RESENHA: The Hardcore 50's - SPADES VANDALL NOTA:10,00.
Uma homenagem às grandes músicas dos anos 1950 que te deixarão sem saber se é para dançar, bater cabeça ou entrar no mosh. Nada introspectivo, esse é "The Hardcore Fifties", segundo disco solo de SPADES VANDALL, membro fundador do SAVANNAH; a banda brasileira que mais lançou demos na História. Apresentando sonoridade Heavy-Punk para clássicos dos pioneiros do Rock'n'Roll, as músicas são todas bem conhecidas com o arranjo bem diferente, porém não se preocupe; até o refrão você já estará agitando esses sons logo na primeira ouvida! Muitos dos temas que compõe o presente full-lenght já ganharam versões de ELVIS PRESLEY a JUDAS PRIEST passando por SID VICIOUS, UFO e THE WHO, mas SPADES VANDALL investiu em interpretações bem próprias e viscerais para esses clássicos.
O que seria do Heavy Metal se o BLUE CHEER nunca tivesse feita versão de "Summertime Blues" ou se o UFO nunca tivesse inventado de regravar "C'mon Everybody"? Ou quantas versões dos mais diferentes estilos você já ouviu de "Johnny B. Good" durante a vida? Não obstante o repertório de "The Hardcore 50's" já ser conhecido de lado a lado do disco por todos que amam o Rock'n'Roll, a banda de SPADES VANDALL conseguiu imprimir a cara multifacetada do cantor e baterista do SAVANNAH (que gravou do Glam ao Metal) num disco solo visceral e empolgante. Em sua carreira solo, Spades tem cada vez mais se mostrado um baterista fora do comum, o que não se notava tanto no SAVANNAH, já que ele era focado mais sem ser o cantor - frontman.
Nesse registro o performer gaúcho se juntou a dois proeminentes musicistas da cena de Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul. Acompanham o multi-instrumentista o excelente baixista Lee Willis (ex- RÉUS ANJOS), que estava no disco solo anterior e o fenomenal guitarrista Perÿ Rodriguez, do Hard 'n' Heavy GUEPPARDO. Talvez o baixo seja o mais anos 1950 do disco, ainda que mais virtuoso - com notas a mais aqui e acola - com bateria e guitarra mais agressivas. "The Hardcore 50's", nome excelente para o trabalho, é um disco de menos de 24 minutos de duração, que pode ser ouvido várias vezes sem se tornar repetitivo. Claro que em muitos momentos ele lembra algo da carreira de Spades, seja no SAVANNAH (banda que ele criou em 1995), ou em seu outro disco solo (mas sem baladas ou instrumentos de sopro e percussão em evidência).
https://www.youtube.com/watch?v=vAAs0sq1kec
Com introdução cacofônica, o play abre com "Tutti Frutti" com Spades cantando num tom mais médio e subindo a voz do meio para o final, sendo uma abertura rápida e empolgante para o CD que tem clima constante de festa. "That's All Right" é outro som rápido que bem poderia abrir o disco e tem arranjo que lembra MOTÖRHEAD lá pelo "Another Perfect Day". "Johnny B. Good" já inicia no solo e é detentora de muitos solos, todos eles excelentes e assinados por Perÿ Rodrigues. Inclusive, o fundador do GUEPPARDO arrasou nas suas participações também em todos os leads e não só nos solos completos. Os virtuosismos mais legais estão na faixa "Hound Dog", que é Punk Rock bem acelerada.
Gravado 100% ao vivo no estúdio, sem metrônomo, com solos e vozes overdubadas à posteriori, ouvir "The Hardcore 50's" é cair numa celebração legitimamente rocker e pesada. Ainda que os três musicistas venham de escolas oitentistas do Hard Rock, esse não é somente um disco anos 1980; o que é excelente aqui, pois os instrumentistas se soltaram de suas amarras e tocaram com pegada veloz para interpretações bem próprias e únicas de sons que você já está cansado de conhecer; mas que ouvirá sem enjoar essas novas versões.
