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sábado, agosto 31, 2024

Poemas Dissidentes: um sonho vivo que quase não aconteceu.

Republicação do artigo escrito por Gustavo Marangão e publicado no site "Jornal Cidade Varginha" em 12/07/2024.

https://cidadevarginha.com.br/destaques/poemas-dissidentes-um-sonho-vivo-que-quase-nao-aconteceu/

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Willba é uma das figuras musicais de Varginha que agora vai lançar um livro de poesias






Mais lembrado pelo seu trabalho de radialista no Programa Combate da Melodia FM, no Rock Dissidente da Rádio Rock Online, por ter produzido e apresentado eventos voltados à música pesada por todo Brasil, como Maniacs Metal Meeting (em Santa Catarina) e também pelos artigos, resenhas e traduções em diversos sites voltados à música Rock (sendo o de mais destaque o Whiplash.Net que é o mais antigo e maior site do gênero no Brasil, onde por vezes foi o jornalista musical mais lido do portal), o artista radicado em Varginha Willba Dissidente está para lançar seu primeiro livro solo de poesias, intitulado “Poemas Dissidentes”.

Graduado em Ciências Sociais e licenciado em Sociologia pela USP, “Poemas Dissidentes” apresentará 37 textos inéditos do autor em 40 páginas, destilando a poesia ultrarromântica do século XIX para pensar criticamente a realidade do século XXI. Com inspiração em Baudelaire, Lord Byron, Augusto dos Anjos e outros “poetas malditos”, “Poemas Dissidentes” versa sobre a melancolia, a incerteza, a dor e o pavor de ser humano e da incompreensão dos outros seres humanos. Voltado principalmente ao público de Ensino Médio e Superior, “Poemas Dissidentes” é muito mais que livro qualquer. Aprovado por pareceristas para financiamento pela Lei Paulo Gustavo (que visa ajudar artistas que não puderam trabalhar durante a pandemia), “Poemas Dissidentes” foi financiado com recursos federais, repassados ao município de Varginha, e administrados pela Fundação Cultural do Município, com base na Lei Complementar 195/2022 (Lei Paulo Gustavo), no Decreto 11.525/2023 e no Decreto 11.453/2023.

O autor há décadas escreve poemas, mas tinha receio de publicar algo fora da ceara do jornalismo musical, que era sua zona de conforto. O apelo da poesia queimava forte dentro de si e em 2023 ele respondeu a um chamamento público, participando com a publicação do poema “Grãos de Arábica Amargura” no livro “Estação dos Versos”, organizado pela Fundação Cultural do Município de Varginha.




Entretanto, há anos havia o desejo de se fazer essa publicação solitária. Gana essa que poderia ter perecido junto com o escritor durante a pandemia do covid-19. “Eu estive, infelizmente, muito doente, e achei então que não iria escapar. Lembro que quando estava no hospital, achando que minha biografia acabaria ali que pensei que ficaria faltando escrever esse livro”, conta o autor. “Resignei-me naquele momento. Felizmente, eu resisti”, comemora Willba Dissidente, que está para publicar “Poemas Dissidentes” em livro físico, digital e em áudio livro.

A versão em áudio livro de “Poemas Dissidentes foi declamada por Rafael Lourenço, vocalista da banda New Democracy e gravado no Braia Studios sob a tutela de Bruno Maia, do Tuatha de Danann, a banda de Folk Metal mais importante do Brasil. A arte desenhada do livro foi elaborada pelo experiente artista varginhense Silvinho Six Tattoo, que além de tatuador consagrado há décadas, é desenhista e pintor. Cópias dos livros físicos serão doados às bibliotecas das instituições de Ensino Superior e Médio de Varginha, além da biblioteca pública do município.

Para conhecer “Poemas Dissidentes” cadastre seu e-mail gratuitamente no seguinte formulário google:


Você receberá somente três e-mails: um quando o áudio livro estiver on-line, outro quando o livro em arquivo de pdf puder ser baixado gratuitamente e outro quando o livro físico estiver disponível.

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domingo, setembro 11, 2022

Alice Cooper: as oito músicas dos anos 1960(*) favoritas da Titia.

De acordo com matéria publicada por André Garcia no Whiplash.Net/ em 10 de setembro de 2022.
As escolhas são tão boas que fizemos uma playlist! Em nossa opinião Alice Cooper deveria ter escolhido mais músicas.

(*) Tirando a faixa do JANES ADDICTION, que é de 1990, todas as outras são dos anos sessenta.




Confira a matéria original: As oito músicas que Alice Cooper levaria para uma ilha deserta. 

https://whiplash.net/materias/news_715/344728-alicecooper.html

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Comentários da Tia sobre cada escolha:

01 - "Bem, The Yardbirds era nossa maior influência. Quando éramos moleques aprendemos todas as músicas dos Beatles, aprendemos todas dos Rolling Stones… Aquelas eram as bandas obrigatórias, tudo que você precisava conhecer, a partir dali você ia desenvolvendo seu próprio estilo. The Who e Yardbirds foram duas bandas que literalmente nos fizeram parar o carro e ficar, tipo: 'O que foi aquilo?' E essa música, em específico, até hoje ninguém fez algo tão inventivo quanto."

(Roger the Enginner, de 1966).

02- "Quando tinha 12 anos, eu morava em Van Nuys, Califórnia, e os The Beach Boys eram a parada antes dos Beatles. 'I Get Around' saiu e era diferente de tudo que havia na época. Aquilo era algo que falava por todos os garotos, sabe? 'Estou ficando de saco cheio de dirigir sempre pelo mesmo caminho. Tenho que encontrar um novo lugar onde a garotada seja legal.' Aquilo fala diretamente comigo até hoje. Toda vez que aquela música toca, eu aumento o volume."

(All Summer Long, 1964).

03 - "O The Who possuía uma estranha combinação: eles podiam tocar músicas pauleiras como 'My Generation', mas também tinham um lado pop. Eles lançaram músicas que eram muito boas, como 'Substitute'. Eu escolhi 'I'm a Boy' porque era totalmente invasão britânica."

(Single, 1966).


04 - "Laura Nyro (nota do Rock Dissidente: que era vegana e LGBT) talvez seja a compositora mais subestimada de todos os tempos. Nos dois primeiros discos dela todas as faixas são hits. O segundo, 'Eli and the Thirteenth Confession' me pegou pela garganta, tipo Burt Bacharach, sabe? Ela era a Burt Bacharach (nota do Rock Dissidente: pianista e compositor estadunidense da mesma época. Mas que chata essa mania de sempre comparar uma mulher com um homem, hein Tia!) feminina. Ouvi aquele disco até arranhar."

(Eli and The thirtheen confession, 1968).


Laura Nyro.

05 - "Nossa banda devorava discos, nós amávamos os que vinham na Ingleterra. As bandas inglesas eram muito criativas, e elas estavam fazendo todo tipo de coisa. Nós ouvimos o In the Court of the Crimson King, do King Crimson, e de cara veio a música '21st Century Schizoid Man'. Eu disse 'Ninguém consegue tocar assim'. Eu já tinha ouvido milhares de bandas, tirando Frank Zappa & The Mothers, ninguém podia tocar como King Crimson. Então eu fiquei literalmente sem palavras."

(In The Court of the Crimson King, 1969).

06 - "James Addiction, outra música que me fez literalmente parar o carro, que era diferente de tudo. Não era como qualquer outra coisa que eu já tivesse ouvido, e até hoje ainda é umas das únicas músicas já feitas".

(Ritual de lo habitual, 1990).

07 - "Paul Butterfield era a versão americana dos Yardbirds. O que Paul Butterfield Blues Band fez com o rock e blues foi de explodir a cabeça."

(East West, 1966).

08 - "Bob Dylan, o laureado poeta americano, ele é tão rebelde, e mesmo assim, se você prestar atenção, tem tanta coisa rolando nas letras desse cara, ele está entre os melhores. Eu tive que escolher uma, mas poderia ter escolhido 50 músicas diferentes de Dylan. Entretanto, por algum motivo essa música sempre me assombrou."

(Highway 61 Revisited, 1965).

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terça-feira, agosto 15, 2017

Roça 'n' Roll: "na ziqueira, na tosqueira, mas na Guerra é muito pior".


Martin Walkyer: o pai do Folk Metal sendo ovacionado na 19° expedição do Roça 'n' Roll. Foto: Saint Yves
RESENHA: Roça 'n' Roll - 19º Expedição (Varginha 15 a 17/06/2017).

