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terça-feira, dezembro 29, 2020

THIN LIZZY: Phil Lynott era tímido, atrapalhado e tinha medo de ser rejeitado.

Tradução de Willba Dissidente para entrevista com a cineasta irlandesa Emer Reynolds conduzida por pelo jornalista Patrick Feyne sobre o documentário "Phil Lynott: Songs for While I'm Away". O texto original foi publicado no portal Irish Times em 26 de dezembro de 2020, data de estreia do filme nos cinemas da Irlanda.

Título Original:
Phil Lynott: ‘I didn’t know how shy he was, how awkward, and scared of rejection.

Link orginal:
https://www.irishtimes.com/culture/music/phil-lynott-i-didn-t-know-how-shy-he-was-how-awkward-and-scared-of-rejection-1.4429997?mode=amp


THIN LIZZY em Dublin no começo de 1974. Foto de Michael Putland.

Com depoimentos da família e amigos próximos, o novo filme da diretora Emer Reynolds "Songs For While I'm Away" (Músicas para quando eu estiver ausente), apresenta uma narrativa diferenciada sobre o frontman do THIN LIZZY. 


Muitos de nós estivemos falando o nome de Phil Lynott errado. Até mesmo Emer Reynolds, diretora do divertido filme "Songs for While I'm Away" que celebra o frontman do Thin Lizzy, peleja com a pronunciação correta.

"Não tem como eu rebobinar meu cérebro", ela afirma. "Eu e todo mundo em Dublin temos chamamos ele de Phil Linnet desde sempre. Lynott (lie-not) é a pronuncia correta do nome (lai-noty em português). Phil sempre corrigia as pessoas. Ele costuma dizer "Why not lie-not" e sua avó dizia sempre (sobre seu sobrenome) "nós não somos uma família de passarinhos. Mas o dublinenses tem o seu jeito próprio de fazer as coisas. E ele preferia Philip. Ele não ligava para Philo, mas eu acredito que ele não gostava de Phil. Só que a banda sempre o chamava de Phil, então o nome ficou". Ela dá risada. "Ele era um homem problemático até mesmo com o próprio nome".





Thin Lizzy em um camarim em Londres durante 1974. Foto de Michael Putland.

Reynolds, cujos trabalhos anteriores incluem "Farthest" (sobre o programa espacial Voyager) e "Here Was Cuba" (sobre a crise dos misseis em Cuba durante a Guerra Fria), ama Lynott e THIN LIZZY há muito tempo. "Minha irmã e eu tivemos dois namorados da escola secundária St. Joseph's em Fairview e eles eram fanáticos pelo Lizzy", ela revela. Eles nos apresentaram o Lizzy quando eu tinha 15 ou 16 anos. Eu era meio "pegajosa" em termos de música. Eu curtia CHRIS DE BURGH e STEELY DAN e NEIL YOUNG. Eu estava atirando para todos os lados. Mas então eu tive a apresentação adequada de todos os discos e ficava desconstruindo todas as letras e cai numa obsessão no meio da adolescência pelo THIN LIZZY. Eu tinha um estêncil deles na minha mochila de escola. De verdade, eu fui no último show deles em Dublin em 1983".

No filme da diretora, os membros da banda e amigos atestam que o último show em Dublin foi uma performance peculiarmente mediana. "Mas eu achei incrível", diz Reynolds. "Foi muito emocional e eu não conseguia acreditar que era o fim. Parecia que eles ficariam lá para sempre. Achei que talvez eles romperiam e iriam fazer outras coisas e então voltariam a tocar juntos. Me sinto muito privilegiada de ter tido a oportunidade de vê-lo. Eu estava comendo na palma da mão dele, Lynott, e ainda que fosse uma performance inferior do THIN LIZZY, a audiência estava berrando e havia muita alegria. Ainda assim eu sabia que eles estavam chegando ao fim e ele estava lutando muito contra o vício".

Lynott faleceu em 1986, tragicamente jovem, com 36 anos, e isso tem ofuscado sua estória desde então. "Obviamente, quando ele faleceu, isso foi imediatamente conectado com o fato dele usar drogas", argumenta Reynolds. "Foi muito triste que fosse essa a estória contada, ao invés de se narrarem de sua ascensão incrível, de seu talento. Eu gosto de pensar que que nos anos entre aquela época e agora, nós nos tornamos mais maduros enquanto sociedade e temos muita mais compreensão em relação as pessoas com esses tipos de problemas em suas vidas. Nós não julgamos mais tão rápido".

THIN LIZZY ao vivo em Wembley. Foto: Fin Costello / Redferns.

Parte do que Reynolds está tentando fazer em seu filme é sutilmente subverter a narrativa de "ascensão-e-queda" com a presença de amigos íntimos e parentes, incluindo, pela primeira vez, as filhas de Philip. "Eu não estava interessada nesse tipo terrível, sensacionalista e lascivo de narrativa de tabloide de um rockstar que destrói quartos de hotel e então cai terrivelmente em desgraça. Eu estava interessada em algo com mais nuances, que focasse no poeta, no musicista, no homem por trás daquela imagem".

Então, seu filme foca nos relacionamentos de Lynott, na sua arte e o quão forte ele trabalhou nela. A propósito, o disco favorito de Reynolds é "Nightlife" do THIN LIZZY.  Por que então ela quis evitar a versão mais lasciva da estória? "Eu acho que sei", ela começa, "todos conhecemos essa estória e a vida de Phil Lynott cabe direitinho nela... esse pobre, filho ilegítimo criado pela sua vó, sua grande escalada ao sucesso, cem mil pessoas no Sydney Opera House, então chegam as drogas e ele perde tudo e morre ... é a estória que conhecemos, que foi contada 100 vezes.

"É um clichê, uma estória de machão, e eu acho que há um interesse salaz na queda. Eu não acho isso interessante. O que me interessa é sobre ele em sua vida, não sua morte ... O que o fazia funcionar? O que o fez escrever as músicas que ele escreveu? Como um pequeno menino mestiço em Dublin na Irlanda dos anos 1950 e 1960 sonhou sua vida e forjou seu caminho? Eu acho isso incrível".

