.



Em 2006, o SAVANNAH completava 10 anos de banda e lançava a demo "Disciplina", que novamente é uma ponte para a "fase seguinte" do grupo. As letras ainda são em português, mas o som está modernizado, com guitarras soando industriais, estilo NINE INCH NAILS, MARILYN MANSON, MINISTRY e até W.A.S.P do "Kill Fuck Die" e com bateria de bumbo duplo. As letras niilistas são cantadas com efeitos e distorções.



"Hell is Here", a demo de 2007, consolidou então a terceira fase do SAVANNAH: Metal mais moderno, um pouco como ALICE COOPER em "Brutal Planet", e letras em inglês. Agora Spades gravou baixo e guitarra com o musicista de estúdio Oreja que também cedeu o estúdio para gravação. Já sem formação, o SAVANNAH se torna a banda de um homem só, de Spades e já era hora de se lançar um debut full-lenght, não?



Após 12 demos (!!!!) o conjunto de Spades solta "Underworld-Underground". Registro mais pesado e sombrio da carreira do SAVANNAH, esse disco de 2009 é também o favorito de Spades. Não é para menos. Lutty, da fase mais Glam, volta para as guitarras e ajuda nas composições que seguem cada vez mais maduras no instrumental (com destaque para a intro "Down") e poéticas e críticas nas letras indo a fundo na escuridão da natureza humana.



Das baladas e blues que há muito haviam sumido, temos em substituição som para bater cabeça e abrir roda. Spades passa a desenvolver e dominar um estilo vocal mais seu, agudo e rasgado e sujo quando o som precisa. A evolução natural do SAVANNAH chega a assustar e pode ser que quem é fã ferrenho dos discos mais Hard e Glam pode considerar a "Underwolrd - Underground" mais moderno e pesado demais, mas o fato é que nesse disco estão os melhores solos e riffs de Luty e nata condensada do que o SAVANNAH é; um equilíbrio entre o oitentista e moderadamente moderno.



"A New Way to Live" tirou do SAVANNAH a alcunha de banda de um homem só e o conjunto voltou a ter estabilidade na sua formação com a volta de Frab nas guitarras e a chegada do baixista Wagg. O rock pesado continuou no Heavy Metal moderno com letras em inglês. Todavia, qual luz no fim da escadaria, os sons perderam um pouco o ar "dark". Nesse lançamento o visual Glam do começo de carreira, que havia se tornado Dark Glam em "Underworld-Underground", passa a ser o contemporâneo e descolado Hard Rock do "camisetão"



Com uma velha guitarra e seu velho guitarrista arrasando nos licks, leads, riffs e solos, o ano de 2015 trouxe "Do What You Wanna Do". O SAVANNAH continuou o trabalho dos discos anteriores, porém mais tradicional e mais Hard 'n' Heavy. Sem efeitos modernos e afinações mirabolantes, mas com muita competência e composições maduras. Certamente, um dos melhores discos, se não o melhor, e o que mais agrega fãs de todas as fases anteriores.



Após 20 anos seguidos de batalha, lançando quase que um disco por ano, a carreira do grupo foi celebrada a coletânea "The Last Twenty Years". Com 20 faixas, infelizmente, não coube espaço para músicas de todos os discos, e qualidade das gravações que vai variando ao longo das rotações do CD. Mas a coletânea não é só recordação, já que ela abre e fecha com sons novos. "Don't Give My Dreams"  e "Taste your Body", que é mais legal, são muito bem gravadas e soam como uma transição entre os primeiros trabalhos e os últimos.



É vitoriosa uma carreira que ganhou muito dinheiro e reconhecimento da mídia? Ou ganha mesmo quem consegue se sustentar por anos e anos no underground sem apoio, sem grande mídia, mas com o reconhecimento do valor cultural? Acreditamos na segunda opção. O SAVANNAH por sua heróica carreira de 12 demos e 4 discos lançados tinha status de banda cult entre os headbangers, hards e rockers brasileiros. Com os relançamento da Som de Peso, o que era Cult pode passar a ser não só reconhecido, mas ter suas músicas conhecidas e passar a ser lenda. Vida longa a lenda do SAVANNAH!

BÔNUS: para o ano de 2019 o vocalista SPADES VANDAL se lançou como artista solo lançando um disco auto-intitulado mais ou menos na mesma linha do começo de carreira do SAVANNAH.... e o visual espalhafatoso voltou com tudo!!



Sites relacionados:

http://www.fb.com/somdepeso/
(51) 9 8925 - 1387

http://www.facebook.com/Savannah-Hard-Rock/
https://www.youtube.com/channel/UCctbkr9mPDBTrcJo5_Lc4zQ/

DISCOGRAFIA:



Savannah (1998)

01 . Sex Dirty (03:28)
02 .  Looking For Some Action (03:33)
03 .  Hungry For Your Love (04:48)
04 .  Night After Night (04:24)

Spades - Vocal
Frab- Guitarra
French - Baixo



Open Wide and Look Inside (1998)

01 . Open Wide and Look Inside (03:58)
02 . Woman In Disguise (04:20)
03 . Tearin' Down The Walls (05:31)

Bônus (gravadas ao vivo em 1996):

08 . Stat Attraction (02:31) *
09 . Hollywood Killers (03:52) *
10 . Nigh After Night (04:59)

(*) Cover do TIGERTAILZ

Spades - Vocal
Frab- Guitarra
French - Baixo
Baterista convidado - Bunny





In Defense Of... (1999)

01 .  She's Too Hot Tonight  (05:27)
02 . Little Beauty Seventeen (04:25)
03 . Hot Love  (04:10)
04 . I Can't Wait (05:47)
05 . Time Will Tell (03:39)

Spades - Vocal
Frab - Guitarra
Frenchy - Bass
Raff - Bateria



Back for the Night (2000)

01 . She's Mine (03:46)
02 . Back for the Night (03:47)
03 . Don't Wanna (Cry No More) (05:35)
04 . Scrach Me (03:32)
05 . Voltando para Casa (03:40) (Cover do ROSA TATTOOADA)

Spades -Bateria e Vocal
Frabs - Guitarra e Baixo
Jacques Maciel (ROSA TATTOOADA) - voz em "Voltando para Casa".