Publicado, sem as fotos por uma falha técnica, originalmente no Whiplash em 26/07/17.
https://whiplash.net/materias/shows/266909-rocanroll.html

Era uma festa de despedida, mas terminou por comemorar a continuidade. Foi a visita de Super Sayajin pelo Rock 'n' Roll. Também foi quando o ciclo do Metal se fechou em Varginha. Com clima beirando o glacial de tão de frio, foi uma viagem pelo tempo à idade Média com direito a visita de extraterrestres. Resumindo, foi a 19 expedição do Roça 'n' Roll.




Em 1992, o OVERDOSE veio divulgar seu então recém lançado disco "Circus of Death" em Varginha. Foi a primeira vez que uma banda de fora da cidade tocou no município. Nem o ET havia pintado por lá ainda. Na ocasião ninguém imaginava que aquela cidade no Sul de Minas Gerais sediaria um dos maiores e mais antigos festivais Open Air em atividade no Brasil. Tampouco se suporia que anos depois o próprio OVERDOSE, recém-reformulado, seria headliner do festival que rendeu a Varginha o título de "Varginha Rock City".



Siga a placa da felicidade! Foto: Viviane Paiva.

Anunciado como a última edição do evento na Fazenda Estrela (a décima) por causa da construção de uma represa na região que faria a água imundar o local do festival, na semana da realização do Roça foi anunciado pelos responsáveis que a obra não afetaria as cercanias do show. Para comemorar, o Roça esse ano foi de três dias de festa. Os dois primeiros em locais roqueiros tradicionais de Varginha e o último o festival propriamente dito. Fica claro que o Roça in Roll quer ser tornar mais que somente um festival com 21 bandas tocando e na verdade quer ser um local, um point, um pico, um ponto de encontro e socialização de Headbangers. Nessa décima nona edição, além do pessoal de todo o estado de Minas Gerais, o público era formado por gente oriunda de São Paulo, Goias, Santa Catarina, Paraná e Rio de Janeiro. Vamos então tratar das atrações que fizeram a galera do Metal cortar o Brasil para participar dessa bienal de Headbangers que se tornou o Roça in Roll.



O caminho da Roça leva ao Roça. Foto: Saint Yves.

Na quinta-feira, 15/07, dentro do projeto municipal Quinta da Boa Música, rolou show da banda de Blues Rock de Monsenhor Paulo RURAL WILLYS (que já tocaram na Fazenda Estrela) e depois show com o grupo de Hard Rock progressivo BLACK FOXXER no pub Jardim Elétrico. Na sexta feira, 16/07/, no Subsolo Music Bar tocaram o cover local de Jethro Tull chamado O TAL JETHRO, seguidos pelo Thrash Metal de lenhador do MOTOSSERRA TRUCK CLUB (banda conceituada na cidade) o tributo ao Motörhead com a banda MOTÖRVADER, de Pedro Leopoldo, cidade próxima de Belo Horizonte. Esses últimos dois shows tiveram participação de Willba Dissidente (mestre de cerimonias e radialista, ex- DIVINE WARRIOR) nos vocais. Muito mais do que um show que ocorre numa fazenda longe do centro, o Roça 'n' Roll chega tomando todos os espaços de Varginha onde se faz Rock Pesado e os preenchendo.



RURAL WILLYS: Blues Rock gratuíto na Estação Ferroviária de Varginha. Foto: Saint Yves.

Falando em fazenda distante, é importante lembrar que uma das preocupações do festival é o acesso dos bangers que não vão de excursão ou não dispõe de meio próprio de locomoção. Há uma pareceria com empresa de ônibus Coutinho saindo de hora em hora (do meio-dia às 23) do centro de Varginha para o evento também voltando do evento das 18 até a finalização do mesmo. Definido pelo organizador e músico Bruno Maio como "de resistência e ideológico", o Roça se preocupa não só com o palco mas com ter coisas legais para os bangers fazer quando não gostarem da banda tocando, ou, por qualquer motivo, quiserem parar de ver show.

Conheça o trabalho do caracturista Ender da Endersenhos:
https://pt-br.facebook.com/endersenhos

Existem um monte de banheiros químicos (o que evita filas), além de uma ampla gama de comidas (pizza, caldos, canjica, lanches e o tradicional Espetinho do Pernambuco de Varginha) e bebidas, com a tradicional distribuidora varginhense Espaço Livre (cerveja, vinho quente, choconhaque, quentão e batidas).

Conheça a Associação de Pintores com com a Boca e os Pés:
http://www.apbp.com.br/associacao/

Ainda há o lojão do Roça (com merchandise do festival e das bandas que se apresentaram), loja de cd's, Consulado do Rock com camisetas e acessórios, guarda-volume, as caricaturas do artista Varginhense Ender (da Endersenhos) e também a exposição de pinturas do artista Lucas Alves, da associação de Pintores com a Boca e os Pés. Se podemos fazer uma crítica é que a parte de venda de materiais e de comida se misturam, ficando um pouco confusa. Teria sido melhor fazê-las em áreas bem dividas.



BLACK FOXXER: Hard Rock progressivo de Pouso Alegre abrindo o festival. Foto: Saint Ives.

Enfim, claro que existe toda a estrutura além da área de shows, mas são os shows, as performances ao vivo que levam o público, que os dão justificativa para vir ao evento. Então, vamos tratar deles. Antes de começar, contudo, antes é preciso explicar como funciona a dinâmica dos shows no Roça in Roll. São dois palcos principais, em que quando acaba show em começa imediatamente show no palco ao lado. Independente deles, há a Tenda Combate, responsabilidade do Programa Combate (o segmento de rádio FM mais antigo do sul de Minas Gerais dedicado ao Metal, no ar desde 2001), em que se apresentam artistas mais iniciantes. Esse ano, contudo, ficou provado que o menor tempo de estrada não fez com que as essas bandas fizessem shows menos empolgantes. É importante ressaltar que um headbanger pode assistir TODOS os shows inteiros dos palcos principais sem problemas, porém perderá momentos deles se resolver conferir o que está rolando na Tenda do Combate, que tem seu próprio tempo e não é sincronizada com o restante do festival.



Seria o IRON MAIDEN fã de TIM MAIA? Foto: Saint Yves.

Abrindo então os shows do Roça 'n' Roll tivemos o grupo local INCURSE. A proposta do Power Trio é fazer Death Metal com influências do Groove mais atual. O conjunto formado por músicos que fazem cover de SYSTEM OF A DOWN e SEPULTURA está divulgando seu material autoral, o EP de estréia "Hatred Nation", e, sendo a primeira banda, é aquela que toca que quando nem todo mundo chegou, ou quer ficar fora conversando; mas ainda assim, um trabalho promissor.



INCURSE: começando a carreira e também iniciando os trabalhos no Roça. Foto: Rognelson Dutra.

Terminou o som mais moderno, veio o Thrash, Crossover, HxCx do SURRA, e fazendo um trocadilho com o músicas da banda, uma verdadeira bica na cara do capitalismo em posições obscenas! Grupo antifa formado em 2012, o também power trio divulga o disco "Tamo na Merda" e fez um show enérgico e cheio de protestos, surpreendendo muitos dos presentes pela agressividade, vivacidade e atualidade das composições. Momento marcante no fim do show, quando duas garotas de Santa Catarina ficaram gritando #ForaTemer e o guitarrista Leoo respondeu #MorraTemer. Realmente, a aprovação do presidente golpista da república só faz cair!



SURRA: espancando o capitalismo e pedindo a renúncia de Michael Temer. Foto: Rognelson Dutra.

Foi durante o SURRA que começaram os shows da Tenda Combate. A primeira banda a se apresentar foi o CREMETÓRIO. Formado em 2015 na cidade de Divinópolis, esse grupo de Blackened Thrash Metal, assim como o IMMINENT DOOM do RJ, tem letras em português e som underground que unem o Thrash ao Black Metal. O grupo tocou com o background do UNTIL THE END ao fundo, e como as duas bandas tem vocalistas mulheres com voz gutural e praticam metal extremo, ainda que gêneros diferentes, houve quem confundisse as duas bandas. Entrementes, o CREMATÓRIO está divulgando sua primeira demo "Incineração Bestial", com destaque para a faixa "Headbangers de Satã".



CREMATÓRIO: a faceta profana de Divinópolis. Foto: Rognelson Dutra.

Seguindo a pancadaria bruta e ininterrupta, vem outra banda de Thrash x Crossover nos palcos principais, o LOBOTOMIA. Também uma das bandas mais antigas no cast, desde 1984, o LOBOTOMIA divulga o full lenght "Desastre", lançado em 2016 e protagonizaram uma cena anedótica no festival. Parte do platéia ficou gritando "Max Cavalera" para o vocalista Edu Vudoo supondo uma semelhança deste com o frontman das bandas SEPULTURA e SOULFLY.



LOBOTOMIA: esse homem se parece com Max Cavalera? Foto: Rognelson Dutra.