"Come On, Let's Go", um dos destaques, tem vocal e andamento que começam mais contidos e aceleram no final. Já "C'Mon Everybody" arranca bem Heavy Metal chegando quase a um Thrash no final. Duas canções mais cadenciadas que merecem destaque são "Good Golly Miss Molly" (que tem participações dos vocalistas do ROSA TATTOOADA e do SIN AVENUE dividindo os trabalhos com Spades) e "Something Else". São faixas mais na manha e cadenciadas com solos de guitarra bem rápidos. É até difícil opinar pelo excelente trampo de Lee Willis ao longo do play, mas "Summertime Blues" tem as linhas de baixo mais legais; além de excelentes variações rítmicas. "Keep on Knockin'" virou um hardão setentista com vocal bem alto que encerra a produção muito bem com excelente solo que vai sumindo em fade.
https://www.youtube.com/watch?v=9fOczDgKg-4
Terminamos nosso texto com as maiores recomendações para "The Hardcore 50's", um CD que vai agradar quem curte as originais e, principalmente, quem acompanhou a evolução do Rock'n'Roll ao longo das épocas. Já estamos esperando que o trio se reúna em breve para verões nessa mesma pegada para clássicos dos anos 1960. Não restam dúvidas que "The Hardcore 60's" seria uma continuidade genial, mas Spades e cia pretendem focar no som próprio em seu próximo disco. Quem acompanha o multi-instrumentista sabe que ele não se prende muito a gêneros ou a cantar em português ou inglês. A música que vier, contudo, virá inspirada. Enquanto ela não sai uma solução excelente é ir curtindo "The Hardcore 50's" e cair na festa!
Recomendado para fãs de: GUEPPARDO, RÉUS ANJOS, SAVANNAH, e das versões originais e suas muitas regravações.
"The Hardcore 50's" vem em CD prensado em mídia prateada, ou seja, original, caixa de acrílico transparente com bandeja negra e encarte de duas páginas no formato folder com fotos e sem as letras. A capa simples em tons de vermelho remete a um rocker dos anos 1980 em estética cinquentena, o que define sutilmente a ideia toda de "The Hardcore 50's".
Quem quiser comprar o CD pode contatar o próprio SPADES VANDALL pelos links relacionados.
SPADES VANDALL:
Spades Vandall - vocal, percussão e bateria. Lee Willis - baixo, backing vocals. Perÿ Rodriguez - guitarra.
Participações: Vocal na faixa 04 - CJ Rebel Son (SIN AVENUE) e Jacques Maciel (ROSA TATTOOADA).
The Hardcore 50's - 2020 - Nacional - Trepada Records - Hurricane Records - DR. Rock - 23'11''.
01 . Tuttti Frutti (01:58). Original de Little Richard. 02 . Johnny B. Good (02:43). Original de Chuck Berry. 03 . Something Else (02:13). Original de Eddie Cochran. 04 . Good Golly Miss Molly (02:51). Original de Little Richard. 05 . Come On, Let's Go (02:00). Original de Richie Vallens. 06 . Summertime Blues (02:43). Original de Eddie Cochran. 07 . Hound Dog (01:58). Original de Big Mama Thornton. 08 . C'Mon Everybody (02:40). Original de Eddie Cochran. 09 . That's All Right (01:37). Original de Arthur "Big Boy" Crudup. 10 . Keep on Knockin' (02:20). Original de Little Richard.
Das lendas urbanas que cercam o Rock'n'Roll em todas suas vertentes uma das mais fortes é que os discos solo de baterista são sempre muito ruins. Exemplos? "Two sides of the moon", 1974, de Keith Moon, "Peter Criss", 1978, de Peter Criss, "Fun in Space", 1981, de Roger Taylor e "Herman Ze German",1986, de Herman Harebell, não figuram entre os favoritos de qualquer fã de THE WHO, KISS, QUEEN e SCORPIONS, respectivamente. Esses não são casos isolados. Pergunte aos fanáticos de FLETWOOD MAC, THE BEATLES, EAGLES etc. Levando em consideração os números, essa reportagem foi ouvir com receio a aventura solo do responsável pelo SAVANNAH.... mas, que surpresa mais agradável! O líder da banda que mais lançou demos-tapes na história do underground nacional soube mais uma vez se reinventar e produzir um disco que beira a perfeição e que explora elementos novos em sua carreira, sem perder a identidade.