Philip tentava revelar seu eu real por meio de suas músicas, mas por vezes isso era encoberto por essa grande e barulhenta banda de Rock. Ele estava se desviando o tempo todo.

Ela tinha alguma ideia pré-concebida sobre Lynott? 

"Como uma fã idiota, eu comprava muito do que eu estava vendo", ela admite. "Eu achava que ele era super confiante e sabia exatamente o que ele estava fazendo. Isso é certamente o que ele exalava no palco. Então, eu desconhecia o quanto tímido ele era. Eu não sabia o quão atrapalhado ele era, quão vulnerável e não sabia do seu medo de rejeição. Eu não percebia que ele havia criado essa imagem rocker, essa persona Rock 'n' Roll, essa super-imagem como uma forma de disfarçar a si mesmo, como uma forma pela qual você poderia interagir com o mundo". 

"E, também não sabia da jornada que ele passou desde ser aquele menino tímido, poético, que estava interessado na cultura e na mitologia da Irlanda e teve esses sonhos de criar canções, até esse outro personagem; mais velho, sexy e uber masculino (extremamente masculino)".

Então, de onde veio isso tudo? "Eu acho parte da estória de como era veio do qual raro ele era e também o quão amado ele foi", ela opina. "Ele fala do amor que ele teve na família Lynott quando ele chegou na Irlanda. Ele não foi separado e enxotado. Ele foi absorvido nessa grande família de Crumlin que o adorava. Ele teve de se separar de sua mãe e veio morar em Dublin com sete anos. Há muitas trevas e tristeza nisso. Certamente, se separar de sua mãe deve ter rasgado um buraco enorme em seu eu interior e em suas crenças. Mas ele veio para cá e foi amado. Isso é muito claro em todas suas estórias. Não era a Irlanda multicultural que nós conhecemos hoje. Ainda assim ele conseguiu se destacar. 

"Lynott se destacou, de qualquer maneira. Ele era interessado em roupas. Ele era interessado em estilo. Ele ficava bem feliz sendo um estravagante, empavonando-se e sendo único. Então, ele ganhou muito da sua  confiança em sua infância, eu acho. Escondida entre a perda, a separação e a vulnerabilidade havia uma grande autoconfiança". 



Phil Lynott em 1979. Foto: Koh Hassabe.

Em sua adolescência, a diretora não questionava a imagem pública do ídolo. Ela continua. "Ele era tão bonito e expressivo. Literalmente, corporificava para mim o sex appeal... Eu nunca realmente vi que poderiam haver outras partes dele. Adam Clayton (baixista do U2) fala de como estrela do Pop ou do Rock precisa de uma armadura para subir no palco... Philip tentava revelar seu eu real por meio de suas músicas, mas por vezes isso era encoberto por essa grande e barulhenta banda de Rock. Ele estava se desviando o tempo todo. Mas, eu amo que ele estive se escondendo de todos.

"Ele contava como seria muito mais fácil para ele dizer 'vou te demolir' do que era 'eu te amo' e revelar a pessoa sensível e vulnerável. Ele criou um meio pelo qual poderia se relacionar com o mundo. Eu acho que Midge Ure (coorganizador do Band Aid) fala no filme que esse era o Philip que Lynott tinha em conta, que esse era o Philip que Lynott queria ser".

Sem hesitar, ele também abraçou sua origem irlandesa, o que a diretora pensa que era enormemente importante para sua reputação na Irlanda.

"Quando ele veio para a Irlanda, ele tinha um forte sotaque de Birmingham, mas com muita velocidade, na escola, ele perdeu esse sotaque e adotou essa identidade, muito coerente, de dublinense... Ele não tentou apagar seu sotaque. Ele estava muito determinado em estar conectado com aqui, sempre fez turnês por aqui e deixou a Irlanda bem perto, e sempre descreveu a banda como sendo um conjunto irlandês, ainda que, na maioria das vezes, os irlandeses fossem minoria ou só 50 % do grupo".




Capa do documentário. Fonte: divulgação.

O que faz esse documentário diferente dos seus trabalhos anteriores? "De verdade, eu senti como uma dublinense e como uma fã que eu precisava fazer Phil Lynott orgulhoso", ela admite. "Adam Clayton chegou a me dizer 'você está com uma responsabilidade e tanto nas mãos, sabia' e eu sabia. O sendo de responsabilidade, essa era a diferença. Eu estava escolhendo que partes da sua personalidade e vida focar. E eu estava bem ciente de meu papel nisso tudo. Eu estava escolhendo a cereja do bolo (mas) sempre tentando ser honesta e aberta e abraçar a verdade o tanto quanto fosse possível".


É, mais ou menos, como apresentar um ícone sagrado. Às gargalhadas, ela admite, "é assustador".

Se Lynott não tivesse falecido, o que ela pensa que teria acontecido?

"Eu gosto de imaginar, se ele tivesse vivido, o THIN LIZZY teria tido outra chance e ele estaria em turnê como todos esses rockers que estão por ai com 60 e 70 anos lotando estádios. Eu amo pensar que essa seria a jornada que ele estaria trilhando. 

A diretora Emer Reynolds. Foto: divulgação.

"Ele era um tipo muito interessante e aberto às experimentações... eu acho que se ele tivesse se regenerado e ficado vivo - em algum outro universo, isso não teria sido o máximo? - Eu acho que ele estaria fazendo um trabalho muito interessante e cheio de nuances. Realmente acho que ele teria surpreendido a todos nós".



https://www.youtube.com/watch?v=O6bz2WXoCa4

"Songs for While I'm Away", título homonimo ao primeiro livro de poemas de PHIL LYNOTT estreou nos cinemas irlandeses dia 26 de dezembro de 2020 e não há qualquer previsão de qualquer forma de lançamento no Brasil.

domingo, julho 29, 2018

GUERRA NAS ESTRELAS: conheça o lado Metal da força!

Era uma vez, em uma galáxia muito distante, um filme chamado Guerra nas Estrelas. Estreando em 1977 e, até o momento, com três trilogias, essa filme foi um fenômeno inesperado gerando discos, desenhos animados, histórias em quadrinhos, lancheiras, brinquedos .... e, principalmente para gente, inspirando inúmeras bandas de músicas pesada; do Jazz Rock ao Death Metal!