Mais som infernal e bestial nos palcos do Roça in Roll. Ai veio o SCOURGE na terra onde o uder substituiu o taxi, Uberlândia, no triangulo mineiro. Ainda que só tenha lançado seu debut em 2010, o SCOURGE faz o Death Metal calcado no fim dos anos 80 e começo dos 90, que o power trio denomina como sendo Hate Metal. Ainda que esteja sem lançar discos desde 2013 o som do grupo agradou os guerreiros do metal negro que já estavam no festival.



SCROUGE: representando as hordas do metal negro! Foto: Rognelson Dutra.

No meio do show bruto do SCOURGE começou o Heavy Metal à la IRON MAIDEN, um pouco mais moderno, do APPLE SIN. Apresentados por Willba Dissidente, que faz participação especial no Programa Combate e à partir dai fez o Cerimonialismo na Tenda Combate, os quinteto de Barroso, MG, o quinteto fez seu show com participação especial do tecladista Philipe, para dar um clima, mas quem chama mesmo a atenção é o vocalista Patric com seu timbre incrivelmente semelhante ao de Bruce Dickinson! Muitas das pessoas que viam o Death Metal no palco principal vieram para a tenda, pois, para o gosto deles, "aqui está muito melhor". Os temas foram todos do disco auto-intitulado (que inclui regravações do EP) e agradaram muito. O APPLE SIN foi a primeira banda tradicional a se apresentar no Roça de 2017.




APPLE SIN: um show impecável para os fãs de Heavy Metal tradicional! Foto: Rognelson Dutra.

Enquanto a tenda era preparada para o próximo show, cai a noit e sobe ao palco principal o ANEUROSE. Com seu Thrash Metal Groove, ou pula-pula, o grupo de Lavras e Varginha, que inclusive já fez tour pela Europa, atacou principalmente composições do seu segundo disco "Juggernaut", com algumas do anterior "From Hell". Com muita influência de LAMB OF GOD, sobressai-se o trampo de Kiko Ciociola, ex- EXPULSER, arrasando na bateria, além do virtuoso Tchurtis, ex- TRAY OF GIFT e MOTOSSERRA TRUCK CLUB, nas guitarras. Destaque do show por conta da música "To Lemmy", uma justa homenagem ao músico que após ser chutado HAWKWIND formou o MOTÖRHEAD.



ANEUROSE: os gringos europeus aprovaram e no Roça não foi diferente. Foto: Rognelson Dutra.

Metal extremo dominando as primeiras horas do festival, pois chega à Tenda o grupo de Itaúna UNTIL THE END. Divulgando sua primeira demo "The Story Begins", de 2016, o quarteto que tem Bete Monteiro de frontwoman detonou no seu som groove técnico e coeso com longas passagens instrumentais, até com nuances progressivas, mas sem se esquecer da essência do Death / Thrash Metal. Um dos destaques do festival indubitavelmente. Há muitos músicos tocam com guitarras de sete e baixo de cinco cordas, mas pouco que realmente usam e esmiúçam toda a capacidade e possibilidade que a corda à mais dá aos instrumentos, como Wendel e Sérgio. A bateria de John Martins não fica atrás, sendo super criativa em preencher os espaços vazios do som; assim como os vocais guturais de Beto alcançam das notas mais graves às agudas; facetas e nuances essas que não ficaram tão perceptivos no único registro do grupo que é uma demo de duas músicas. Para terminar de arrebatar o público ainda incluiram bem sacados covers de METALLICA (Crepping Death) e SEPULTURA ("Arise" e "Troops of Doom").



UNTIL THE END: na Tenda Combate, um dos destaques de todo o festival. Foto: Rognelson Dutra.

Ainda que sejam de Poços de Caldas, o sexteto LOTHLÖRYEN já bem conhecido de Varginha, com diversos shows pela cidade do ET, Roça in Roll inclusive. Ainda assim, a galera curtiu o Folk Metal também Power Melódico praticado pelo conjunto, que fizeram um set sem cair na mesmice; indo desde o aclamado "Of Bards and Madmen" até o mais recente "Principles of a Past Tomorrow". Com muita influência da mitologia de JRR Tolkien, os temas mais aclamados foram aqueles que remetiam ao mundo imaginário do autor inglês professor de Michael Moorcock, como "Hobbits' Song".



LOTHLÖRYEN: Tolkien odiava rock'n'roll, mas o hobbits são Heavy Metal! Foto: Rognelson Dutra.

O grupo HEREGE, que tocaria na tenda, cancelou sua apresentação, pois o baixista Marcelo teve um inesperado compromisso profissional. Inoportunos fortuitos também geraram cancelamentos das bandas VALVERA e VENERAL SICKNESS, que tocariam nos palcos principais. Eram, agora, seis horas da tarde e ainda haveriam outras doze horas de festival. Porém, antes de tratar dos shows, vamos abordar os espaço que o Roça proporciona para a socialização do público. Além dos stands e exposições já citados o ORDO DRACONIS BELLI esteve presente com quinze membros caracterizados como cidadãos dos séculos VIII a XVI. Além de duas encenações de combate medievais com cinco ou seis batalhas cada, o grupo trouxe uma réplica de forja medieval para o evento. Esse equipamento só pode ser montado em espaço abertos, por conter um bujão de gás, reproduzindo o trabalho de um ferreiro medieval em tempo real; foi feita uma ponta de lança durante o evento (o trabalho é árduo e demorado). Além disso, os roçers puderam comprar vestidos, mantos, orelhas de elfo, pingentes de prata de inspiração medieval, e é claro, o produto mais vendido da noite: o hidromel! O grupo ainda trouxe uma arquearia com instrutor e um valor baixo para quem desejasse brincar de soltar flechas de verdade em alvos de prática.



Instrutor de arquearia ensinando aluna a lidar com típico arco da Idade das Trevas! Foto: Saint Yves.

Conheça mais o Ordo Draconis Belli.
http://www.ordodraconisbelli.com/

Foi a segunda participação do ORDO DRACONIS BELLI no festival, que se apresenta, principalmente, em eventos ligados à cultura Medieval e Nórdica, ou de Folk Metal, mas também aceita convites para o levar a cultura européia de Idade Média para solenidades do mundo Metal e Rock em geral.



Encenação de um violento combate medieval! Foto: Rognelson Dutra.

Voltando aos shows no Roça, a próxima banda a se apresentar foi o PROJECT 46. "Tacando o foda-se nessa porra", o deth core dos paulistas é bem popular entre o público jovem, que garantiu com sua juvelinidade as interações mais intensas entre palco e platéia do festival. Divulgando o disco "Que seja feita a nossa vontade" o único ponto ruim da apresentação, a terceira na cidade, foi uma demorada passagem de som que teve de ser feita às pressas após o show do LOTHLÖRYEN; sendo que no Roça quando uma banda toca, a outra passa o som para os shows não pararem. Sobrou para o mestre de cerimônias Ivanei Salgado (também radialista no Programa Combate) falar e falar e usar toda sua lábia e um pouco mais nos vinte minutos de atraso. Calejado e experiente de outras edições, o cerimonialista, com seu bom humor e piadas de cunho sexual tirou de letra a tarefa. Após a apresentação a banda atendeu os fãs para fotos e autógrafos.



PROJECT 46: compensando o atraso com muitos sopapos nas zorebas! Foto: Rognelson Dutra.

Chegado o momento de subir no palco a banda de casa, o show do TUATHA DE DANANN foi antecedido por um drone que sobrevoou a fazendo e chegou  a descer à coisa de cinco metros do público. Impossíveis de se evitar comentários sobre a volta do ET de Varginha, nesse que foi o primeiro show do quinteto sem o guitarrista - vocalista Rodrigo Berne, sendo substituído por Júlio Cesar (que já havia segurado esse posto anteriormente). Abrindo com "Dance Of The Little Ones", um inicio inusitado, o set list
o membro original do Tuatha e organizador do Roça 'n' Roll Bruno Maia definiu o festival como "de resistência e ideológico". Ainda que só NÃO tenha tocado em duas edições do evento, o conjunto foi bem ovacionado e nem um problema técnico no som do baixo no começo da apresentação atrapalhou.



TUATHA DE DANNAN: a banda da casa mantém intacta sua reputação. Foto: Rognelson Dutra.

Após o encerramento do Tuatha, veio o primeiro headliner da noite e único artista gringo a se apresentar na décima nova edição: MARTIN WALKYIER. Consagrado como o pai do Folk Metal, o TUATHA DE DANANN foi banda de apoio do inglês que ainda teve adições do guitarrista Churchis, do ANEUROSE, e da guitarrista inglesa Jacqui Taylor. Esquecendo-se o SABBAT, o set list do show foi quase todo composto pelos números mais preciosos do SKYCLAD e também do projeto paralelo do músico que tocou maquiado e caracterizado chamado THE CLAN DESTINED. Após o tradicional encerramento com o cover de "Emerald", do THIN LIZZY, o cantor de cabelos cacheados loiros surpreendeu os presentes puxando um coro de #ForaTemer.