Looking for a Thrill (2001).

01 . No Compromisse (03:29)
02 . Looking for a Thrill (03:51)
03 . I Forget to Remember (To Forget You) (03:38)

Spades - Vocal e Baixo
Dada - Guitarra
Freak - Bateria



P.A. Glam (2002)

01 . Posso Olhar, mas não posso tocar (04:01)
02 . Hora do Amor (03:46)
06 . Ninfomaníaca (03:24)

Spades - Vocal
Luly - Guitarra
Puff -Baixo
Glimm - Bateria




Vivendo Rápido para Morrer Cedo (2002)

01. Noites loucas (03:29)
02 . Doce Tormento (04:11)
03 . Mentiras de Amor (03:29)
04 . Garota Bomba (04:07)
05 . Você se Foi (02:41)

Spades - Vocal
Luly - Guitarra
Puff -Baixo
Glimm - Bateria


Rebeldes, Renegados, Perdidos e Degenerados (2003)

01 . Rebeldes, Renegados, Perdidos e Degenerados (02:40)
02 . Alô! (02:48)
03 . Não Diz que Não (03:13)
04 . Caçador da Madrugada (04:47)
05 . Tesão (03:05)

Spades - Vocal
Luly - Guitarra
Puff -Baixo
Glimm - Bateria



Submundo (2004)

01 . Submundo (Intro) (00:36)
02 . Caminho sem Volta (04:09)
03 . Doce Lar Submundo (03:36)
04 . Linhas Brancas (04:02)
05 . A Morte Chama (03:40)
06 . Minha Cruz (03:40)

Spades Vandal - Vocal e Percurssão
Luty Raggen - Guitarra
CJ - Baixo e Vocal
Glimm Xotter - Bateria



Inverso - Reverso (2005)

01 . Reverso - Inverso (00:44)
02 . Liberte sua Mente (03:59)
03 . Levantando da Sarjeta (05:05)
04 . Embaixo da Terra (04:41)
05 . Empurrando Pedra com a Barriga (02:21)
06 . Vida Desperdiçada (03:32)

Spades Vandal - Vocal e Percurssão
Luty Raggen - Guitarra
CJ - Baixo, Guitarra Solo e Vocal
Glimm Xotter - Bateria
Participação especial - Meleu (R.I.P.) na faixa "Empurrando Pedra com a Barriga".



Disciplina (2006).

01 . Umbral (intro) (02:36)
02 . Aqui se faz, aqui se paga (02:52)
03 . Liberdade (02:40)
04 . Fim dos dias (03:17)
06 . Disciplina (intro) (00:57)
07 . Ver para Crer (02:33)

Spades - Vocal, baixo e guitarra
CJ - guitarra
Oreja - Bateria



Hell is Here (2007).

01 . Last Breath (Introdução) (01:27)
02 . Human Race: The World's Cancer (04:49)
03 . Woman and Drinks (03:33)
04 . Jump in the Void (03:19)
05 . Survive in Hell (02:35)

Spades - Vocal, guitarra e baixo
Oreja - Bateria



Underworld Underground (2009)

01 . Rise from the Gutter (04:45)
02 . No Submission (03:38)
03 . Just to Believe (04:13)
04 . Smobody's falling (05:19)
05 . Running from the Wicked (04:43)
06 . Down (01:33)
07 . My Dark Side (03:41)
08 . Under - Under (04:31)
09 . To Hell and no Return (03:31)

Spades - Vocals
Lutty - Guitarras
Jon "TM" - Guitarras
Bareh - Baixo
Paul Paul - bateria




A New Way to Live (2012)

01 . Die For Freedom (03:03)
02 . Nothing Left To Say (04:55)
03 . Out Of Control (03:10)
04 . A New Way To Live (03:07)
05 . Release My Soul (04:10)
06 . I Was Born (To Live Alone) (03:30)
07 . Don't Follow My Way (03:49)
08 . Living In The Past Time (03:07)

Spades - Voz
Frab - Guitarra
Wagg- Baixo
Raff - Bateria



Do What you Wanna Do (2015)

01 . Free Life (03:56)
02 . Call of the Streets (03:16)
03 . No Way Out (02:58)
04 . Fire (03:17)
05 . We got the Power (04:04)
06 . Remember the Avenue (04:08)
07 . Do What You Wanna Do (04:50)
08 . Never Give Up (04:25)

Spades - Voz
Frab - Guitarra
Wagg- Baixo
Paul - Bateria



The Last Tweenty Years (2018)

01 . Don't Give Up My Dreams (04:06)
02 . Die For Freedom (03:03)
03 . Free Life (03:56)
04 . Sex Dirty (03:28)
05 . Doce Lar Submundo (03:36)
06 . Back for the Night (03:47)
07 . Doce Tormento (04:11
08 . Out Of Control (03:10)
09 . Just to Believe (04:13)
10 . Looking For Some Action (03:33)
11 . Remember the Avenue (04:08)
12 . Underworld Underground (04:31)
13 . Open Wide and Look Inside (03:58)
14 . I Was Born (To Live Alone) (03:30)
15 . Caminho sem Volta (04:09)
16 . Woman In Disguise (04:20)
17 . Looking for a Thrill
18 .  Scrach Me (03:32)
19 . Rebeldes, Renegados, Perdidos e Degenerados (02:40)
20 . Taste Your Body (03:56)
Total: 77 minutos.

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quarta-feira, novembro 06, 2019

Comando Etílico: um disco maldito que atrasou anos, mas valeu a espera.

RESENHA: Heavy Metal Réu - COMANDO ETÍLICO.
NOTA: 10,0.