Saiba quais acompanhando a quinquagésima edição do Rock Dissidente dentro do Programa Combate. Ouço o programa todo pelo Mixcloud!




Programa Combate no ar desde 2001 pela rádio Melodia FM, 102,3 transmitindo desde Varginha para mais de cinquenta municípios. O Programa Combate passa todo domingo, das 16 às 18 horas.

Tema sugerido por Cinthya Rocha de São Paulo, Capital.


No decorrer da quadragésima nona edição rolamos músicas de DR. SIN, RAVEN, APRIL WINE, GALATIC EMPIRE e ZOMBIE HOLOCAUST.

Assista a gravação em vídeo!



Gravado em 29/07/18 sendo disponibilizado no mesmo dia nas redes sociais.

*

Rock Dissidente
 no Programa Combate

Apresentação, edição de vídeo e filmagem: Willba Dissidente. 
Técnicos de Som: Francisco Chico.
Produção técnica: Ivanei Salgado.
Produção executiva: André "Detonator" Biscaro. 

Sites relacionados: 
http://rockdissidente.blogspot.com.br/
http://www.mixcloud/RockDissidente/ 
https://www.facebook.com/RockDissidemte/ 

http://www.radiosaovivo.net/melodia-varginha/ 
https://www.facebook.com/combatefm/

quarta-feira, outubro 01, 2014

Duna: os pontos de encontro entre a fantasia épica e a música.

O universo é composto por infinitas galáxias, sendo que cada galáxia tem o tamanho de vários milhares de anos luz (cada um medindo 10 trilhões de quilometro) de comprimento. Como seria possível a exploração espacial em escala comercial em espaço tão amplo e, virtualmente, infinito? Simples, basta dobrar o Universo e fazer com que uma nave gigantesca, incluindo milhares de menores, vá de um ponto a outro do cosmo em fração de segundos. Para isso basta um ser humano que sofreu mutações provadas pela Especiaria Melange. A Especiaria Melange prolonga a vida dos usuários e os permite desenvolver de algumas habilidades sobre-humanas.



Essa Especiaria Melange passa a ser o bem mais valioso da humanidade, sem o qual inúmeras atividades cruciais dos grupos governantes cessariam. Sabia que ela também é rara? Sim, pois, a Especiaria Melange só existe em um planeta de todo o universo conhecido, Arrakis, um planeta deserto também chamado de DUNA. Sem condições de ter suas propriedades emuladas em laboratório, a especiaria só pode ser mineirada dos inóspitos desertos de Duna - planeta onde água potável é quase inexistente ; essa atividade, porém, é arriscada pois junto com a preciosa mistura veem gigantescos vermes de areia (Shai Hulud) e tempestades de areia e raios. O povo de Arrakis, os Fremens do Deserto, é recluso e mantido na pobreza pela Casa Corrino, dinastia que governa o Universo, crendo há muito que um messias virá de fora desse mundo, para os liberar para a verdadeira liberdade; transformando o inóspito planeta em verdejante paisagem e espalhando sua fé por toda a humanindade...



Esse é o ponto de partida da obra Duna, Dune no original, publicado pelo visionário autor Frank Herbert em 1965. Desde então o livro gerou cinco sequências, duas minisséries de televisão, um filme (e um documentário sobre o longa metragem que não foi lançado), vários jogos de video-game e até brinquedos (inspirados no filme). Após a morte do criador da saga, mais seis livros que contam os prelúdios de Duna foram escritas pelo filho do escritor, Brian Herbert, em coautoria com Kevin J. Anderson. Para ambientar sua obra e explorar o meandros desse inesgotável universo, Herbert criou diversos planetas, corporações, dinastias, religiões, ordens secretas e credos, descrevendo a Humanidade que habita por vários endereços do cosmo, mas os corpos celestes vivem em relação feudal entre si (mundos inteiros governados por Casas Nobres). Bruxas que praticam eugenia com a missão auto-imposta de impedir o extermínio da raça humana (Bene Gesserit), disputam com transmorfos chamados Dançarinos Faciais (Bene Tleilax) e seres que podem transmitir todas suas memórias para as próximas gerações e convivem com humanos treinados desde criança em cálculo e lógica para sempre computadores humanos (Mentats), já que as máquinas pensantes foram proibidas após quase escravizarem a humanidade na era pré-espacial; e isso é só uma pequena amostra de características superficiais da complexidade deste Universo (que além de computadores também não tem outros alienígenas humanoides que não humanos). Para dar conta de tanta diversidade, o talentoso estadunidense valeu mão de amplas descrições da biologia, política, ecologia, filosofia e história, fazendo com a trama tenha implicações psicológicas e possibilite que a imaginação do leitor vá para o infinito e além...



Tão influente e inventivo para a ficção científica quanto O Senhor dos Anéis ou Elric são para fantasia, Duna é clássico muito citado, e assim como as outras imortais obras citadas ganhou homenagens e construiu relações no mundo da música.  Diferentemente das outras obras citadas, as paisagens e situações de Duna inspiraram mais artistas de diferentes gêneros (muitos deles instrumentais) que os livros de Tolkien e Michael Moorcock; que foram abraçados quase exclusivamente pelo Heavy Metal em suas muitas ramificações.

Ajuste seu traje destilador para se embrenhar fundo no deserto e que sua faca feita das presas do verme de areia não se parta durante a jornada que começas agora!

A lista segue ordem cronológica, e alfabética por nome de banda havendo empate de ano de lançamento.

01 . DAVID MATTHEWS (1977) "Dune".



Produtor e tecladista renomado quando o assunto é Jazz e Funk, o músico estadunidense David Matthews, homônino ao também estadunidense da Dave Matthews Band, começou sua carreira compondo temas para a televisão e com a orquestra de Jazz de Manhattan. Desde 1970 trabalhando como arranjador e músico de artistas renomados como JAMES BROWN, VICKI ANDERSON, BUDDY RICH e outros, Matthews lançou seu quarto disco - instrumental - em 1977, chamado somente "Dune", dando início à saga de Duna na música.