MARTIN WALKYIER: o cachaceiro inglês fez bonito em sua terceira participação no Roça. Foto: Rognelson Dutra.

O ET não voltou a Varginha, mas quem esteve de volta foi a primeira banda de Metal a tocar na cidade, o OVERDOSE! Recentemente reformulado, o quinteto que iniciou o Heavy Metal em Minas Gerais foi apresentado por Willba Dissidente que enfatizou que se tratava da "melhor banda de Metal do século XX, no estilo que eles quisessem ser". E realmente quem esperava clássicos dos discos "You're Really Big" e "Addicted to Reality" se decepcionou, pois a banda está focada em tocar seus sons mais pesados, nitidamente como se estivesse na tour do seu último registro de estúdio "Scars", de 1996, com enfase também no anterior "Progress of Decadence", de 1994. Carismático, performático e bem humorado, o vocalista Pedro Bozo brincou sobre os problemas que se passavam com o amplificador do guitarrista original Claudio David: "é na ziqueira, na tosqueira, mas na guerra é muito pior". Um outro momento anedótico do show foi quando um grupo na grade do show começou a gritar "Hey, SEPULTURA, vai tomar no c*", e o vocalista ficou fazendo caretas dando a entender que concordava. Em se tratando de música, os fãs mais novos, ou que não conhecem a discografia do OVERDOSE parecem aprovar mais músicas como "Street Law", "Favela", e ficam meio que sem entender a mudança de estilo nos clássicos "Última Estrela" e "Anjos do Apocalipse". Em a "Última Estrela", Bozo fez sua última zueira alterando a letra da canção para "abro a cueca e vejo meu pau crescer". Saíram ovacionados do palco.



OVERDOSE: o tão aguardando retorno foi um dos shows mais esperados e celebrados desse ano. Foto: Rognelson Dutra.

MARTIN WALKYIER não foi o único artista que subiu maquiado no palco no Roça, pois também tivemos o power-trio do MIASTHÊNIA. Vindos de Brasília e na ativa desde 1994, o conjunto tem como temas líricos as sociedades indígenas americanas antes da chegada dos invasores europeus. Em tempos em que "todos querem ser vikings", tal mudança de tema lírico foi muito bem vinda; além de ser bem inusitada no Metal Extremo; tão devoto dos Nórdicos. O seu som de é intitulado Extreme Pagan Metal com Thormianak nos teclados e voz gutural, guitarra e bateria; e ainda que seja uma variante do Black Metal realmente um baixo fez toda falta na apresentação do trio. Como eles fazem poucos shows, poderiam ser mais cuidadosos com isso, ainda mais porque os discos de estúdio tem baixo.



MIASTHÊNIA: una inovadora e interessante proposta lírica que ficou comprometido pelo instrumental não ter som de baixo. Foto: Rognelson Dutra.

Após mais uma inusitada demora de passagem de som (problemas na bateria), chega o outro headliner do evento, ANDRÉ MATOS, sendo apresentado por Ivanei como uma das vozes mais belas do Heavy Metal, foi executado na integra o disco "Holy Land" do ANGRA, de 1996. O problema de se fazer um show conceitual assim dentro de um festival é que quem não gosta do disco em questão aproveita nada da apresentação. Sejamos sinceros, ainda que, por exemplo "Nothing to Say" e "Carolina IV" seja bem aceitas, nem todos são fãs de "Silent and Distance" e às vezes curtiriam mais agitar uma outra música do ANGRA, VIPER ou da vasta carreira do cantor. Em um show individual pressupõe-se que quem vai seja fã só do artista e vai pirar com "Z.I.T.O." ao vivo, mas num festival tão variado quanto o Roça, Matos acabou por agradar só seus fãs mais árduos e não a platéia em geral. Claro que os músicos, em especial o guitarrista Hugo Mariuti, foram irretocáveis na execução dos intrincados temas, mas ficou óbvio que a música que mais agradou foi o fechamento com a intro "Unfinished Allegro" e a clássica "Carry On".



ANDRÉ MATOS: celebrando duas décadas de "Holy Land" no Roça. Foto: Rognelson Dutra.

Em meio a muito frio, muito frio mesmo, eis que, meio que sem ninguém esperar, veio o show mais animado do Roça esse ano: SUPLA!
Após uma introdução meio techo e uns samples, o velho Punk subiu no palco carregado de energia e carisma. Sabendo que poucos dos presentes realmente conhecem seus discos, o músico colocou na apresentação versões de DAVID BOWIE, BILLY IDOL, THE RAMONES, THE BEATLES e JOHN LENNON. De autorais, SUPLA focou o show nas mais famosas, como "Japa Girl", "Garota de Berlin", "Motocicleta Endiabrada". O músico paulista também protestou contra as futilidades na administração municipal de sua cidade feitas pelo atual prefeito João Dória, arrancando muitos aplausos e até gritos de #ForaTemer. Colocando mensagens como "você é dono de seus próprios atos, você responde por você", SUPLA desceu do palco, subiu na grade e depois cantou no meio do próprio público levando a galera ao delírio. Durante todo o show o cantor, que foi muitas vezes chamado de Super Saiyajin e Vegeta, o mesmo disse que fumaria um baseado com a platéia. Tão logo se despediu, ele realmente saiu da área restrita com um cigarro de maconha e atendeu os fãs para fotos e autógrafos demonstrando uma humildade pouco comum, infelizmente, para artistas nacionais com mais de 3 décadas de carreira.



SUPLA: "aê, Papito, eu tô aqui no Roça curtindo com a galera". Foto: Rognelson Dutra.

Findaram-se as atrações principais e não os shows interessantes na Décima Nova Expedição do Roça in Roll. Chega o projeto do baterista Heleno Vale. O grupo SOULSPELL toca metal melódico em formato de ópera, discos conceituais e canções relacionadas entre si. Em estúdio o os instrumentos são gravados por diversos músicos. No show eles tem a formação fixa de baixo, guitarras e teclados com os vocalistas sendo trocados a cada música: são homens e mulheres das mais variadas idades e timbres; em uma mesma música chegaram a ter seis cantores diferentes. O projeto é ousado e dinâmico e em momento algum soou chato ou enjoativo.



SOULSPELL: a banda que mais integrantes já pôs num palco co Roça 'n' Roll. Foto: Rognelson Dutra.

Banda mais antiga se apresentando no Roça 'n' Roll, veio o SALÁRIO MÍNIMO dando o máximo de si. Pela segunda vez no Roça, a banda segue se reerguendo após uma declaração destemperada "feita sem pensar" do vocalista China Lee em 2014, que deu uma abalada na carreira do quinteto. Quinteto? Não, agora o SALÁRIO MÍNIMO é um sexteto com a inclusão do soberbo guitarrista Roger Vilaplana, veterano da banda NOSTRADAMUS e que já havia tocado para o público varginhense enquanto membro do CENTURIAS. O grupo atacou seus clássicos dos discos "SP Metal" e "Beijo Fatal", agora mais encorpados com as três guitarras sobre o cozinha de baixo e bateria e a voz de China. Também marcaram presente no set-list canções do disco "Simplemente Rock" e o novo tema "Fatos reais". Heavy Metal tradicional bem representado no festival.



SALÁRIO MÍNIMO: estreando formação de IRON MAIDEN brasileiro no Roça. Foto: Rognelson Dutra.

O grito de despedida do Roça esse ano não foi um berro, mas um urro rasgado e desgraçado do vocalista Rafael Lourenço e seu quarteto chamado NEW DEMOCRACY. Praticantes da variante groove Thrash Metal com afinação mais baixa, a banda varginhense já tem uma demo e um ep lançado; além de já terem se apresentado no festival em anos anteriores. Seu set-list foi baseado no próximo disco (ainda sem nome definido), já com um single "Zumbi" on-line. Banda promissora da cidade que fez apresentação sagaz que despediu muito bem os sobreviventes cuja pinga evitou congelar e as paulerias nos ouvidos perpetradas pela NEW DEMOCRACY impediram do sono vencer. O único ponto ruim do show, e que não foi culpa da banda, foram os técnicos de som terem desligado os PA's deixando só o som de backline (com a desculpa de que tinha pouca gente assistindo). Ainda assim, meio que "som de radinho de bicicletária" o NEW DEMOCRACY  não se intimidou, e nem os headbangers assistindo desanimaram, abrindo as últimas rodas do evento depois da cinco da madrugada!



NEW DEMOCRACY: pedindo patrocínio da Vinícola Mioranza no fechamento do 19° Roça in Roll. Foto: Rognelson Dutra.