Você está pronta ou pronto para ser infectada ou infectado pelo Metal? Pois essa é a proposta do COMANDO ETÍLICO em "Heavy Metal Réu" (lesse Heavy Metal Hell), seu segundo trabalho completo. Esse disco marca 09 de ausência em relação ao debut auto-intitulado e já estava composto e gravado há 04 anos; porém por um erro de estúdio teve de ser inteiramente refeito! Ainda que tal "sorte no azar" seja rara, já acometeu, pelo menos, a dois pioneiros dos anos 1980 no Metal do Brasil: PLATINA e TROPA DE SHOCK. Siga nossa resenha e confira que tal qual um conhaque que ficou armazenado em barris de carvalho, a nova dose na adega etílica do COMANDO vem descendo queimando a garganta e botando VOCÊ para bater cabeça. Mesmo após 666 anos de espera, o Hell não decepciona!!!!




O COMANDO ETÍLICO é uma banda de Metal cantando em português que se proclama "resistência contemporânea à moda antiga"; ou seja, mantém vivo na atualidade o som e o visual dos anos 1980 no nosso estilo de som blasfemo, pesado e maldito. Por isso entendemos uma forma criativa de tocar Metal como nos anos 1980, com todos seus clichês, mas com o poder da produção moderna, sem se render a modismos.  Caso essa descrição não o agrade nem precisa terminar de ler a resenha, mas caso você fique curioso ao ver o vídeo, sacar o texto e as músicas, seja bem-vindo a um som que mescla Heavy com Thrash, principalmente, além de pitadas de Power e até Doom com letras falando do capeta, do Mal, de beber e de histórias épicas.




Com 43 minutos de duração, o Cd é produzido por Nilson Eloy (também o modelo de capa) do grupo de Rock Progressivo nordestino HARDWIND, que dividiu os trabalhos técnicos com Fernando Rebouças. Se o time laboral segue quase o mesmo dos trampos anteriores, o disco começa com uma faixa de introdução - algo novo para a banda. "A Queda do Martelo" não é instrumental, ainda que não tenha letra. Parece a "Anthares" do ANTHARES ou a "Transgressão" do VINGANÇA SUPREMA, no sentido de ser mais leve e prenunciar a porradaria. "Jonny Letal", que já havia sido liberada como single há anos, é aquela canção que nos deixa em dúvida se o COMANDO é um Heavy muito rápido e agressivo ou um Thrash por demais rebuscado. "Sacrificar" e "Vomitar" (em que a banda faz concursos de Vômitos no shows) corroboram com essa dúvida; o baixo galopante de David Praxedes é perfeito para os mosh pitts e stage divings. "Estação Antiga", que é do primeiro EP, mas foi regravada e virou clipe, também tem essa levada Thrash, ainda que com o refrão contrastando no dedilhado de guitarra com o bumbo duplo. Inclusive, a bateria de Kleber Barbosa é um dos destaques do disco, pois seja em andamentos rápidos ou cadenciados, o batera consegue encher o som com suas levadas inventivas. Logo no comecinho da audição do álbum se destaca também Hervall Padilha. Ele não só canta muito bem dominando os graves e agudos (sem ser apelativo), mas escreve letras preocupação estética e literária, o que é bem incomum no Heavy e no Thrash brasucas.



Estamos falando muito em Thrash, mas o COMANDO ETÍLICO não é exatamente uma banda de Thrash. Tanto que a faixa título (que tem o solo de guitarra mais notório do sempre inspirado Lucas Praxedes), "Maldição" (com sua introdução de bateria) e "A Gangue das Correntes" (cujo solo de guitarra é mais à la Ace Frehley do KISS) são bem JUDAS PRIEST ou ACCEPT entre 1982-84. Mas ainda assim, são temas que rolam de ficar no pogo durantes os shows. Importante frisar, para você que está reparando nos títulos dos temas, que esses números tem letras tratando do Mal e blasfêmias, que certamente vão incomodar ouvintes mais caretas e apegados à moral judaico-cristã.

Um dos destaques do play é certamente "Infectado pelo Metal", com seus riffs e andamentos mais voltados ao Speed Metal e a linha de vocal mais bacana do atual trabalho. Rolam até uns "Ah, Ah Ah" no solo que ficará muito legal ao vivo, ainda mais pelo trampo massa de bumbo duplo.

"Atlântida" é o que poderíamos chamar de Heavy Metal Progressivo,  SEM aquela coisa de progressivo com tempos quebrados à la DREAM THEATER. É uma novidade na carreira do COMANDO, pois tem uma andamento Speed / Power Metal que vira um Thrash no estilo MURO, da Espanha, que vai cair numa sequencia Doom Metal que agradará até os fãs de CANDLEMASS! Após o solo de guitarra, "Atlântida" entra num interlúdio de notas agudas no baixo, até mais cadenciado e lento que na introdução do play, parecendo até que vai parar a canção voltando à selvageria do riff inicial. É a canção mais comprida do disco e da carreira do grupo e vale cada segundo.

O terceiro destaque também tem a ver com Doom Metal, o tema "O Pacto". Essa música tem o refrão mais legal e criativo do disco, repetindo normal na primeira audição e na segunda com os background vocals. É outra candidata à campeã dos vindouros concertos.




"Meia-Noite, seis-seis-seis, ao réu condenação"! "Heavy Metal Réu" mostra que ainda que combalido e fatigado, o fígado do COMANDO ETÍLICO segue vivo, saudável e ainda aguentando muita cachaça. Com temas e produção mais sombria em relação aos trabalhos anteriores (já que aqui NÃO se encontram letras sobre festas). O tempo que Réu ficou engavetado não o tornou enlatado, burocrático ou fez soar como datado e requentando. Temos, pois, uma banda desenvolvendo sua identidade própria dentro de seus próprios ditames. Para quem curte Metal em português, em especial o tradicional, mas não tem preconceito com outros gêneros do som pesado e não ficará ofendido com as letras não-cristãs, "Heavy Metal Réu" soa tão bem e prazeroso como aquela cervejinha no começo de noite de um daqueles dias quentes como o inferno!