 A lado A do LP contém um tema de quatro partes - "Arrakis", "Sandworns", "The Song of Bene Gesserit" e "Muad'Did" - que é a leitura musical da obra de Herbert. O lado B do vinil possui uma releitura de DAVID BOWIE e duas músicas dedicadas ao filme Guerra nas Estrelas, que havia sido lançado no mesmo ano (e com influência inegável de Duna).

02 . RICHARD PINHAS (1978) "Chronolyse".



A segunda homenagem que Duna ganhou da música veio do guitarrista francês RICHARD PINHAS. Adepto do, assim chamado, Rock Eletrônico, aqui também temos uma audição instrumental sui generis de impressões do artista após a leitura de Duna. Das nove músicas que compõem o disco, 7 são dedicadas à Bene Gesserit, e uma para Duncan Idaho e outra para Paul Atreides. É o primeiro disco todo inspirado em Duna.

O disco "Chronolyse", de 1978, foi o primeiro que o músico lançou sob seu próprio nome; sendo que antes o Doutor em música pela Universidade de Soborne se apresentava com os grupos HELDON  e SCHIZO, que eram basicamente somente Pinhas com alguns colaboradores!

03 . KLAUS SCHULZE (1979) "Dune"



A música eletrônica do ex-membro principal e compositor das bandas alemãs TANGERINE DREAM e ASH RA TEMPEL marcou um outro disco totalmente inspirado em Duna. Aqui, o décimo primeiro disco solo do músico tem duas canções de quase meia hora em cada lado do LP. O lado A, com "Dune" é totalmente instrumental e atmosférico. O lado B, "Shadows of Igonorance" segue a mesma tendência de ser mais sons ambientes do música propriamente dita, mas contém um poema recitado pelo rocker ARTHUR BROWN - pioneiro do Shock Rock, a quem se credita ser o primeiro músico de rock a se apresentar maquiado.

04 . ZED (1979) "Visions Of Dune".



Mais um músico francês, esse mais undeground, gravou outra interpretação sonora da obra de Frank Herbert. Estamos falando de Bernard Szajner e seu som, que pode ser compreendido como "música eletrônica psicodélica".
Muitas vezes referido como "Z", ou pelo seu nome de registro civil, é muito difícil encontrar informações sobre o músico na internet. O play "Visions Of Dune" também é instrumental e todo dedicado às personagens e passagens de Duna. O relançamento em CD de 2014 veio com as faixas bônus "Spice" e "The Duke", em homenagem ao pai do Messias.

05 . DÜN (1981) "Eros".



Primeira vez que uma banda de rock homenageou Duna. Grupo obscuro do rock progressivo francês  (a faixa demora a "ficar pesada") que só possui um único álbum de quatro faixas; e todo o trabalho baseado em Duna. Lançado pelo selo Soleil Atreides, Sociedade Atreides, que só tem esse disco no catálogo, todas as canções, que são instrumentais, possuem nomes em francês e foram compostas ou pelo flautista ou o guitarrista da banda, com duração variando entre 8 e 10 minutos!

"Eros" foi relançado em Cd no ano 2000, porém com versões demo de 1978 das mesmas músicas.
Não se sabe dos músicos após o lançamento do LP "Eros".

06 . IRON MAIDEN (1983) "To Tame a Land".



Faixa que encerra o quarto lançamento da Donzela de Ferro, foi primazia do IRON MAIDEN compor uma música com letras inspiradas em Duna. Há uma "lenda urbana" muito interessante sobre essa canção. Conta-se que Steve Harris procurou um representante de Frank Herbert, por mera formalidade, para avisar que o próximo disco de sua banda teria uma música chamada "Dune". Então, para surpresa de todos, a Rod Smallwood, empresário do IRON MAIDEN, teria recebido uma ligação do próprio autor negando o pedindo e acrescentando, ao nosso ver arrogantemente, que ele não gostava de bandas de rock, especialmente as de rock pesado, e principalmente o IRON MAIDEN!
Se tal fato for verdade, é o único registro que se tem de uma manifestação do autor, falecido em 1986, sobre as homenagens que sua literatura recebeu na música.

A mais bem sucedida banda surgida durante o New Wave Of British Heavy Metal, o IRON MAIDEN, tem buscado na literatura e no cinema inspiração constante para suas músicas desde o terceiro disco do grupo, "The Number of The Beast", 1982, angariando fãs e prestígio dos headbangers do mundo todo.

07 . TOTO (1984) "Dune Soundtrack".



Formada em final dos anos 1970 com a proposta de fazer A.O.R., sem esquecer do Rock Progressivo e do Jazz, os estadunidenses do TOTO tiveram sua primeira e única experiência com trilhas sonoras no filme Duna. Mais lembrados pelo sucessos com nomes de mulheres, a banda do saudoso vocalista Fred Fredriksen (ex - LE ROUX), compôs 16 dos 17 temas que integram a banda sonora da adaptação de David Lynch.

08 . BRIAN ENO (1984) "Prophecy Theme".



A única música da trilha sonora do filme não composta pelo TOTO tem assinatura de Brian Eno, famoso músico inglês que está na ativa desde 1971 com o grupo de, na impossibilidade de definição mais apurada, Art Rock.  As dezessete músicas instrumentais do filme seguem o mesmo padrão das homenagens instrumentais que Duna vinha recebendo desde 1977; sons viajantes, penetrantes, que levam o ouvinte se sentir olhando para Mahdi correndo na areia do Deserto numa noite de duas luas cheias...

Ainda que o próprio Frank Herbert tenha contribuído com o diretor de Coração Selvagem na adaptação do romance, os fãs torceram o nariz para o longa metragem. O principal motivo foram as várias modificações e omissões em relação à trama original e até a inclusão de "um módulo de disparos laser que funciona com a voz". Lynch contra argumentou que o produtor Dino de Laurentis (Flash Gordon, Rock do Dia das Bruxas etc) cortou mais de uma hora da duração de Duna (que já era de 137 min). Versões estendidas foram lançadas posteriormente, mas ainda o longa não emplacou.