Um espaço de convivência e vivência para os headbangers de todo o Brasil. Essa é a proposta do Roça in Roll e foi isso que o público estimado em 2 mil pessoas pode presenciar nesse ano de 2017. Bandas para quem quer curtir os shows e diversões diversas para quem procurar aproveitar com (e fazer novos) os amigos em meio à natureza. É um evento único no Brasil, lembrando até os festivais europeus, mas com o jeitin' único mineiro de moer, garrâ e arrancâ fubá de couro e metal. Esse ano tiveram protestos discretos no festival, mostrando que o Metal não é alienado ao mundo que o cerca, mas que divide essa consciência com o imaginário medieval e mítico com o subconsciente coletivo que forma os mitos desse gênero musical e também as lendas locais de Varginha. "É na Fazenda Estrela que o Bixo vai pegâ", diz o hino do evento, e continuará pegando no mesmo lugar. Venha conhecer esse evento, cabrón, we want it you to rock, venha pro Roça 2018!



Galera fazendo fogueira enquanto o bixo pegava no palco. Foto: Saint Ives.

Sites relacionados (em português):

http://www.rocainroll.com/
http://www.facebook.com/FestivalRocaNRoll
http://www.youtube.com/RocaNRollFestival
http://www.twitter.com/rocainroll

segunda-feira, julho 31, 2017

Liberte-se da escravidão mental: o Reggae 'n' Roll pesado.

Você sabia que o disco mais Heavy Metal da História, "British Steel" do JUDAS PRIEST tem um reggae no meio? Seria um Heavy Reggae como fizeram os cariocas do X-RATED, ou um Reggae 'n' Roll , como os do NAZARETH, ou ainda um Hard Reggae como o registrado pelo SCORPIONS? Grupos de Rock pesado que gravaram Reggae, ou músicas inspiradas no ritmo jamaicano, foram o assunto da nona edição do Canal Rock Dissidente no Programa Combate, sendo exibida em 30/07/2017.

A gravação foi disponibilizada no link abaixo:



No ar desde 2001, o Programa Combate é transmitido pela rádio Melodia FM, 102,3 desde Varginha para mais de cinquenta municípios do Sul de Minas Gerais, sendo o mais antigo periódico radiofônico voltado ao Heavy Metal da região. O Programa Combate passa todo domingo, das 16 às 18 horas.



O mesmo pode ser ouvido, ao vivo, de qualquer ponto do universo conhecido pelo link http://www.radiosaovivo.net/melodia-varginha/ e depois as gravações do Rock Dissidente são disponibilizadas no youtube.



O assunto já havia sido abordado antes no Rock Dissidente em um artigo de 2013:

http://rockdissidente.blogspot.com.br/2013/12/grandes-nomes-do-rock-pesado-que.html

Canal Rock Dissidente no 
Programa Combate:

Apresentação e técnica: Ivanei Salgado.
Apresentação: Willba Dissidente.
Produção e filmagem: André "Detonator" Biscaro.
Técnico de som: Adilson.

Sites relacionados:
https://www.facebook.com/wilson.dissidente
https://www.facebook.com/combatefm/
http://rockdissidente.blogspot.com.br/


http://rockdissidente.blogspot.com.br/2013/12/grandes-nomes-do-rock-pesado-que.html

terça-feira, outubro 21, 2014

ELRIC: de Melniboné para influenciar o mundo do Rock Pesado.


Esse texto é mais que uma mera republicação do artigo originalmente publicado no site Whiplash.net em 19/07/2013; trata-se de sua versão revisada e ampliada.

ELRIC DE MELNIBONÉ, herdeiro do trono Rubi, quadragésimo vigésimo oitavo imperador do povo de R'lin K'ren A'a, aquele cuja mão direita empunha o anel com a pedra rubra de Actorios e possui vassalagem sobre o povo da Ilha dos Dragões. Ainda que virtualmente desconhecido do público brasileiro (até o momento), a saga do introspectivo e atormentado herói, divido entre sua ascendência ao Caos e sua predileção à Lei, que mata aqueles que amou e é escravo do demônio Arioch, é um marco indelével no mundo da fantasia épica e fantástica.

"Alguns dizem que ele era um feiticeiro, ou um chefe guerreiro, mas ele é o ladrão de almas, que são colhidas pelo Senhor do Caos. E ele está preso numa armadilha  no tempo, lentamente perdendo seu poder" (HAWKWIND, 1985).

ELRIC DE MELNIBONÉ é albino, tem cabelo compridos, olhos vermelhos e é muito doente, dependendo de drogas para exercer as funções que qualquer humano faria. A sina do "Elfo", todo povo de Elric tem aparência de Elfo, muda quando a espada Tormentadora, Stormbringer no original, o escolhe. A espada é habitada por um demônio, com vida própria; que suga a alma das vitimas e dá algo da vitalidade delas para Elric...


Arte de Robert Gould.
A mais completa e famosa criação do anarquista inglês Michael Moorcock, autor de mais de uma centena de títulos, muitas adaptadas paras as Histórias em Quadrinhos, muito inspira o rock pesado desde os anos 70, sendo mais influente para o Heavy Metal dos anos oitenta, notadamente na Europa. Elencamos todas as referências conhecidas ao bárbaro, guerreiro, rei e feiticeiro, por ordem cronológica, com um vídeo de referência.

Empunhe firme a Tormentadora, e se aventure pelos perigos do Multiverso em nossa listagem!

01 . DEEP PURPLE (1974) "Stormbringer".



Ainda que Richie Blackmore e companhia nunca tenham admitido, é no segundo disco do grupo com a formação David Coverdale e Glen Hughes, que encontramos (talvez) a primeira homenagem registrada em disco ao herói que é a antítese de Conan. A letra da música pode ser interpretada como um furação avassalador (que é a hipótese defendida pela banda) ou uma espada que veio para sangrar, mutilar e à qual a ira não há escapatória. O próprio Michael Moorcok é que aponta que a banda se influenciou por sua obra.

02 . MAGNUM (1974) "Stormbringer"



Essa é uma das primeiras gravações da seminal banda inglesa de A.O.R., infelizmente não entrou no debut do grupo, "Kingdom Of Madness", de 1978. Ao se ouvir a canção, ouvimos um MAGNUM muito mais calmo e com muita influência de JETHRO TULL, notadamente pela flauta do (também) tecladista Richard Bailey (futuramente do WHITESNAKE e PHENOMENA). Essa canção só foi redescoberta nos anos 2000, ao entrar para compilação "Long Days, Black Nights" e uma versão ao vivo consta no bootleg "Days of Wonder - Live 1976". Caso tivesse sido lançada nos anos 1970, e como o MAGNUM nunca teve problema em assumir isso, teria sido a primeira referência musical de Elric.

03 . HAWKWIND (1975) "Warrior on the Edge of Time".



Ainda que já houvesse colaborado com no álbum "Space Ritual", de 1973, o autor Michael Moorcok foi abordado pelos criadores do Space Rock para criar um conceito para seu disco de 1975. Moorcock, então utilizou sua ideia do "Campeão Eterno", Eternal Champgion, que permeia toda os livros voltados ao soberano de Melniboné. Nesse disco, o autor emprestou seus talentos vocais a três vinhetas, além de ser coautor da música "Kings Of Speed"; que coincidentemente foi lançada em single contendo de Lado B "Mötorhead". A própria capa do disco é considerada a primeira vez que Elric figurou estampado num LP, ainda que o desenho seja tão distante que haja controvérsias.



O grupo continuou buscando ideias com seu conterrâneo. Porém, em 1985, os ingleses do Hard Rock Psicodélico, lançaram o disco "The chronicle of the Black Sword, todo ele com composições da banda baseada em diversos livros de Elric. No ano seguinte, eles deram um passo adiante e lançaram um álbum duplo ao vivo (uma hora e meia de duração), só com músicas inspiradas pela saga de Elric. Mais que isso, o próprio Michael Moorcock gravou novas narrações e aparece no VCD, lançado nos anos 2000, dos shows. Em prefácio da edição portuguesa de "Elric - Principe dos Dragões", Moorcock admite que o HAWKWIND é a banda favorita dele; pela dedicação do grupo de Dave Broock à sua obra, nada mais justo.

04 . TYGERS OF PAN TANG (1978)



Formada em 1978, o ótimo grupo da N.W.O.B.H.M. tem o seu nome tirado dos elite de guerra dos "Teocratas de Pan Tang", um grupo aliado ao Caos, que atocaia Elric. Não obstante, essa referência marcante no nome (a primeira do tipo), a banda do guitarrista Robb Weir nunca escreveu sobre o Multiverso de Moorcock.

05 . BLUE ÖYSTER CULT (1980) "Black Blade".