SPADES VANDAL luta desde 1995 para manter o SAVANNAH, um dos raros grupos de Hard Rock Glam no Brasil. Surgido numa época que foi como um purgatório para quem curte o Metal dos anos 1980, Spades é vocalista e quando precisava assumia o baixo, a guitarra e a bateria para manter sua banda na estrada. Quando decidiu sair em carreira solo, optou por manter o posto de vocalista e ainda mandar ver na bateria e incluir muitos instrumentos de percussão para deixar o som bem cheio. Seu primeiro disco solo, que é um projeto de estúdio (primeiramente), soa como se fosse o BARÃO VERMELHO de 1990 a 1995, época mais rocker do grupo carioca, tocando um som mais Heavy Metal amalgamado com Sleazy Glam. Em suma, um Rock 'n' Roll antifascista com muito liberdade, libertinagem e sexualidade na mesma tradição do TIGERTAILZ e outros nomes do estilo.
Ousado, mágico, lascivo e contagiante, "Spades Vandal", o disco, tem também muita influência de HANOI ROCKS, por usar e abusar também de metais (saxofone), instrumentos de sopro (gaita, flauta) e pianos. Ainda que não seja absolutamente novo, esse recurso nunca foi muito explorado no Rock pesado, então a presença especial do lendário King Jim (Ricardo Cordeiro) no disco deixa o som de Spades com uma carinha até de GAROTOS DA RUA; clássica banda do Rock BR anos 80 do Rio Grande do Sul. Gravado no formato power-trio, acompanham o vocalista, baterista e percursionista, o ótimo baixista Lee Willis (da excelente banda RÉUS ANJOS) e o guitarrista Lucky Trance; que expandiu os limites com fraseados e solos à la VAN HALEN. As letras (e atitudes básicas) são todas de Spades, com a composição musical creditada aos três.
A dupla "A Chance to Change" e "PA After midnight" (uma homenagem a Porto Alegre, de onde Spades é), que abre o trabalho, não são as faixas mais legais, mas já explicitam o que esperar do disco. O destaque vem com "I Cannot go Back" que se por um momento soa até aqui como o SAVANNAH com percussão e saxofone e flautas tem um interlúdio reggae na melhor tradição "D'ye Maker" do LED ZEPPELIN. "Looking for a Lover" vêm com o solo de guitarra mais inspirado, mas em nada perde para "Let's Start a Revolution" com seu refrão de destaque no play. Portadora da linha de baixo mais presença, "I Don't Want to Hurt You" é a baladaça do álbum. Inclusive, o SAVANNAH sempre foi notório por excelentes baladas. Muita influência de TUFF e PRETTY BOY FLOYD seguem em "Non Stop Lady" e "Not Good Enought" com seu inusitado solo de flauta, ao invés do de guitarra no meio do tema. O encerramento é com "You're Not the Owner of My Heart" em que Spades explorou linhas alternativas de vocal e que, na opinião dessa reportagem, as percussões ficaram mais precisas.
O único defeito do CD, em sua proposta de unir os anos oitenta com percussão e metais, é que ele foi feito por três pessoas e se precisariam de, pelo menos, seis musicistas no palco para ser executado. Um fato inusitado, e que carece de respostas, é o fato do baterista e vocalista Spades Vandal estar em TODAS as fotos promocionais mexendo em seus óculos ray-ban espelhado de aviador. Seria uma magia ou superstição para o disco "dar certo"?? Só sabemos dizer que funcionou!
Um disco rápido, de músicas que variam entre 3 e 4 minutos, e não enjoa ao ouvir. "Spades Vandal", em suma, mantém a estética, a afinação e os timbers dos anos 1980 e inova ao focar nas percussões e instrumentos de sopro; que, não obstante não serem uma novidade, foram pouco explorados nesse gênero musical.
Recomendado para fãs de: GUEPPARDO, RÉUS ANJOS, ROSA TATTOOADA, SAVANNAH, HANOI ROCKS.