09 . Sting do THE POLICE.


O cantor da banda inglesa de Reggae, Pop / Rock, THE POLICE Sting atuou no filme  no papel de Feyd-Rautha, o Belo. Enquanto sobrinho do Barão Harkonnen, Gordon Summer, nome de registro, fez um vilão que rouba a cena em diversos momentos da trama. Curiosamente, a empresa LJN produziu alguns brinquedos inspirados no filme, que incluia o sanguinário e psicótico vilão que ganhou vida na persona do vocalista e baixista.

Sting dá o ar de sua graça como ator no cinema e na televisão desde 1979, sendo que muitas de suas músicas são usadas como trilha sonora.

10 . Angry Anderson do ROSE TATTOO.


Ainda que inexistam informações na internet, ou em qualquer outra fonte que confirmem esta hipótese, o Rock Dissidente aponta como sendo nenhuma outra pessoa que o vocalista da banda australiana de Hard Rock dos anos setenta ROSE TATTOO o figurante não-identificado que acompanha o Navegador de Terceiro Grau da Liga Espacial.

Gary Stephen Anderson, nome de registro do cantor, começava nesta época sua carreira como ator, sendo que no ano seguinte viveria o vilão Iron Bar no filme Mad Max Além da Cúpula do Trovão. Repare na imagem acima as semelhanças do figurante cuja única fala é "A Bruxa Bene Gesserit deve sair" e baixinho invocado, que também cantou na banda BUSTER BROWN.

Curiosamente, o LJN não teve interesse em lançar a personagem de Anderson para crianças, mas os fãs criaram uma versão customizada do mesmo, que é comercializada ocasionalmente em sites de leilão, como o eBay.com.

Anderson atua pouco e de maneira intermitente no cinema e na televisão, mas vira e mexe alguma música do ROSE TATTOO vira trilha sonora de algum filme, como o recente documenário "Not Quite Hollywood". Tanto Sting quanto Anderson não entraram nos créditos das músicas em Duna.

11 . BLIND GUARDIAN (1989) "Banish from Sanctuary".



Na época de seu segundo disco, ainda forte no Power Metal e no visual de calça apertada e cabelos repicados, a banda alemã BLIND GUARDIAN gravou a primeira faixa em homenagem a Duna que aborda um outro livro que não o primeiro. A música que abre o segundo disco do conjunto (após a introdução "Inquisition") fala de um cego solitário que carrega a mão de Deus pelo Deserto pelo fardo de desistir do destino à sua frente (até chegar alguém que aceite o Caminho Dourado); ou seja, o Pregador do Deserto, o melancólico fim de Paul Atreides no livro "O Messias de Duna". Nesse mesmo álbum "Follow The Blind" há duas músicas para o Elric de Michael Moorcock.

12 . BLIND GUARDIAN (1990) "Traveller In Time"



Um ano e um disco depois, a mesma banda alemã abre novamente seu álbum com uma música inspirada em Frank Herbert. Agora, como a maioria absoluta dos artistas, a música aborda os eventos do primeiro Duna. Com melhor produção, a canção é centrada na capacidade de presciencia de Paul Atreides, que o permite saber os eventos do passado e os vários caminhos de possibilidades do futuro. Se a anterior foi um sucesso mediano, essa foi um dos primeiros grandes hits do grupo dentro do Metal Pesado mundial. Nesse mesmo disco, "Tales From Twilight World", o conjunto gravou sua mais bem sucedida homenagem a obra "O Senhor dos Anéis", além de dedicar canções a Stephen King e ao clássico da ficção científica Planeta Proibido.

13 . TOM SMITH (1991) "Crystal Gayle Killed Frank Herbert".

http://tomsmith.bandcamp.com/track/crystal-gayle-killed-frank-herbert

Conhecido por criar plágios de músicas famosas com letras engraçadinhas, o artista estadunidense teve o primeiro Hit de uma carreira mediana transformando a letra "Don't It Make My Brown Eyes Blue"" música de autoria de Richard Leigh e famosa na voz de Crystal Gayle. A letra aborda os acontecimentos do primeiro livro na transformação de Paul Atreides em Paul Muab'Dib.

O trocadilho consiste na música original se chamar "Não faça meus olhos castanhos tristes" para "azuis". Na trama de Herbert, o vício na especiária melange faz com que olhos do usuário adquira a tonalidade de azul dentro de azul.

14 . ASTRAL PROJECTION (1997) "Dancing Galaxy"



A faixa de abertura do disco da banda de Dance Music - Popero contém as falas iniciais do filme de David Lynch, recitas pela Princesa Irulam, filha de Padishah Shadam IV, Imperador do Universo e governante da Casa Corrino. No livro Duna, toda capítulo começa com um trecho de diário, cuja autoria é atribuída à Princesa Irulan. No filme de 1984, a personagem foi vivida por Virginia Madsen (dos filmes Highlander II e Candyman), sendo que sua voz é a utilizada na música.

15 . DOMINE (2001) "True Leader of Men".


Mais conhecidos por usar o (anti) herói Elric de Melniboné em todas as capas de seus discos, os italianos do Power Metal encabeçados pelo guitarrista e letrista Enrico Paoli também dedicaram uma de suas músicas ao universo Duna. A canção aparece no terceiro disco do grupo, que tem nome inspirado em Michael Moorcock e não Frank Herbet "Stormbringer Ruler - The Legend of the Power Supreme". Tal qual a maioria absoluta das anteriores, o tema é centrado no primeiro livro, falando das características messiânicas de Paul Muad'bid.

16 . GRAVIOUS  (2006) "WornSign"



Sinal de verme, ou wornsign, é o nome dados aos batedores de terra, instalados nas areias dos desertos de Duna para, no primeiro livro, atrair os vermes de areia, para cavalga-los. Tal prática deu nome ao primeiro registro fonográfico, em EP de 12 polegadas, do escocês GRAVIOS. O estilo é denominado Dubstep, que segundo o Wikipedia é um estilo de música eletrônica surgido na África do Sul em 2000, caracterizado por "linhas de baixo muito fortes e padrões de bateria reverberantes,samples cortadas e vocais ocasionais." Ou seja, cuidado ao ouvir no deserto, ou um verme gigante pode tentar lhe abocanhar!