"Meia-noite, seis-seis-seis", ao réu absolvição, pois é um dos candidatos e melhor disco nacional desse ano. E você? Consegue dizer seu veredito desse "Heavy Metal Réu"?




"Heavy Metal Réu" vem em disco prensado prateado e caixinha de acrílico. O encarte possui 16 páginas com arte gráfica feita pelo próprio Hervall Padilha, com sua própria visão do que seria o inferno que está acorrentado o padre. O disco físico pode ser adquirido diretamente com a banda por meio de suas redes sociais, links ao final da resenha, e ouvido digitalmente (não que o Rock Dissidente recomende isso) nos links pelo texto.

Indicado para os fãs de: COMANDO NUCLEAR, FLAGELADOR, BATTALION, HARPAGO, DORSAL ATLÂNTICA etc.

COMANDO ETÍLICO:

Hervall Padilha (Pança) – Voz
Lucas Praxedes  (Boy)– Guitarra
David Praxedes  (Dallas)– Baixo
Kleber Barbosa (Binho) – Bateria

Discografia:

Metal e Prazer (EP, CD, 2007)
Comando Etílico (Full-lenght, CD, 2010)
Legado (Single, CD, Digital, 2011)
Amazônia Inferno Metal (participação em tributo, CD, 2013)
Jonny Letal (Single, Digital, 2015)
Heavy Metal Réu (Full-lenght, CD, 2019)

Heavy Metal Réu - 2019 - Nacional - Independente - 43:03.

01 . A Queda do Martelo (01:59)
02 . Jonny Letal (04:13)
03 . A Gangue das Correntes (03:39)
04 . Maldição (03:42)
05 . Infectado pelo Metal (04:11)
06 . Estação Antiga (02:58)
07 . Atlântida (06:16)
08 . Heavy Metal Réu (04:49)
09 . O Pacto (03:55)
10. Sacrificar (04:15)
11. Vomitar (02:59)





Sites relacionados:


https://www.facebook.com/bandacomandoetilico/
https://www.instagram.com/comandoetilico/
https://www.youtube.com/channel/UCDnZDODmhDQH9J04NWA9lHw/videos

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quinta-feira, outubro 24, 2019

Motörhead: Lemmy odiava os políticos conservadores dos EUA.


Há uma ideia generalizada que o ex-frontman do MOTÖRHEAD, Ian Fraser Kilmister, mais conhecido pelo apelido de Lemmy, era apolítico, apartidário e odiava todos os políticos por igual. Ainda que hajam enxertos e  pedaços de entrevistas que tendenciosamente dão a entender isso sendo amplamente divulgados pelo internet, é preciso lembrar que Lemmy mais comummente fazia campanha aberta contra o Partido Republicano do Estados Unidos, país onde o musicista britânico residiu de 1990 até falecer em 2015. Enquanto que quem propaga as ideias de "Lemmy odiava todos os políticos" o faz normalmente para defender a direita (o chamado "isentão"), quem conhece um pouco mais da vida do ex- HAWKWIND e fundador do MOTÖRHEAD vai perceber que ele era contrário ao partido simbolo do conservadorismo nos Estados Unidos.

https://www.tmz.com/2015/11/13/motorhead-lemmy-george-bush-phil-taylor/

Em artigo publicado pelo site TMZ em novembro de 2015, o frontman argumenta ao blog Classic Rock, que George Bush, ex-presidente dos EUA pelo Partido Republicano, é quem deveria ter falecido ao invés de Phil "Animal" Taylor, ex-baterista do MOTÖRHEAD. Além de devastado pela morte do companheiro Lemmy diz "eu realmente fico puto que Phil Taylor tenha falecido enquanto o George Bush continua vivo".



Fonte: TMZ.

Ainda que se posso argumentar que desejar a morte de um político de um partido não é o mesmo que defender seus opositores políticos, em outra entrevista, dessa vez publicada pelo site Blabbermouth.net/, Lemmy defende abertamente Barack Obama, do Partido Republicano, que foi duas vezes presidente dos EUA, vencendo nos pleitos de 2008 e 2012 justamente o Partido Republicano de George Bush e outros conservadores.

https://www.blabbermouth.net/news/mot-rhead-s-lemmy-there-are-no-bigger-bastards-than-the-republican-party/

Acompanhe esse trecho da entrevista conduzida em abril de 2010 por Sarah L. Myers, do site Stay Thirsty.

Myers: Como você se sente sobre o que está acontecendo na hoje na política dos Estados Unidos?

Lemmy: Bem, Obama deveria ter sido um pouco mais sutil antes de conseguir o conseguir o cargo, porque ele falou uma boa conversa, e agora ele não está realmente avançando. Acho que ele está tentando, posso dizer isso. Eu acho que ele está se esforçando muito, mas ele está sendo criticado pelos republicanos o tempo todo e isso é foda, você tá me entendendo? E ele não tem coragem de peitá-los. Ele deveria apenas arrumar a casa, entende. Eu não sei o quão desesperado ele vai ter que estar antes de fazê-lo. Mas será tarde demais se ele não o fizer logo.

Myers: As pessoas falam que é porque ele foi senador muito jovem e não tem o tipo certo de experiência.

Lemmy: Ele não tem a experiência de ser um filho da puta, e é isso mesmo, cê me entende? E esse que é a questão. Não existem maiores filhos da puta que os do Partido Republicano, você tá me entendendo?



Ressaltamos ainda a diferença entre ser apartidário (não se ater a partidos políticos ou ter preferência por eles) e apolítico (aquele que não se interessa por política ou por ela tem aversão), o que os depoimentos de Lemmy não demonstram que ele é. Lemmy se interessava sim pelas questões políticas do seu tempo, e inclusive defendia um lado, aquele contrário ao conservadorismo. O que se percebe é que Lemmy não era contra existirem políticos, mas sim contra os políticos de carreira, que estão no poder para ganhar o deles, defender quem os pagar mais e nada fazem de útil; o que existe em qualquer partido, notadamente nos conservadores.