"Spades Vandal" vem em CD prensado em mídia prateada, ou seja, original, caixa de acrílico com impressão na bandeja e encarte de oito páginas com dados técnicos, textos de Marcos Gurgel e Sebastian Carsin (em português) e muitas fotos; inclusive aquela miscelânea tão comum às bandas de Thrash Metal.
Quem quiser comprar o CD pode contatar o próprio SPADES VANDAL pelos links relacionados. Quem disser que veio comprar o disco após ler a resenha no ROCK DISSIDENTE ou no WHIPLASH paga somente R$ 20,00 com frete incluso para todo o Brasil.
SPADES VANDAL:
Spades Vandal - vocal, percussão e bateria.
Lucky Trance - guitarra.
Lee Willis - baixo, backing vocals, gaita e piano.
Participações:
Saxofone - King Jim (Ricardo Cordeiro do GAROTOS DA RUA) .
Flauta - LF Abruzzy.
Backing vocals e vocal principal na segunda estrofe da faixa 8 - Cristian CJ.
Percussões adicionais - Andy Crash.
Spades Vandal - 2019 - Nacional - Trepada Records - Hurricane Records - 31'.
01 . A Chance to Change (02:44)
02 . P.A. After Midnight (03:55)
03 . I Cannot Go Back (03:56)
04 . Looking for a Lover (03:14)
05 . Let's Start a Revolution (03:28)
06 . I don't Want to Hurt You (03:54)
07 . Not Good Enough (03:02)
08 . Non Stop Lady (02:57)
09 . You're Not the Owner of My Heart (04:06)
O Rock Dissidente em sua edição de número 102, a vigésima terceira pela Rádio Rock Online, apresenta uma homenagem aos musicistas rockers que até o 03/04 haviam publicizado que contraíram o novo coronavírus e também a aqueles que faleceram vítimas dessa epidemia de proporções mundiais. Saiba quem são eles curtindo nosso podcast!
Além do especial, no DESTAQUE DISSIDENTE apresentamos! SPADES VANDAL (2019)! Hard Glam Rock de Porto Alegre, RS, com o vocalista do veterano grupo SAVANNAH, que lançou recentemente seu primeiro disco solo. Além do estilo que o consagrou, muita percussão e instrumentos de sopro no Rock'n' Roll sleazy metalizado.
Curta nosso podcast respeitando a quarentena e só saindo de casa se for absolutamente necessário!
Rádio Rock Online ao vivo 24 horas por dia, sete dias por semana, rolando todas as vertentes do Rock'n'Roll, desde 2011 com sede em Taquaritinga, São Paulo.
Produtor Executivo: Gustavo Troiano.
Toda sexta-feira impar tem Rock Dissidente inédito.
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Confira o tesaser dessa edição ao som de SLAYER com Gary Rolt nas guitarras!!!
ROCK DISSIDENTE # 102: Abertura - EXODUS.
Bloco I - DUBLIN DEATH PATROL, TESTAMENT, DEATH ANGEL.
Bloco II - SPADES VANDAL.
Bloco III - THE ARROWS, RIOT, FASTER PUSSYCAT, VERTIGO.
Fundos - BATUSHKA, RAMMSTEIN.
Fechamento - BRUNO SUTTER.
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Gravado no estúdio "Casa da Rua do Beco", em Varginha, Minas Gerais, para todo universo conhecido, eternidade e além!
ERRATA: Esquecemos de citar David Byran, tecladista do Bon Jovi, também enfermo com vítima do novo coronavírus.
Produção, Roteiro, Seleção Musical e Locução: Willba Dissidente. Produção Executiva: Gustavo Troiano.
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Conheça as indicações do Rock Dissidente de discos brasileiros de música pesada lançados em 2019! Nesse ano tivemos o ressurgimento de bandas antigas, como o AVE SANGRIA (após 40 anos inativa), já consagrados, como TUATHA DE DANANN e COMANDO ETÍLICO, apresentaram excelenteS e esperados trabalhos, além surgirem novos nomes despontando no cenário brasileiro. Ainda que nenhum dos grupos tenha apresentado o melhor disco ou EP de sua carreira, são todos discos excelentes que valem ser curtidos. Em 2019, talvez pela primeira vez, tivemos uma artista transsexual entre os melhores do ano!