17 . DOG WITHOUT WARNING (2010) "Weirding Way".

http://www.musicxray.com/xrays/27798

O grupo de Rock Alternativo estadunidense conta uma estória um tanto estranho na sexta faixa de seu disco "A hundred things I would do differently". Num encontro em uma livraria com promoção de livros que inspiraram filmes, um rapaz conhece uma moça tão estranha que recita a "Litania Contra o Medo" (encantamento Bene Gesserit) contra ela, vai morar num Sietch (habitação Fremen) e tocar Balisete (instrumento tocado por Thufir Hawatt da Casa Atreides). Todas citações ao primeiro livro da saga de Herbert.

18 . SANDRIDER (2010)




Banda estadunidense formada em 2010, o SANDRIDER faz uma improvável mistura de estilos: usa os timbres e afinações do Stoner Metal para tocar Hard Core. Ainda que, até onde apuramos, não tenham músicas baseadas em Duna, o nome "Calvagador de Areia" foi inspirado nos Fremens do Deserto que aprendem a usar de montaria os gigantescos vermes de areia, garantindo seu lugar na nossa lista.

19 . BASSDBLER (2011) "Slow Blade Penetrates The Shield".



Banda de um homem só, ou melhor, de um baixista e compositor que atende pelo nome de JD Short! Voltando a tradição dos anos setenta, o músico da virada os anos 1990 para os 2000, formado em música e luthier da Rickenbacker, Short compôs todo seu álbum solo de estreia baseado no universo Duna. Ainda que todos seus sons sejam instrumentais, alguns levam nomes como "Siaynoq", "Gahima" e "Fish Speakers", fazendo alusões também aos livros "Os Filhos de Duna" "Imperador Deus de Duna", o terceiro e quarto volumes da saga de Herbert, além de outras como "My own name is a Killing Word" que é exclusividade do filme de 1984.

20 . GRIMES (2011) "Geidei Prime".



A última incursão em nossa lista também é um disco de música eletrônica, nesse caso experimental, também inteiramente dedicado ao livro Duna. Claire Boucher, nome de registro de GRIMES, cria e toca todos os instrumentos de suas músicas, incluindo vocais cujos sentidos são inidentificáveis. A artista canadense já lançou mais dois discos, que não são temáticos.


Ao fim de nossa jornada estética pela música, somos levados a crer que velho jargão que encerrava o trailer das séries dos anos 2000 pelo canal Sci-Fi se faz valer: "a saga de Duna está longe de acabar". Ainda que os livros tenham ganho mais notoriedade na música pelos rockers que atuaram nos filmes, inúmeros artistas de outras cearas musicais, com carreira consolidada se dedicaram ao universo ficcional e impressionante de Frank Herbert. Melhor, e de maneira constante pelo tempo, demonstrando que o interesse por Duna, e seus mistérios e imagens impressionantes, há de se manter continuamente, e recorrentemente será representando na música. Os Hereges e as Herdeiras de Duna ainda não ganharam reconhecimento musical. Quem sabe algum leitor não decide resolver isso?

Uma não-nave em Gammu.
Willba Dissidente agradece a Edilson Rodrigues Palhares, Vladimir Sousa e Alan El Piruca e todos os membros da comunidades "Conselho da Landsraad - Duna Brasil", do facebook e orkut, sem os quais essa matéria seria tão improvável sobreviver ao sol inclemente do deserto sem traje destilador.

Lembramos que a nossa listagem, ainda que se pretenda, não é exaustiva, nem nossa presciencia é absoluta, logo, deixe sua contribuição se souber de alguma não citada.

domingo, março 09, 2014

Mad Max: a influências dos filmes no Hard Rock e Metal.

Quando o australiano, que então era funcionário de um hospital, George Miller resolveu fazer seu primeiro filme ele não poderia imaginar que este se tornaria o longa de maior retorno financeiro da história do cinema. O ano era 1978 e o filme chamava-se "Mad Max". O sucesso proporcionou a Miller desenvolver uma carreia vitoriosa com seu estilo impar de direção;  que incluem blockbusters como "O óleo de Lorenzo", "Happy Feet", "Baby - O porquinho atrapalhado" etc. Tampouco, Miller imaginaria que os filmes "Mad Max", que formaram uma trilogia, seriam abraçados pelo nascente Heavy Metal.

Ainda que o filme "Mad Max 2 - A Caçada Continua...", 1981, "The Road Warrior", no original, seja o preferido entre os Headbangers, o já citado primeiro filme e fechamento da saga, com "Além da Cúpula do Trovão", 1985, também têm inspirações no rock pesado e amplas relações com o universo pós-guerra nuclear imaginado pelo australiano.



A nossa lista é dividida nos três filmes e nesses as bandas estão organizadas por ano do lançamento do disco. Lembramos que a lista não é exaustiva, então, não deixe de contribuir se você souber de alguém que deixamos de fora.

Abasteça seu V8 envenenado com combustível roubado, carregue sua arma e se aventura por esse deserto radioativo lotado de bárbaros atômicos!

MAD MAX, 1978.

01 . MAD MAX, a banda (1982).

O grupo alemão oriundo da pequena cidade de Münster parece ter sido a primeira banda de Heavy Metal / Hard Rock a fazer referência aos filmes de Miller, tomando "emprestado" o título do primeiro como nome. Não obstante a carreira com muitas idas e vindas e diversos discos lançados desde a década de 1980, foi somente em 2010 que a banda fez uma outra referência explicita ao primeiro filme, se valendo de uma imagem que "lembra" os distintivos de bronze utilizados pelos policiais da Main Force Patrol como capa do disco "Another Night Of Passion".



Com o sucesso deste disco, o MAD MAX resolveu repetir a estratégia no cd seguinte, que saiu em 2013. Além de chamar "Interceptor", nome dados aos carros patrulha dos policiais, o álbum tem como capa uma imagem que lembra o cenário pós-apocalíptico do primeiro filme. Confira abaixo:



O grupo MAD MAX ainda não compôs música inspirado nos filmes.