Então, da próxima vez que lhe mostrarem um meme descontextualizado do Lemmy dizendo "todos os políticos são filhos da puta", lembre que ele já defendeu abertamente um "filho da puta" e disse que o partido político dos conservadores possui "os maiores filhos da puta de todos".

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Rock Dissidente agradece ao amigo ouvinte Fabrício Valle, guitarrista do RED RAZOR, pela contribuição com os links e a Martha Rangel Urbano, de Belo Horizonte, MG, e Victoria Romano, de Dublin, Irlanda.

quarta-feira, outubro 23, 2019

Krisiun: "os políticos mandaram os militares matar o povo chileno, que protesta por seus direitos".


Após Gary Holt e Mille Petrozza, guitarristas, respectivamente, do EXODUS e KREATOR, agora foi a vez de Max Kolesne, baterista do KRISIUN, se manifestar em favor do povo chileno. Ainda que o estadunidense e o teutônico gostem e amem o Chile eles não conseguiram ter uma noção unidade sul-americana em seus ótimos pronunciamentos, no que o brasileiro logrou êxito ao comparar os governos Piñera e Bolsonaro. Vale lembrar que ontem, no Brasil, foi aprovada uma reforma da previdência que torna a nossa forma de tratar o trabalhador muito semelhante a que levou o Chile a um verdadeiro colapso social. O musicista também foi muito lúcido a apontar o verdadeiro vilão dessa crises nas terras ao sul: o sistema burguês que compra políticos para servirem aos interesses do ricos, mesmo que isso traga vida miserável aos pobres, e se os pobres protestarem os poderosos se escondem atrás dos militares que enviam para matar os pobres!




Max Kolesne. Fonte: Facebook.

Confira o pronunciamento na integra e traduzido para o português por Willba Dissidente do Rock Dissidente:

"Meu apoio para meus irmão do Chile, vocês são os verdadeiros guerreiros.
Infelizmente, aqui no Brasil também vivemos sob a sombra da corrupção, ganancia, ignorância, racismo, políticos fascistas, eles são criminosos, mentirosos, assassinos, sanguessugas que estão abusando e explorando o ser humano, os trabalhadores, os pobres, as famílias, os idosos, os aposentados...

"Esses políticos não ligam para justiça social, educação, inclusão, igualdade, direitos iguais, distribuição de renda...

"Eles respeitam nada...

"Eles querem acabar com os direitos mínimos do povo de educação e a vida com o mínimo de dignidade.

"Eles só servem aos RICOS e a seus próprios interesses.

"E quando as pessoas protestam por seus direitos, essa corja se esconde atrás do seu ESQUADRÃO DE MORTES FORMADO POR MILITARES.

"Esses políticos são covardes, criminosos do pior tipo.

"Eu espero que o melhor aconteça e quero logo nós consigamos remover esses filhos da puta, pedaços de bosta do poder.

"Aguante Chile,
Aguante Brazil,
Aguante Sudamerica".




Link original:
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=2484445031876828&set=a.1529635264024481&type=3&theater

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terça-feira, outubro 22, 2019

Kreator: "os militares estão disparando, reprimindo e matando no Chile".


Mille Petrozza, guitarrista e vocalista do KREATOR, chama o Chile de sua segunda casa, tamanho é o seu carinho pelo país. Ele, que esteve em terra chilenas tem duas semanas, durante o festival "Santiago Gets Louder", enviou uma mensagem a seus seguidores que vivem fora do Chile, por meio de um storie de instagram, tratando da situação atual do país.



Intitulado "Tenham Cuidados nas Ruas, amigos do Chile", segue integralmente o que Mille escreveu.

"Gente de outros países, o Chile está em uma época crítica. Os militares estão nas ruas disparando, matando e reprimindo as pessoas. Por favor, compartilhem essas palavras, nossos canais de televisão estão bloqueados para o mundo, só sendo transmitidos aqui no Chile. Por favor, compartilhem essas palavras, o povo chileno precisa disso para que suas vozes sejam escutadas".




O Rock Dissidente está fazendo como você pediu, Mille.




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Tradução e adaptação do espanhol de Willba Dissidente de um artigo ao site PowerMetal.CL/ , com agradecimentos Mahh Zanateli, de Belo Horizonte, Minas Gerais.

http://www.powermetal.cl/mille-petrozza-de-kreator-cuidense-en-las-calles-amigos-de-chile/

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Exodus: "protestos no Chile são resposta à privatização de direitos básicos do ser humano".


Em meio aos protestos no Chile, cujo estopim foi aumento no custo do transporte público, a péssima resposta do autoritário governo e a repressão violenta das forças policiais, tem feito uma grande quantidade de artistas ao redor do mundo prestar seu apoio ao povo chileno. Gary Holt, guitarrista do EXODUS, que há pouco esteve tocando no Chile com o SLAYER, na despedida do Leyendas del Thrash, publicou uma mensagem em seu instagram, que a rede social retirou do ar, o que  não impediu que a apresentemos abaixo em português, em apoio aos manifestantes. Confira!


"Gente do mundo, a democracia no Chile está em crise. As pessoas tomaram as ruas em resposta após mais de 30 anos de privatização dos serviços básicos e direitos (educação, saúde, água, moradia e pensão), falta de segurança no trabalho, confabulações, roubos, a devastação ambiental da Terra etc. Tudo que é protegido pela constituição de 1980, escrita durante a ditadura Pinochet.  

"O governo de Sebastían Piñera ordenou ao exército e a polícia militar que saim às ruas e imponham um TOQUE DE RECOLHER, restringindo o transporte público, o direito de protestar e a livre movimentação dos cidadãos. Os meios de comunicação em massa mostram os protestos como um caos e culpam os manifestantes. Hoje, a população chilena se encontra nas ruas pedindo justiça social, com as famílias inteiras cansadas de serem abusadas.