Lembramos que essa listagem são indicações do Rock Dissidente de discos pesados nacionais lançados esse ano que, embora não estejam sendo tão celebrados pela grande mídia, vão agradar quem curte o Metal brasileiro! Confira!
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Assista o teaser dessa edição, ao som de "Silent Protest"do NECROFOBIA!!! Esse Thrash Metal de Ribeirão Preto, São Paulo, só não entrou em nossa listagem por falta de tempo.
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Rock Dissidente # 95:
Abertura - AVE SANGRIA
Bloco 01 - HELLISH WAR, UGANGA, TORMENTA, SADISTIC MESSIAH.
Bloco 02 - FÖXX SALEMA, JAVALI, SPADES VANDAL.
Bloco 03 - AÇÃO DIRETA, SURRA.
Fundos - COMANDO ETÍLICO, RIFFCOVEN, INOCENTES.
Encenrramento - TUATHA DE DANANN.
Gravado no estúdio "Casa da Rua do Beco", em Varginha, Minas Gerais, para todo universo conhecido, eternidade e além!
Produção, Roteiro, Seleção Musical e Locução: Willba Dissidente. Agradecimentos: Gustavo Troiano e Alexandre Quadros
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Resenha: SAVANNAH - os 16 registros fonográficos. Nota: 10,00.
Eram finais de anos 1990 e o Hard Rock e o Glam, que haviam sumido do mainstream no começo da década, estavam esquecidos no underground. Foi também justamente a época em que as duas principais bandas do Rio Grande do Sul, dentro de seus estilos, o ROSA TATTOOADA, no Hard Rock e o LEVIAETHAN, no Thrash Metal, estavam inativas. Nesse contexto, parecia inimaginável que gaúchos que pareciam saídos do clipe de "Tears are Falling", de 1987, do KISS, apareciam repetidamente nas páginas da Rock Brigade e outros zines de tempos em tempos lançando fitas K7 no formato demo e tocando música que soava como os anos 1980! Acompanhe essa resenha biográfica e conheça a história a e luta de 23 anos de carreira underground do SAVANNAH, que teve sua discografia inteira resgatada e está disponível à venda!
Spades, French e Frab em 1997
Se nos anos 2010 é comum ver bandas de Metal e Hard descaradamente oitentistas, na década de 1990, tudo que vinha dos oitenta era hostilizado por isso. "Anacrônico, oitentista e underground"; esse é o SAVANNAH. Todavia, se engana quem pensa que a banda seguiu esses 23 com roupas e sonoridade no mesmo estilo da primeira (heroica) fase das demos em fita cassete. O SAVANNAH passou pelo Sleaze, pelo Hard, pelo Heavy Metal, pelo Hard 'n' Heavy, sempre mantido pelo vocalista e multi-instrumentista Spades.
De letras mais fofinhas às de crítica social, das músicas em inglês e em português. Todavia, sempre uma grande e duradoura inspiração no som e na postura underground; com o visual às vezes mais, às vezes menos espalhafatoso.
Todos os registros do Savannah foram relançados pelo selo "Som de Peso" (link ao final da matéria). Ao todo são dez cdr's impressos em formato envelope que contabilizam os 16 registros fonográficos do grupo gaúcho liderado pelo vocalista (e ás vezes baixista, guitarrista e baterista) Spades Vandall. Muitos desses discos só existiam em fitas K7 e outros estão sendo relançados pela primeira vez em CD. Apenas o primeiro volume, das duas primeiras demos, possui faixas bônus. Infelizmente, os discos não tem encarte ou resgate do material gráfico, agradecimentos etc da época; todavia constam as informações de composição / gravação completas. Até a demo de 2007, capa volume inclui duas demos em um cd, doravante é um disco completo por cd. Ainda que até 2002 os discos venham de gravações em fita, a masterização foi muito bem feita e não se perde muita qualidade em comparação aos registros posteriores. As exceções são as demos "Open Wide..." e "In defense..." cuja produção da época não ficou tão legal.