A canção sobre "a espada que me chama de mestre, porém me sinto como escravo" foi escrita em conjunto por Eric Bloom, vocalista guitarrista do grupo de hard rock estadunidense, com o próprio Michael Moorcock. A primeira parceria entre autor e músicos se deu um ano antes, na canção "The Great Sun Jester" (do álbum "Mirrors"), e se repetiu no disco de sucesso "Fire Of Unknown Origin" (1981) com a música "Veteran of the Psychic Wars".

06 . CIRITH UNGOL (1980) "Frost And Fire".



O grupo estadunidense de Heavy Metal tradicional em que Elric ultilizou Elric na capa dos quatro discos lançados pela banda entre 1980 e 1991, quando em atividade. Apenas uma compilação póstuma de 2001 quebrou a sequência. Não obstante tantas referências visuais, somente uma música, lançada no disco "One Foot In Hell", fala da luta da Lei contra o Caos, e leva como título, a cidade dos ladrões.


07 . DIOMAND HEAD (1982) "Borrow Time".



Lembrada por ser uma banda underground que, assim como o BLITZKRIEG, o gigante METALLICA fez cover, os ingleses têm a faixa título deu segundo full-length baseada no guerreiro dúbio que empunha uma espada negra. Além da música, a capa do disco é de autoria de Rodney Matthews (que já trabalhou com THIN LIZZY, MAGNUM, ASIA etc.), representando Elric e a cidade de Tanelorn. Matthews tem boa parte de sua obra inspirada nos livros de Moorcock.

08. WOLFBANE (1982) "Elric Of Melnibone".



Não confundir com a banda inglesa que apresentaria ao mundo o futuro vocalista do IRON MAIDEN e cujo Wolf está no plural no nome. Esse grupo da N.W.O.B.H.M. lançou duas demos na época (essa faixa é da segunda fita), sendo que o material compilado em 2009.

09 . MOURNBLADE (1983)



Com nome baseado na espada irmã de Stormbringer, essa banda "psicodélica" da N.W.O.B.H.M. foi formada em 1983 e lancou dois discos completos na década de 1980. Possuí muitas referências ao Multiverso de Moorcock, ainda que nenhuma delas exclusiva do tema.

Desambiguação:

Há, ou houveram, outras três bandas chamadas MOURNBLADE.
- Thrash Meal, 1986, nos EUA, lançando o EP "Mangled Lies" em 2006, com músicas baseadas em Elric.
- Metal Melódico, 1996, nos EUA, lançando um disco auto-intitulado em 1996, sem outra relação musical.
- Black Metal, 1997, na Grécia, possui um disco auto-intitulado de 2007, com músicas para Elric e outras literatura, como Senhor dos Anéis.

10 . STORMBRINGER (1983).



Banda suíça nomeada com designação original da espada Tormentadora (ou Tormentífera), de Elric. A banda lançou um disco auto-intitulado, além de figurar na coletânea"Axe Attack", que inclusive saiu no Brasil, com a canção "Seachin'", um excelente Hard'n'Heavy. Essa mesma coletânea tinha nomes famosos, como VENON, HAWKWIND, DEMON, WAYSTED e AVENGER, além de outros totalmente obscuros como SAVAGE, NIGHTWING e LIMELIGHT.

11 . NOISEHUNTER (1986) "Stormbringer".



A arma famosa do (anti) herói inspirou a próxima aparição em nossa lista é o debut da banda alemã, NOISEHUNTER, "Time to Fight". O grupo ainda soltou mais dois discos antes de acabar na década de 1980, voltar na década de 2000, liberar mais um play e desaparecer de novo.

12 . ARIOCH (1988).



O demônio padroeiro inspirou o nome do grupos estadunidense que fazia Thrash Metal com passagens de Power Metal e Metal Progressivo. Acabando em 1991 sem deixar vestígios, foi só em 2010 que saiu uma compilação de dez músicas com duas demos do conjunto. Dessas músicas, registradas entre 1989 e 1990, algumas falam sobre Elric.

Desambiguação:

Outros grupos com nome inspirado pelo vilão:
- Death Metal, 1993, nos EUA, lançada demo "Disciples of Darkness" no mesmo ano.
- Black Metal, 2010, na Alemanha, lançado o EP "Civitas Diaboli" no mesmo ano.
- Black Metal, 2013, nos EUA, lançado uma Demo e um EP.

Nas três bandas é desconhecido se existem músicas inspiradas em Elric.

13 . NECRONOMICON (1988) "Escalation".



Vindos da Alemanha, o quarteto thrasher do vocalista e guitarrista Freddy, está ativo desde 1984 e tem um hábito incomum dentro do Thrash Metal, que é incluir capas e temas líricos referentes à fantasia. Seu ápice, foi com o disco "Escalation". Teriam eles pedido para Arioch conjurar um feitiço em ajuda? Ainda contendo uma bela imagem de batalha com Elric na capa, o grupo só veio mesmo compor uma música em homenagem ao melnibonês na faixa de abertura do play "Constrictor of evil", de 2004, chamada "Stormbringer".



Contribuição do Rodolfo Paes.


14 . APOLLO RA (1989) "Bane of the Black Sword".


O Power Metal da banda estadunidense de curta existência APOLLO RA também prestou uma impressionante homenagem ao legado de Moorcock. A música "Bane of the Black Sword" está na segundo demo da banda, chamada "Ra Pariah", que posteriormente foi relançada em cd, com escassa prensagem.

15 . BLIND GUARDIAN (1989) "Fast To Madness".



Notórios por fazer músicas baseados em autor clássicos da fantasia como Philip K. Dick (Blade Runner), Stpehen King (Tommyknockers), Frank Herbet (Duna) e Tolkien (Senhor dos Anéis), os alemães do power metal, à partir de seu segundo disco, "Follow The Blind", dedicaram muitas canções à obra de Moorcook. No referido disco de 1989, Elric aparece em "Fast to Madness" e "Damned for All Time". No álbum "Somewhere Far Beyond" (1992) a trama volta em "The Quest for Tanelorn". O mesma cidade é assunto no disco "At the Edge of Time" (2010) com o som "Tanelorn (Into the Void)".

16 . STORMBRINGER (1993) "Stealer of Souls".



Banda estadunidense obscura de curta duração. Além de ser nomeada com a espada de Elric, TODAS as músicas da demo lançada em 1993 e do EP autointitulado do ano seguinte são baseadas na saga do campeão eterno de Michael Moorcock.

17 . CAULDRON BORN (1997) "Sword's Lament".


A espada que se alimenta da alma de suas vítimas para energizar seu senhor, Elric, que na verdade é um escravo da lâmina negra, foi abordado pela banda estadunidense de metal melódico em seu primeiro registro oficial.

18 . DOMINE (1997) "The Chronicles of the Black Sword".



O grupo italiano dedicado ao metal melódico, talvez seja a banda com maior fanatismo à saga de Elric: não só uma porção de suas músicas são baseadas no herói, mas ele aparece na capa de todos os cinco discos da banda e autor Michael Moorcook recebe agradecimentos em todos eles.

19 . DARK MOOR (2000) "The Fall of Melniboné".



Outra banda de Metal Melódico europeia, desta vez da Espanha, aparece na lista. A canção que fala da queda da nação de Menilboné apareceu como bônus japonês do disco "Hall of the older dreams", só sendo lançado nos demais mercados num EP lançado três anos depois.

20 . BATTLEROAR  (2003) "Mourning Sword".




A banda grega de metal épico dedicou canção de seu primeiro disco à espada irmã de Stormbringer, utilizada por Yyrkon, o vilão primo de Elric.

21 . ZAKAS (2003) "Illegitimus Non Carborundum".



Detentor de um estilo chamado de "metal de vanguarda" pela completa impossibilidade de se definir que gênero de música é essa, a banda de um homem só ZAKAS colocou o herói Elric na capa de seu segundo e último disco.

22 . SKELATOR (2005) "The Coming of Chaos".



Na ativa desde 1988 em Seattle, EUA, fazendo Speed Metal e Epic Metal, essa banda de vocal estridente só gravou sua primeira demo em 2000 (e tinha a She-Ra na capa)... Enfim, em 2005, saiu o primeiro EP, chamado "Swords", com esse longo tema que descreve a avançada do Caos para destruir a Terra no livro "A Espada Diabólica". Tal canção é introduzida por uma vinheta "Time Of The Sword Rulers", com uma poema escrito pelo próprio Michael Moorcock.

23 . ASSEDIUM - "The Messenger of Chaos" (2006)



Novamente na Europa e no metal épico, vêm da Itália a derradeira referência ao livro "A Espada Demoníaca", no disco "Rise Of The Warlords"

24 . VALIDOR (2005) "In Blood In Battle".