Postagem original apagada pelo Instagram.
"Pedimos que o mundo expresse sua solidariedade ao Chile, e se oponha totalmente às medidas violentas do governo Piñera, que priva a população de seus direitos humanos básicos".


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Tradução da matéria do site Cuartel del Metal feita e adaptada por Willba Dissidente

https://www.cuarteldelmetal.com/2019/10/gary-holt-exodus-envia-mensaje-en-apoyo.html


quinta-feira, outubro 10, 2019

AGENDA DE SHOWS PARA OUTUBRO E NOVEMBRO - 2019



!!!! AGENDA DE SHOWS PARA OUTUBRO E NOVEMBRO - 2019 !!!






Lembrando que o cartaz acima faz referência SOMENTE à postura do ROCK DISSIDENTE de combate ao conservadorismo e fascismo no Metal / Rock. Nós somos contra todas as formas de discriminação, no undergound e fora dele, em especial o racismo, machismo e a homofobia.

Relembramos que essa é uma postura do ROCK DISSIDENTE enquanto programa de rádio e do Willba Dissidente enquanto artista, não refletindo necessariamente a postura dos eventos, seus públicos, equipe, demais artistas e organizadores.

Feita a ressalva, esperamos todas, todos e cada um de vocês em nossos próximos eventos!


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UNDERGROUND ANIMAL FEST # 02

Alfenas / Minas Gerais.
12/10/2019


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ANDRÉ MATOS TRIBUTO

São Paulo / SP.
13/10/2019

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CONVOCAÇÃO HEADBANGER # 02

Varginha / MG.
26/10/2019.


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Um Brinde no Inferno.

Alfenas/MG.
09/11/2019.

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COVERNATION # 08

Pedralva/MG.

16/11/2019.

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quinta-feira, agosto 29, 2019

Músicas pesadas sobre ser LGBT+ e contra a homofobia!

Ainda que seja um gênero mais lembrado por temas épicos, como dragões e castelos, ou históricos, por exemplo, a segunda guerra mundial, o Metal já produziu muitas canções cantando positivamente sobre não ser heterossexual ou cis gênero. Interessante notar que alguns desses temas foram compostos e gravados não quem faz parte da comunidade LGBTQI+, mas em homenagem aos fãs que o são, ou são composições contra a homofobia. De Rod Stewart a Napalm Death, passando pelo Glam, Punk e todos os gêneros no meio, o ROCK DISSIDENTE compilou e disponibilizou a playlist dessas canções.

Acompanhe no Spotify:



O objetivo, claro, é combater o preconceito e as discriminações existentes em nossa sociedade. Dando visibilidade, falando do assunto, mostrando que o Rock'n'Roll se importa e está do lado das minorias ajudamos a criar uma sociedade justa e plena. Dos anos 1970 para agora e além, cantando em inglês, português, espanhol e alemão e com representantes de todo o mundo, o Rock Pesado está do lado da liberdade e contra o preconceito!

A playlist também está disponível pelo youtube:




Fazemos a ressalva que alguns dos temas presentes no youtube não estão no spotify; e que nesse último muitas das canções mais antigas estão em versão remaster, remix e não nas originais. Rock'n'Roll, entendido em todos os seus gêneros é entreterimento e hedonismo, então divirta-se com um som com conteúdo humanista; pois quanto mais longe da caretice dos preconceitos, mais livre de verdade você é!




Guitarristas do RAMMSTEIN se beijando no palco na Rússia em 2019 como protesto contra a homofobia!

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terça-feira, agosto 20, 2019

Hellway Patrol: "ser humano é ser contra o Fascismo".


Vindos de Londrina, cidade no oeste paranaense apelidada pela burguesia de "Pequena Londres", o HELLWAY PATROL é uma banda tradicional de Metal que nada tem a ver com a mediocrasia. Power Trio por escolha própria e por vocação, os "pé vermelhos" quebram pescoços e paradigmas com os flagelos impostos à raça humana pela ganancia de uns poucos. Não obstante estar "começando", o conjunto é formado por três sobreviventes da fumaça tóxica do underground o que já os possibilitou registros fonográficos, turnês brasileiras, internacionais, participações de musicistas de diversas bandas (KIKO SHRED, WOSLOM, TORTURE SQUAD), um festival próprio e até uma coletânea. Tudo em prol do Metal Nacional, em especial a cena londrinense, e das ideias libertárias.

 Para explicar, ou macular, o momento que o HELLWAY PATROL está vivendo, o baixista, vocalista e membro-fundador do grupo, o irreverente Ricardo Pigatto, bateu um papo com Willba Dissidente do Rock Dissidente. Confira abaixo antes que a deformação causada pela intoxicação nuclear perturbe seus sentidos!



01 . Pigatto, aparentemente, o HELLWAY PATROL é um power-trio de Heavy-Thrash Metal com letras tratando de várias facetas do apocalipse nuclear. Aparentemente, pois você tem uma outra concepção para seu grupo. Poderia nos explicar?

Saudações Willba! É um prazer estar trocando essa idéia com você. Então, o HELLWAY PATROL é um trio de música obscura e pesada, influenciado por várias escolas do Metal e de fora do metal também. Os primeiras composições vieram de jams em cima de coisas feitas para projetos anteriores que nunca haviam sido usadas, a maioria realmente com pegadas as vezes Heavy e as vezes Thrash, mas acredito que som que realmente vai definir a banda ainda não foi lançado. Ainda estamos experimentando. A inspiração pra temática foi pós-apocalíptica, inspirado tanto pelo mundo de Mad Max como quanto desastres "naturais" provocados pela ganancia do homem. É uma faceta dos tempos sombrios que temos vivido e nos próximos lançamentos provavelmente abraçaremos mais temas além desses.

02 . Você começou a carreira no DOMINUS PRAELLI, grupo de True Metal e então partiu para o FABULOUS BANDITS, que é hibilly, e o TURBOZÏLLA, que é Hard Rock. Quais os motivos o fizeram voltar para o Metal com o HELLWAY PATROL? Era a hora certa?