02 . TAKASHI (1983) - "Mad Max".



A banda nova-iorquina que só registrou um EP com quatro músicas, "Kamizake Killers", e teve algumas participações em coletâneas, talvez tenha sido o primeiro grupo a registrar uma música sobre os filmes. A faixa homônima à película, o maior destaque do álbum, conta o enredo do primeiro filme. Em 2011 o grupo voltou à ativa, porém ainda não soltou registros.

03 . PRETTY MAIDS (1987) - "Future World".



A todos que já assistiram ao primeiro Mad Max é óbvio que a premiada banda dinamarquesa de Heavy Metal com teclados fez o vídeo da faixa-título de seu segundo, e mais aclamado pelos fãs, disco com cenas que fazem referência explícita ao filme. De fato, esse clipe pode ser visto como um interlúdio entre o primeiro e o segundo filme.

04 . SCORCHED EARTH POLICY (199X) - "Toecutter".



Banda australiana de Death Metal de meados dos anos noventa. Encontrei essa gravação por acaso, porém não foi possível rastrear mais informações sobre o grupo. A música "Toecutter" fala do vilão do primeiro filme, responsável pela morte da esposa e do filho de Max. O começo da música traz como introdução o dialogo sobre o personagem Night Rider, extraído do primeiro filme. Não confundir com a banda estadunidense de mesmo nome.

05 . CHILDREN OF TECHNOLOGY (2008) - "No Fuel No Hope".



Sabemos que Miller se baseou no visual das bandas punks, do nascente Metal e adicionou ombreiras de futebol estadunidense para compor o visual das gangues nos filmes Mad Max. Posteriormente, esse look pós-apocalíptico nuclear passou a inspirar as próprias bandas. Esse e o caso do Metal Punk italiano CHILDREN OF TECHNOLOGY. A banda que mais lança Demos, Slipts e Ep's do que discos completos, se veste de maneira inspirada nos personagens dos filmes, além de ter músicas como "No Fuel, No Hope",  "V8 Nitro Engine", "Rise Of The Nightrider", "Give Gasoline or Give Me Death" e muitas outras que parecem saídas dos filmes.



THE ROAD WARRIOR, 1981.

Como citado anteriormente, o segundo filme é parte da trilogia que mais inspirou as bandas de rock pesado. Essa parte da matéria é, em partes, republicação de artigo que escrevi para o Whiplash em dezembro de 2011, com poucas alterações, atualizações e algumas adições.

06 . PANZER (1982) - "Al Piel del Cañon".



Repare se não é o próprio Lord Humongous, vilão do filme, que estampa a capa do debut do PANZER. Não confundir que as inúmeras outras bandas que também chamam Panzer ou algo conhecido. Esse PANZER é uma das mais clássicas e pioneiras bandas da Espanha, ao lado de OBUS, BARON ROJÓ e outras. Sua formação data de 198, ficando na ativa até 1988 e retornando em 2006 para lançar um DVD ao vivo.

07 . W.A.S.P. (1984) - "Show No Mercy".



Ainda que Blackie Lawless tenha feito alusão ao nome da banda no pré-refrão desta música, a letra falando de cidade e corpos que queimam, desordeiros e foras-da-lei das estradas na Terra Devastada e, principalmente, "soltar os selvagens cães de guerra para atacar", contém claras referências à visão de mundo de Lord Humongous, o lider dos vilões do Mad Max 2. Interessante notar que esse som era o número de abertura dos shows do W.A.S.P. em 1983. A música "Show No Mercy" saiu como lado do B do compacto de A.N.I.M.A.L. (F*ck like a beast) e depois de bônus no relançamento do homônimo disco da banda.

Durante esta época de visual Dark Glam, Lawless ainda se baseou nas pessoas de rosto coberto hasteadas ao carro de Lord Humongous, para criar uma teatralidade nos shows da banda. Tal fato, confesso na autobiografia da banda, "30 Anos de Trovão", é declarado como "achei que alguém iria nos prender por ter copiado Road Warrior, mas isso nunca aconteceu"!



Repare na mulher que o vocalista, e então baixista, revela na câmara de tortura aos 02:21 e compare com as vitimas do vilão na foto abaixo.




08 . CARNIVORE (1985)


O CHILDREN OF TECHNOLOGY não foi o primeiro Metal Punk a buscar inspiração no universo Mad Max. O grupo do finado Peter Stelle, que conheceria fama no TYPE O NEGATIVE, usou e abusou da temática pós-apocalíptica no seu debut, ainda que sem fazer referências aos filmes, e no visual que usava na época. Infelizmente, as letras do disco são cheias de misoginia e outros preconceitos; o que nunca seria aceito pelo autor dos filmes. De todo modo, o CARNIVORE abandonou totalmente esse universo no seu seu segundo, e sofrível disco, que é ainda mais preconceituoso.

09 . ROGUE MALE (1985).



A banda inglesa ROGUE MALE lançou dois discos anos oitenta, "First Visit" e "Animal Man". Nesses álbuns, registrados em 1985 e 1986, a banda utiliza visual que contém nítida inspiração nas gangues que assaltam e matam nos desertos australianos de Road Warrior. O vocalista / guitarrista Jim Little, inclusive, tem aparência semelhante ao vilão Wez, vivido pelo ator Vernon Wells.



10 . ANNATHEMA (1991) "Road Warrior".



Grupo Speed Metal da Sérvia, que foi formado na Yoguslavia. O segundo disco da banda, "Empire Of Noise", além de canção homônima ao segundo filme é introduzido por uma música instrumental tensa chamada "Wasteland", o nome original da terra devastada, os desertos nos filmes de George Miller.

11 . VIOLATOR (2006) - "After Nuclear Devastation"



Como faixa de encerramento de seu segundo, e até então melhor disco, o grupo de Thrash Metal, vindo de Brasília / DF, fez homenagem ao The Road Warrior da seguinte maneira: musicou as falas da introdução do filme em meio a um instrumental intenso e visceral e adicionou solos e refrão. O disco "Chemical Assault" fez o nome do VIOLATOR no mundo todo e o som "After Nueclar Devastation" com certeza é um dos responsáveis pela fama alcançada, aparecendo até no DVD ao vivo do grupo.