Banda que durante bom tempo teve a faixa de abertura coincidindo com a faixa título (ou quase), ouvindo os relançamentos da Som de Peso é fácil de notar que o SAVANNAH passou por diversas fases durante a carreira.
A primeira está representada nos volumes 1 e 2 dos relançamentos e são a fase inicial do SAVANNAH com o membro fundador Frab nas guitarras. Melhor guitarrista que já passou pela banda, Frab faz solos sensacionais e, não obstante o visual mais ENUFF Z'NUFF, seus riffs de guitarra tem muito metal tradicional na linha ACCEPT ou do RATT dos primeiros discos. Nessa época, as composições, que mais tarde seriam a maioria de Spades, são divididas com o guitarrista.Cambiando de baterista a cada registro, French esteve no baixo até a terceira demo. Nessa época também surgem excelentes baladas e se nota aqui e acolá uma desafinada do vocalista.
Na última demo desse ciclo, a quarta, o grupo gravou pela primeira vez uma canção em português, um cover do ROSA TATTOOADA com participação do próprio Jacques Maciel.
"Looking for a Thrill", já sem Frab nas guitarras, marcou uma transição do grupo do Hard 'n' Heavy para um som mais Sleazy Glam, com nítidas influências de PRETTY BOY FLOYD, TUFF, SLEEZE BEES, L.A. GUNS, POISON e FASTER PUSSYCAT. Ainda que estivéssemos já nos anos 2000, o SAVANNAH estava fazendo o som nitidamente de 1989!!! Essa sonoridade se concretizou na demo "P.A. Glam".
Seguindo essa sonoridade, entram na banda Luly, Puff e Glimm, que ficariam com Spades pelas 04 demos seguintes. Além do som mais "punkiado hard rock", seguem as excelentes baladas e o SAVANNAH passa a tocar exclusivamente em português. Esse foi o SAVANNAH mais clássico, com músicas mais despretensiosas falando de amor, sexo e amenidades; porém sempre com qualidade.
"Caçador da Madrugada", muito influenciada por MÖTLEY CRÜE, "Tesão" e as faixas títulos das demos "Rebeldes, Renegados, Perdidos e Degenerados" e "Vivendo Rápido para Morrer Cedo" geraram clássicos da banda, assim como a balada "Você se Foi". Com "Submundo", muda-se o baixista, perde-se a estabilidade na formação e banda encontra o peso do Heavy Metal e de letras mais críticas às mazelas sociais. Com Spades dominando as composições, o visual fica mais focado no Dark. Segue-se o trabalho "Inverso-Reverso", na mesma pegada de Metal tradicional cantado em português.
Em 2006, o SAVANNAH completava 10 anos de banda e lançava a demo "Disciplina", que novamente é uma ponte para a "fase seguinte" do grupo. As letras ainda são em português, mas o som está modernizado, com guitarras soando industriais, estilo NINE INCH NAILS, MARILYN MANSON, MINISTRY e até W.A.S.P do "Kill Fuck Die" e com bateria de bumbo duplo. As letras niilistas são cantadas com efeitos e distorções.
"Hell is Here", a demo de 2007, consolidou então a terceira fase do SAVANNAH: Metal mais moderno, um pouco como ALICE COOPER em "Brutal Planet", e letras em inglês. Agora Spades gravou baixo e guitarra com o musicista de estúdio Oreja que também cedeu o estúdio para gravação. Já sem formação, o SAVANNAH se torna a banda de um homem só, de Spades e já era hora de se lançar um debut full-lenght, não?
Após 12 demos (!!!!) o conjunto de Spades solta "Underworld-Underground". Registro mais pesado e sombrio da carreira do SAVANNAH, esse disco de 2009 é também o favorito de Spades. Não é para menos. Lutty, da fase mais Glam, volta para as guitarras e ajuda nas composições que seguem cada vez mais maduras no instrumental (com destaque para a intro "Down") e poéticas e críticas nas letras indo a fundo na escuridão da natureza humana.