Eu acho que a hora certa de fazer metal aconteceu há algumas décadas atrás! haha!

Mas brincadeiras a parte, por muito tempo achei que eu não conseguiria contribuir com mais nada para o estilo, criativamente falando, entende? Achei que não havia mais campo para explorar e que estaria fadado e repetir as mesmas formulas criadas pelas lendas do metal, mas não tão bem quanto eles. Mas no final das contas, esse anos que passei tocando outros estilos musicais, aprendendo em outras escolas e até ouvindo bastante coisa nova, descobri que havia sim campos para explorar e trazer algo fresco para esse estilo que a gente tanto ama. E o principal, temos nos divertido muito fazendo isso.




03 . Desde os anos 1990 que as bandas de Metal mais tradicional, e as de Thrash Metal, vêm cada vez menos fazendo uso da caracterização visual de palco. Por que buscar a volta desse elemento agora?

A resposta mais simples é porque eu me sinto bem fazendo isso. Eu gosto. Também acho que nossa função como banda também é entreter o público durante o show e uma apresentação com o visual mais carregado faz sentido. Mas ainda assim acho que o som tem que falar mais alto.

04 . O HELLWAY PATROL já fez uma tour nacional e uma européia e ainda não lançou seu primeiro full-lenght. Vocês acham que para divulgar a banda estar na estrada é mais importante que se trancar no estúdio? Após um EP e um single vocês sentem que é hora de se lançar um disco completo ou isso é somente uma pressão comercial que não se aplica à cena Metal?

Olha Wilba, eu não acho é nada! Hahaha! Na realidade a gente não tem pensando muito a respeito do que a gente tem feito. Não temos metas traçadas e se existe uma formula certa para bandas, a gente desconhece. Apenas vamos aproveitando as chances que aparecem. Infelizmente o tempo para nos juntar e compor tem sido pouco ultimamente, por isso ainda não temos um full-lenght, mas gostaríamos de lançar um em breve.


05 - Voltando a tour européia, ela aconteceu a convite do cantor estadunidense WILLIE HEALTH NEAL. Vocês chegaram a fazer mais de um show por noite? Como funcionava ser banda se apoio de um musicista country mas ter um grupo de Metal para divulgar? Aconteceu algum momento SPINAL TAP na estrada que valha a menção? Querem voltar ao Velho Mundo?

Esse convite do Willie, além de uma honra, foi fantástico. Acho que nunca teríamos uma chance de ir para a Europa com o HELLWAY PATROL nesse ponto da nossa carreira. Fomos já contando com todo o suporte de um músico mais conhecido e conhecemos a cena de lá de outra maneira. Tiveram shows só do Hellway, mas a maioria dos shows foram só material do Willie. Porém o publico no geral se mostrou muito curioso a respeito de sermos uma banda de Metal tocando Country. Então, a pedidos, acabávamos dando uma palhinha do nosso show no show dele e tivemos que tocar Country nos show de Metal também e vendemos muito merch de ambas as bandas em todos os shows. Essa experiencia foi phodassa! Vamos voltar ao velho mundo ano que vem com mais shows do HELLWAY PATROL inclusive.


06 - Qual o conceito da canção "Satan Free Me"? Estaria o HELLWAY flertando com o satanismo?

Essa pergunta me fez lembrar do "Padre Quemedo e o Filho do Capeta", sketch do programa "Hermes e Renato", recomendo! Hahaha! Os membros da banda tem uma filosofia Ateísta com o pé no Agnosticismo, entende? Não acreditamos em nada, porém não acreditamos que tenhamos todas as respostas também. A música fala sobre a instituição da igreja que vem há séculos destilando ódio, violência e desigualdade. Manipulando e deturpando a fé das pessoas. Fala da inquisição, de tele-evangelizadores, e de toda essa podridão. "Satan" na música não é uma entidade, mas é usado no sentido da tradução direta da palavra: questionador, opositor.

"Quem questiona se liberta".
 

07 - Seus discos já tiveram participações de KIKO SHRED e membros do WOSLOM e do TORTURE SQUAD. Essa participações são trocas de experiências, meramente estéticas, comerciais ou uma característica que vocês pretendem manter nos lançamentos futuros?

Já vimos bandas que entram em contato com produtores de artistas mais famosos e até pagam para ter uma participação em alguma gravação autoral ou cover. Isso deve ser normal na industria, mas não foi nosso caso. Todos as participações ocorreram por amizade e afinidade mesmo. Apesar do HELLWAY PATROL ser uma banda nova, eu e os outros integrantes somos bastante ativos na cena como apoiadores, organizadores e até com outros projetos. Enquanto estávamos gravando nosso primeiro registro eu estava numa tour como vocalista do Dominus Praelii junto com o Tim Ripper. Mostrei alguns sons da pré para o Kiko, guitarrista do Tim na tour, que na hora disse que queria participar. Ficamos extremamente honrados e escolhemos um som com uma pegada mais power e as guitarras dele ficaram destruidoras. Essa participação acabou possibilitando a nossa primeira tour, que não ocorreria por compromissos do Thiago e do João Bolognini, batera na época, e foram cobertos pelo Kiko Shred e Lou Tagliari (ex- SLIPPERY). Ambos puta músicos e pessoas incríveis de se conviver. Eu já tive também o prazer de receber em casa o pessoal do Woslom e do Torture Squad e enquanto a gente compunha "Satan Free Me" e "Fear The War Machine" eu sentia que elas pediam as participações da May Undead e do Silvano. Eu conseguia ouvir o vocal deles, que considero entre os melhores vocalistas da atualidade, complementados pelos meus nessas músicas. Rolou o convite e eles aceitaram. O resultado tá aí pra vocês ouvirem. As vezes contamos com outras participações ao vivo também.