Banda grega de um homem só, Odi Thunderer, que classifica seu estilo de Folk / Power como "Blood Metal". Usando de 2005 a 2008 o nome de EPIC STORM, em 2011 o grupo soltou seu debut "In Blood In Battle", sendo a penúltima referência conhecida ao imperador de Melniboné na música. Das dez faixas que integram o disco, seis delas são sobre o personagem principal de Moorcock. São elas: "Stormbringer", "The Dark Tower", "Through the Storm", "Stealer of Souls", "The Last Emperor" e "Sword of Vengeance.


25 . NÚMENOR (2012) "The Eternal Champion".



Horda de Black Metal Épico original da Sérvia com nome inspirado na literatura de J.R.R. Tolkien. A música deles baseada na obra de Michael Moorcock saiu num Slip com o ADVENT SORROW, 2011, e depois entrou para o debut "Colossal Darkness", lançado um ano depois.

Arte de Michael Whelan.

Até o momento, a única publicação em livro de Elric no Brasil, e de toda a obra Michael Moorcock, foi "A Espada Demoníaca", lançada pela Editora Livraria Francisco Alves, Rio de Janeiro, em 1975. A Ed. Globo publicou em 1990 uma adaptação em HQ chamada "Elric - A Cidade dos Sonhos" (Roy Thomas & P. Craig Russel). No ano seguinte uma outra minissérie em quadrinhos, "Navegante nos Mares do Destino" saiu pela editora Abril. Em 2013, a editora Arte e Letra, Curitiba / PR, publicou o conto "A Cidade do Sonhar" na coletânea "Crônicas de Espada e Magia".

Em Portugal, mais três livros da saga foram lançados: "Elric: Príncipe dos Dragões" (1972/2005), "Elric: A Fortaleza da Pérola" (1989/2006) e "Elric: Os mares do destino" (1976/2009). Ainda continuam inéditos em português os seguintes livros: "The Vanishing Tower" (1970), "The Bane of the Black Sword" (1976), "The Weird of the White Wolf" (1977) e "The Revenge of the Rose" (1991).

Elric de Melniboné virá a se tornar mais popular no Brasil, pois a Editora Generale, por meio de sua página no Facebook, anunciou que pretende publicar toda a saga no Brasil. O primeiro volume se chamará "A Traição do Imperador" e deve ser lançado ainda em 2014.

Sites relacionados (em inglês):

http://pt.wikipedia.org/wiki/Michael_Moorcock
http://pt.wikipedia.org/wiki/Elric
http://en.wikipedia.org/wiki/Elric
https://www.facebook.com/Melnibone?fref=ts

quarta-feira, setembro 11, 2013

Jeff Godwin: conheça um dos maiores opositores do rock.

Publicado originalmente no site Rockeiro Brasil em maio de 2013
"O que um grande inimigo do rock pensa de suas bandas favoritas".


Você que lê esse texto com já deve ter ouvido de alguém que ouvia rock/metal e, de repente, parou de curtir som. Até ai, não há problemas. Cada pessoa é livre para decidir e mudar seus gostos. O grande problema, é quando uma pessoa larga algo que é um hobbie, um lazer, e começa a criticar as pessoas que que continuam a seguir pelo caminho que ela deixou. Citar exemplos desse tipo seria enfadonho. Você, com certeza, conhece alguém que parou de fumar e agora é o opositor mortal do cigarro? O rock, ao longo de suas seis décadas, já teve muitos opositores, e um dos maiores deles passou exatamente pelo processo descrito acima.
O pastor Jeff Godwin na época que lançou seu primeiro livro.

Conheça um senhor estadunidense chamado Jeff Godwin. Sua influência maior se deu no meio dos ano oitenta, quando ele comandou um ataque violento ao rock’n'roll. Até 1984, Godwin, cuja data de nascimento não conseguimos apurar, era viciado em drogas e tocava em bandas de rock. Talvez o extremismo seja uma constante na vida dele, pois após se converter ao cristianismo fundamentalista, o que até então “cada um é livre para escolher sua religião” ele começou a culpar o rock por muitas das mazelas do mundo.

De acordo com ele, a origem do rock’n'roll se deu há mais de mil anos, com ritmos criados por Satã e seus demônios, com capacidade de influenciar, de uma maneira subliminar, quem os esteja ouvindo. Esses ritmos vieram da África, e através do jazz e do blues, e outros estilos que assim como o rock descendem da música negra, e se consolidaram no rock’n'roll. Sentiu a tensão? Então, segure a onda, pois segundo Godwin, o rock ainda inspira todos as formas sombrias de Satã, como “rebelião, ódio, abuso de drogas, suicídio e fornicação (ato sexual)”.
Mas como esse Godwin ficou tão famoso após se converter? Em 1986, ele escreveu seu primeiro livro, ou primeira investida, para “parar” o rock’n'roll. Além da doutrina religiosa, Godwin reivindica o título de “pesquisador do rock” na sua obra “Devil’s Disciples: The Truth About Rock Music”, que é carregada de preconceitos e moralismos.
Confira abaixo essa lista com os comentários do pastor sobre cada um dos grupos, traduzidos pelo site Combate Rock, considerados mais “perigosos do rock’n'roll”:

1 . AC/DC: “Essa banda causou mais danos que qualquer outra por aí”.

02 . ROLLING STONES: “Esses drogados hedonistas e miseráveis inventaram o Rock diabólico”.

03 . LED ZEPPELIN: “Um grupo de caçadores de emoções ocultas, com um catálogo de negativismo, melancolia e óperas sexuais e sensacionalistas de Heavy Metal”.



04 . MÖTLEY CRÜE: “Uma quadrilha de bocas sujas e fornicadores que espalham abertamente seu estilo de vida detestável”.

05 . KISS: “Não contentes com os milhões de dólares já roubados de seus fãs, que são basicamente garotas de treze anos, o KISS parece longe de desaparecer na lata de lixo do Rock”.

06 . TWISTED SISTER: “Atitude animalesca, machista, combinada com preferências sexuais estranhas e doentias. Uma das bandas mais prejudiciais da atualidade”.

07 . JUDAS PRIEST: “Ocultismo, postura de motoqueiros nazistas, violência, violência e violência. O mundo fica ainda mais insano com esse nojento grupo de fascistas do Rock”.

08 . BLACK SABBATH: “Um detestável grupo de necrófilos, adeptos da bruxaria”.

09 . OZZY OSBORUNE: “Repetidos e nojentos atos inconsequentes de depravação e vulgaridade”.



10 . W.A.S.P.: “Uma junção dos mais perversos elementos do Rock atual. O nome da banda significa ‘We Are Sexual Perverts’ (Nós somos pervertidos sexuais). E a música que fazem prova isso”.
Nós acreditamos a música é cultura e uma forma de expressão. A religião, também é um traço cultural da humanidade, dando respostas a questões transcedentais e proporcionando conforto em horas dificéis. É uma lástima que existem pessoas que queiram confrotar a ambos em termos binários de bem e mal. Nós, que não somos contra nenhuma forma de religião, só temos a lamentar a insistência de Godwin contra o nosso amado rock’n'roll.

Livros lançados por Jeff Godwin (tradução livre entre parentêses):

1986 – Devil’s Disciples: The Truth About Rock Music (Discipulos do Diabo: a verdade sobre a música do rock).
1988 – Dancing With Demons: The Music’s Real Master (Dançando com demônios: o verdadeira mestre da música).
1990 – What’s Wrong With Christian Rock? (O que está errado com o rock cristão?).
1995 – Rock & Roll Religion: A War Against God (Rock & Roll como religião: uma guerra contra Deus).

Sites relacionados:
http://en.wikipedia.org/wiki/Jeff_Godwin/
http://blogs.estadao.com.br/combate_rock/




Eles fizeram mesmo isso? Quando grandes bandas decepcionam os fãs.

Publicado originalmente no site Rockeiro Brasil em abril de 2013.

Poucos são os grupos de rock pesado que conseguem atravessar décadas sendo sempre reverenciados por seus fãs. AC/DC, UFO, BLUE ÖYSTER CULT, e outras, são bandas que vêm desde os anos 70 buscando aquilo que somente o THE ROLLING STONES conseguiu alcançar, tendo uma década a mais de carreira que eles: continuarem sempre na ativa e nunca lançando um único disco decepcionante aos seus fãs. Não estamos fazendo referência à discos que carecem de inspiração nas composições, ou a falta de um membro-chave do grupo faz toda a diferença, como poderia ser o “The X-Factor” do IRON MAIDEN. Estamos falando de bandas que, subtamente, têm uma mudança bruta no seu estilo musical, desapontando a legião de fãs que as acompanhavam; à partir dai a banda ou voltou ao seu gênero de origem ou aceitou ter público reduzido.