12 . SLIPPERY (2006) - "We Seek the Vengeance".



Para encerrar seu primeiro registro fonográfico, o E.P. "Follow Your Dreams", a banda paulista de Campinas, de estilo Hard Metal, buscou uma canção de sua primeira fase (quando Fábio Hulk ainda era o vocalista). O som "We Seek The Vengeance" conta a versão dos seguidores de Humongous, com muitas explosões e corpos em chamas, contra aquele que foi amaldiçoado a pilotar para sempre seu carro numa estrada sem fim... Depois do E.P. a banda gravou seu full-length "First Blow" com produção de Átila Ardanuy, guitarrista do ANJOS DA NOITE, que saiu em 2012.

13 . BIOHAZARD (2006) - "New World Desorder".



"Eu sou Humongous, senhor da terra devastada", diz a faixa-título do disco da banda de Rap/Metal que faz um trocadilho com a "nova ordem mundial, ganhando seu espaço na nossa listagem.

14 . STRIKER (2009) - "Road Warrior".



Seguindo a mesma linha dos seus conterrâneos do SKULL FIST e AXXION, o STRIKER é uma banda canadense atual que preza pelo som mais oitentista possível, só que na trilha do Power Metal. A faixa-título e de abertura de seu primeiro E.P. fala de um herói que luta sozinhho em estradas cobertas de pó, com tiros passando rente a sua cabeça; lembra o personagem de Mel Gibson em um certo filme, ou não? Após esse EP, o STRIKER já lançou dois discos completos "Eyes In The Night" e "Armed to The Teeth".

15 . STEELWING (2010) - "Roadkill (... or be killed)".



Só de se olhar a capa do disco de estréia dos suecos já dá pra sacar que ela foi "inspirada" no Ford Falcon 1976 V8 que a personagem de Mel Gibson dirige nos dois primeiros Mad Max. Ao se ver então que o nome do referido disco é "Lord of the Wastland" (a Terra Devastada é o deserto australiano onde Max enfrenta os malfeitores) e a letra de sua faixa-título trata de um herói "que perdeu tudo que tinha ao rugir de um motor" e agora "enfrenta cães de guerra que vão à guerra por um tanque de combustivél" fica latente o quanto segundo filme de George Miller foi influente para o STEELWING. O grupo formado em 2009, e também adepto do metal oitentista, que é chamado pela banda de "pós-apocalíptico", lançou outro trabalho completo, "Zone Of Alienation", em 2012.

16 . COBRA (2011) - "The Roadrunner".



A banda de Thrash Metal oruinda de Lima, capital do Peru, que canta em inglês, se valeu de um discurso do Lord Humongous como introdução da pancadaria que está em seu debut. Ainda assim, a música fala de alguém fugindo no deserto, mas não cita diretamente o filme. Os sul-americanos tem mais disco completo.

17 . FINAL SCREAM (2011) - "Road Warrior".



Com nome inspirado em música do GRIM REAPER, a banda FINAL SCREAM (da capital de São Paulo) lançou esse ano seu E.P. de estréia com arte e faixa-título em homenagem ao filme Mad Max 2. Só uma curiosidade: a narração no começo da música na verdade foi tirada dos momentos finais do Mad Max 1. O FINAL SCREAM ainda não lançou um trabalho completo.

MAD MAX BEYOND THUNDERDOME, 1985.


18 . ANGRY ANDERSON, vocalista do ROSE TATTOO.

Ao que parece, o fechamento oficial da série foi o filme que recebeu menos homenagens no mundo Heavy Metal. Entretanto, um legítimo rocker atuou no filme, roubando a cena em diversas ocasiões. Trata-se do vilão Iron Bar, que foi vivido pelo cantor da banda de Hard Rock setentista australiana ROSE TATTOO.  Nós sabemos que a Tina Turner é a vilã do filme e ela possui passado rocker, porém nosso interesse é no rock pesado.

19 . ZNOWHITE (1988) - "Thuderdome".



Grupo estadunidense de Thrash / Speed Metal oriundo de Chigago que conta com uma mulher nos vocais. No seu debut e último registro fonográfico, ainda que o EP's anteriores e o disco ao vivo sejam mais populares entre os fãs, encontra-se essa faixa que faz alusão a luta de Max contra Master Blaster na Cúpula do Trovão. Antes de começar a pancadaria, ouve-se a fala do filme de introdução à arena de digladiação com um efeito de estúdio. 


O sucesso de "Road Warrior" gerou alguns filmes que também se inspiraram indubitavelmente no épico das estradas de George Miller para compor sua trama. Um deles é o estadunidense "Crepúsculo de Aço". Outros dois são filmes italianos, também lançados em início da década de 1980, "O Guerreiro da Terra Perdida" e "The New Barbarians".

19 . CLOOVEN HOOF (1988) - "Warrarios Of The Wasteland".



"Warriors Of The Wasteland" é o nome alternativo do longa "The New Barbarians", realizado em 1983 pelo diretor Enzo G. Castellari, o mesmo do famoso faroeste "Keoma". Foi esse título que a banda da N.W.O.B.H.M. se valeu para compor a canção em homenagem ao filme que figura em seu álbum "Dominator", o penúltimo lançado antes do encerramento, e posterior retomada, das atividades.

20 . INEPSY (2007) - "Warriors of the Wasteland".



O grupo canadense INEPSY, em seu terceiro, e último disco, "No Speed Limit for Destruction", também resolveu homenagear o longa italiano se valendo do título alternativo. Essa excelente canção demonstra o lado mais Heavy Metal da banda, que se tornou mais conhecida pelas músicas mais rápidas e pesadas.

Esperamos que todos fugitivos da Terra Devastada tenham escapado com vida dos cães de guerra pós-atômicos que guerreiam pelas estradas do futuro!

O Rock Dissidente agradece aos amigos Allan Cunha, Ksio HellThrasher, Saulo Coven Of Darkness e Flávio Rockatansky Rider pelas indicações.

Site relacionado (em inglês):
http://www.madmaxmovies.com/