Quando o Thiago (Franzim, guitarras) foi agredido covardemente por um policial militar da ROTAM (Rondas Ostensivas Táticas Motorizadas) e precisou se afastar dos palcos por conta da cirurgia reparadora vários guitarristas de Londrina se prontificaram a ajudar o Hellway a cumprir a agenda, entre eles Danilo Cassante, Richard Felix e Francisco (Chicão) Neves. Estamos sempre abertos a parcerias no nosso som e a convites para outros projetos também. 




08 - Para divulgar ainda mais o HELLWAY PATROL, vocês criaram e organizam o HELLWAY FEST. A ideia é similar a do TUATHA DE DANANN com o ROÇA IN ROLL? Quantas edições já aconteceram e o que você pode nos contar mais do evento?

Até agora foram apenas duas edições. Na primeira trouxemos o Claustrofobia e o Woslom e convidamos o Corpsia pra participar. Na segunda trouxemos o Torture Squad e convidamos Terrorsphere, Hellpath e Asco. O festival não tem sido prioridade pra gente, não sei se teremos uma próxima edição, mas estamos sempre envolvidos de alguma maneira em algumas produções aqui em Londrina. Ano passado trouxemos também Drauggard da Russia e esse ano traremos Warhammer da Grécia. Se o Hellway Fest vai continuar não é importante, o importante é fomentar a cena da maneira que for.

09 - O que é a coletânea Amadeus Mosh Pit?

Fazia um tempo que eu estava observando a cena da região impressionado com a qualidade das bandas que temos por aqui. Resolvi juntar numa coletânea e contei com o apoio da cervejaria Amadeus para a prensagem, o que deu origem ao nome. São 11 bandas: Corpsia, Hereticae, Hellway Patrol, Acid Brigade, Hellpath, Sangrano, Terrorsphere, Guro, Christofobia, Hate Before Death e Iatrogenic e quem assina a arte é o ilustrador Matheus Arrigoni. O lançamento será num festival gratuito no pátio da cervejaria próximo dia 15(jul/2019) com show de 6 dessas bandas.


10 - A canção "Raise Your Glass" fala do crime ambiental ocorrido aqui em Minas Gerais, na cidade de Mariana. Esse ano, um outro crime do tipo aconteceu em Brumadinho. Outra vez, a o estado Burguês inocentou a empresa mineradora que continua sem se preocupar com a segurança dos seus empregados ou da população. Qual o posicionamento do HELLWAY quanto a isso? Vocês não sentem medo de misturar temas políticos no Metal, visto que muitos isentões torcem o nariz para temáticas assim?

Nossa música tenta expor esse tipo de situação calamitosa. Achamos que a arte em geral e a politica se misturam sim, e que queiram ou não, a politica está em todo o aspecto da nossas vidas. É uma lástima ver a vida de tantas pessoas arruinadas em prol do lucro de acionistas e pior ainda um estado conivente com essa situação.

11 - Vocês participariam de uma segunda edição da coletânea como Satan Smashes Fascims, lançada pelo MRU? No contexto atual do Brasil, se afirmar como antifascista é importante? 

Seria uma honra participar de uma coletânea como essa ao lado de tantos bandas phodassas. Nós não nos anunciamos como uma banda anti-fascista porque achamos que ser anti-fascista é requerimento mínimo para um ser humano, sabe? Não vamos nos promover em cima do mínimo. Somos uma trio de música pesada que se dedica pra lançar material da qualidade e fazer bons shows e é esse o motivo pelo qual queremos que as pessoas escutem nosso som. Nos conhecendo, que entendam nossas letras, nossa mensagem e que repudiamos o fascismo. Não somos "isentões" e nossa luta é no dia a dia e o tempo inteiro. Não julgamos a maneira como outras bandas se promovem, só temos nosso próprio jeito de lidar com isso.

12 - Finalmente, em muitos shows de Metal o público tem puxado gritos de "Fora Bolsonaro", "Hei, Bolsonaro, vai tomar no cu", ou as bandas tem interagido com o público a buscar essa reação. Como é num show do HELLWAY PATROL? (*)

Infelizmente isso ainda não aconteceu, mas já participamos desse coro assistindo a shows de outras bandas e vamos apoiar qualquer iniciativa dessas nos nossos shows também. Acho que por a cena no norte do Paraná, tanto bandas quanto publico, ser composta por uma grande maioria de anti-fascistas, o coro nos eventos se tornam redundantes. Mas estamos sempre participando das manifestações que ocorrem nas ruas de Londrina em peso.





(*) NOTA DO AUTOR.
O show com coros de Fora Bolsonaro aconteceu entre a realização e a publicação dessa entrevista. Na ocasião o HELLWAY PATROL tocou com outras bandas de "rock" na Conha Acústica da cidade de Londrina em comemoração ao dia internacional do Rock; sendo um fest aberto, de graça e em praça pública. Pela própria proposta do evento, o grupo decidiu se apresentar de rosa e com bótons e camisetas do arco-iris como uma manifestação e protesto. Na concepção do HELLWAY PATROL a mensagem libertária tem de ir a todos, não só aqueles que já são antifascistas, mas principalmente para aqueles que só tem a mídia enviesada como forma de informação. Sem saber se iam ser vaiados, chegaram dando a mensagem entre as músicas, sendo ovacionados, com a galera empolgada gritando contra o governo Bolsonaro.

13 - Espaço para suas considerações.

Muito obrigado pela entrevista Willba, espero te receber em Londrina novamente e te encontrar mais vezes por esse mundão! Obrigado a todo mundo que acompanha a banda e o Rock Dissendente. Nos vemos em breve!




HELLWAY PATROL:

Ricardo Pigatto - Baixo e Vocal (Arauto do Apocalipse).
Thiago Franzim - Guitarras (Riffs do Armageddon).
Netto Pavão - Bateria (Tremores da Calamidade). 

Discografia:

Hellway Patrol (Cd, Demo, 2017).
Desert Ghost (Vinil, EP, 2018).
Amadeus Mosh Pit (Cd, Participação em coletânea, 2019).

Sites Relacionados:

http://facebook.com/hellwaypatrol/

https://hellwaypatrol.bandcamp.com/

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