No caso do Hard Rock e do Heavy Metal, nosso foco aqui, o período que mais desses deslizes aconteceram foi na década de 1990. Talvez cansados do estilo que de rock que faziam há anos, ou por pressão das gravadores e empresários por querer algo “mais grunge ou alternativo” muitas bandas outrora de respeito, cometeram deslizes terríveis (aos ouvidos tradicionais).

Listamos abaixo dez discos e bandas que se enquadram nessa categoria, respeitando a ordem cronológica dos lançamentos:

01 – DIO “Strange Highways” (1993).



Muitos vão estranhar uma celebridade tão celebrada do metal encabeçar a lista. Outros vão dizer que a culpa é do guitarrista Tracy G (que inclusive foi tratado com desprezo pelos fãs quando se apresentou com a banda no Brasil, no Skoll Rock). Há quem indique que esse disco não é “tão ruim”, que a última faixa ou uma outra se salva. É díficil chegar a um consenso que não seja que esse é o play com sonoridade mais estranha já lançado pelo soberbo vocalista. A aceitação do CD foi tão ruim que esse é o único disco do DIO (até onde apuramos) que nunca foi lançado no nosso país e que no álbum seguinte “Angry Machines” (1996), a banda optou por voltar onde o “Dehumanizer” (1992) do BLACK SABBATH havia parado. Na época era comum ouvir os headbangers dizendo algo como “mas o DIO foi sair, de novo, do BLACK SABBATH para fazer isso?”.

02 – LOUDNESS “Heavy Metal Hippies” (1994).



Oriundos da terra do Sol Nascente, o LOUDNESS foi uma das bandas mais respeitadas da década de 1980. Após a saída de Minoro Niihara, eles tentaram passar o microfone a Mike Vescera (MALMSTEEN, DR. SIN) e finalmente Masaki Yamada (EZO), se firmou como vocalista em 1992. Se no primeiro disco (auto-intitulado) dessa nova formação eles ficaram ‘um pouco mais modernos’, foi em “Heavy Metal Hippies” que a coisa desandou. À partir dai, o grupo japonês aderiu cada vez mais ao som “modernozo de experimentação”, nunca voltando atrás; só que por causa disso os lançamentos posteriores da banda ficaram restritos ao mercado japonês.

03 – DEF LEPPARD “Slang” (1996).



Foi no mesmo ano que outrora banda inglesa de Heavy Metal, que já havia se firmado no Hard Rock nos dois discos anteriores, se apresentou pela primeira, e última, vez no Brasil. Quando esse clipe começou a circular na MTV e a música a tocar nas FM’s foi decepção geral. Ainda que os apresentadores pedissem que o público “tivesse mente aberta” e que “rock era mais só aquilo”, não teve jeito. Ainda que não tenha sido o último disco do DEF LEPPARD lançado no Brasil, um dos dois shows que a banda faria em São Paulo foi cancelado por falta de público. O grupo nunca mais voltou à sonoridade apresentada entre 1979-1992, ainda que tenha incluído músicas antigas como “Hello America” em seus set-lists das últimas turnês.

04 – DOKKEN “Shadowlife” (1997).



Eis que novamente encontramos o baixista Jeff Pilson na lista. O grupo de hard’n'heavy do vocalista alemão Don Dokken havia acabado oficialmente em 1989, com seus membros buscando carreiras solos. Em 1995 a banda se re-agrupou e eles lançaram “Dysfuncional”, que não obstante a baixa repercussão, agradou os fãs mais fiéis do conjunto. O lançamento seguinte foi a derrocada. Eles haviam virado grunge? Ou um grunge com os solos virtuosos de Geroge Lynch? Não deu certo e para continuar existindo o grupo teve de voltar ao rock pesado que eles sabem fazer melhor à partir de “Erase the Slate”, de 1999.

05 – JUDAS PRIEST “Jugulator” (1997).



Esse foi um disco que dividiu opinões à época de seu lançamento. O Judas Priest havia abaixado a afinação de seus instrumentos, incluído efeitos e cadenciado o andamento das músicas. Muito pesado, é verdade, porém anos luz de distância de discos clássicos como “Hell Bent for Leather” ou “Screaming for Vengeance”; o que causou descaso de muitos fãs. Injustiçado nessa estória foi o novo vocalista Tim “Ripper” Owens (futuramente no ICED EARTH), que foi acusado de ter sido os responsável por tantas mudanças na banda. O grupo ainda resistiu por alguns bons anos nessa pegada antes de chamar de volta o membro fundador Rob Halford (FIGHT, HALFORD) e apostar numa sonoridade mais tradicional.

06 – KISS “Carnival Of Souls” (1997).


Quando essa música estreiou rádio Brasil 2000 o locutor dizer, “mas é o mesmo o Paul Stanley que está cantando? Que diferença”! Não era só a voz, como tudo estava mudado no KISS. À época já havia tido o “Acústico MTV” e a formação original já estava escalada para voltar mascarada, então não houve turnê ou clipes para “Carnival Of Souls”, apenas o lançamento em CD simples (que já podia ser encontrado antes de sair em versão pirata). Maior baixo alcançado pelo KISS na sua fase sem máscaras, esse disco e essa sonoridade foram totalmente esquecidos.

07 – MÖTLEY CRÜE “Generation Swine”



“Eles já foram posers, agora são porcos” dizia nota na revista Rock Brigade quando esse disco foi lançado. Pobres suínos, nunca foram tão ofendidos. Para quem começou como uma banda de Heavy Metal tradicional (em seus dois primeiros discos) e depois passou a ser símbolo da geração Hard Rock, o MÖTLEY CRÜE escorregou no feio no tomate a tentar se parecer o MARLYNM MANSON. Pior, justamente no disco que marcava a volta do vocalista original Vince Niel, após um cd mal-sucedido com John Corabi (UNION) nas guitarras e vocais. Felizmente, no próximo álbum, “New Tattoo”, 1999, o grupo voltou onde “Dr. Feelgood” havia parado dez anos antes.

08 – RATT “Collage” (1997).



Realmente o ano de 1997 foi ruim para os fãs do metal oitentista. Outra banda reunida para lançar um disco nesse ano, o RATT, passou longe de clássicos como “Out Of the Cellar” ou “Dancing Undercover”. O som e os visuais modernos da década de 1990 realmente não combinou com o grandioso RATT, que só foi se redimir com o público fã dos anos oitenta em 2010, com o disco “Infestation”.

09 – W.A.S.P. “Kill Fuck Die” (1997).



Conhecido como o disco da geladeira, 99.9% dos fãs acham que esse cd deveria ter ficado no freezer. Após dois discos solo lançado sob o nome de W.A.S.P., Blackie Lawless se juntou ao seu antigo parceiro Chris Holmes e resolveram compor um disco inteiro juntos… que descrevesse musicalmente o vício em cocaína! Misturar metal e música eletrônica foi falha total. Em sua autobiografia (30 anos de Trovão), Lawless se lamenta pelo disco, alegando que a música foi composta pensando-se no show ao vivo e o correto é fazer ao contrário. Que desculpinha, hein? De positivo, “K.F.D.” deu um núcleo forte à formação do W.A.S.P. e remontou o grupo enquanto uma banda; que nos lançamentos posteriores voltado ao metal tradicional com toques de Hard Rock. Ainda assim, o grupo tocou “Kill your Pretty Face” na sua primeira apresentação no Brasil em 2005. Teria Lawless realmente se arrependido por “K.F.D.” ou a perspectiva de perder o público o assustou?

10 – SCORPIONS “Eye to Eye” (1999)



Não é por Klaus Meine e Mathias Jabbs terem cortado o cabelo. São pelas influências apresentadas no disco serem tão distantes do som clássico dos alemães quanto o visual de Hulk Hogan é do de Dee Snider. “Eye to Eye” é unanimamente o disco mais odiado entre os fãs de SCORPIONS. Note que a banda já havia mudado habilmente de estilo, dentro do hard rock, mas sempre angariando mais fãs. Felizmente, para os discos posteriores, “Eye To Eye” não passou de um pesadelo.

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Encerramos nossa viagem. Lembramos que bandas como PANTERA, ANTHRAX e METALLICA não são citadas aqui, por elas terem conseguido angariar mais e mais fãs com a sua mudança de sonoridade nos anos 90. Sentiu falta de alguma banda? Alguém não deveria estar aqui? Então, use o espaço de comentários abaixo para expor sua opinião, sempre lembrando de se respeitar quem faz o site e as opiniões diversas.
Nos anos 2000 muitas outras bandas também resolveram se modernizar a alterar seu estilo… mas isso é assunto para outro texto.

Agradecimentos à Nádia Schenker por lembrar do SCORPIONS e do DEF LEPPARD.