Das baladas e blues que há muito haviam sumido, temos em substituição som para bater cabeça e abrir roda. Spades passa a desenvolver e dominar um estilo vocal mais seu, agudo e rasgado e sujo quando o som precisa. A evolução natural do SAVANNAH chega a assustar e pode ser que quem é fã ferrenho dos discos mais Hard e Glam pode considerar a "Underwolrd - Underground" mais moderno e pesado demais, mas o fato é que nesse disco estão os melhores solos e riffs de Luty e nata condensada do que o SAVANNAH é; um equilíbrio entre o oitentista e moderadamente moderno.
"A New Way to Live" tirou do SAVANNAH a alcunha de banda de um homem só e o conjunto voltou a ter estabilidade na sua formação com a volta de Frab nas guitarras e a chegada do baixista Wagg. O rock pesado continuou no Heavy Metal moderno com letras em inglês. Todavia, qual luz no fim da escadaria, os sons perderam um pouco o ar "dark". Nesse lançamento o visual Glam do começo de carreira, que havia se tornado Dark Glam em "Underworld-Underground", passa a ser o contemporâneo e descolado Hard Rock do "camisetão"
Com uma velha guitarra e seu velho guitarrista arrasando nos licks, leads, riffs e solos, o ano de 2015 trouxe "Do What You Wanna Do". O SAVANNAH continuou o trabalho dos discos anteriores, porém mais tradicional e mais Hard 'n' Heavy. Sem efeitos modernos e afinações mirabolantes, mas com muita competência e composições maduras. Certamente, um dos melhores discos, se não o melhor, e o que mais agrega fãs de todas as fases anteriores.
Após 20 anos seguidos de batalha, lançando quase que um disco por ano, a carreira do grupo foi celebrada a coletânea "The Last Twenty Years". Com 20 faixas, infelizmente, não coube espaço para músicas de todos os discos, e qualidade das gravações que vai variando ao longo das rotações do CD. Mas a coletânea não é só recordação, já que ela abre e fecha com sons novos. "Don't Give My Dreams" e "Taste your Body", que é mais legal, são muito bem gravadas e soam como uma transição entre os primeiros trabalhos e os últimos.
É vitoriosa uma carreira que ganhou muito dinheiro e reconhecimento da mídia? Ou ganha mesmo quem consegue se sustentar por anos e anos no underground sem apoio, sem grande mídia, mas com o reconhecimento do valor cultural? Acreditamos na segunda opção. O SAVANNAH por sua heróica carreira de 12 demos e 4 discos lançados tinha status de banda cult entre os headbangers, hards e rockers brasileiros. Com os relançamento da Som de Peso, o que era Cult pode passar a ser não só reconhecido, mas ter suas músicas conhecidas e passar a ser lenda. Vida longa a lenda do SAVANNAH!
BÔNUS: para o ano de 2019 o vocalista SPADES VANDAL se lançou como artista solo lançando um disco auto-intitulado mais ou menos na mesma linha do começo de carreira do SAVANNAH.... e o visual espalhafatoso voltou com tudo!!
01 . She's Mine (03:46)
02 . Back for the Night (03:47)
03 . Don't Wanna (Cry No More) (05:35)
04 . Scrach Me (03:32)
05 . Voltando para Casa (03:40) (Cover do ROSA TATTOOADA)
Spades -Bateria e Vocal
Frabs - Guitarra e Baixo
Jacques Maciel (ROSA TATTOOADA) - voz em "Voltando para Casa".
Looking for a Thrill (2001).
01 . No Compromisse (03:29)
02 . Looking for a Thrill (03:51)
03 . I Forget to Remember (To Forget You) (03:38)
Spades - Vocal e Baixo
Dada - Guitarra
Freak - Bateria
P.A. Glam (2002)
01 . Posso Olhar, mas não posso tocar (04:01)
02 . Hora do Amor (03:46)
06 . Ninfomaníaca (03:24)
Rebeldes, Renegados, Perdidos e Degenerados (2003)
01 . Rebeldes, Renegados, Perdidos e Degenerados (02:40)
02 . Alô! (02:48)
03 . Não Diz que Não (03:13)
04 . Caçador da Madrugada (04:47)
05 . Tesão (03:05)
01 . Submundo (Intro) (00:36)
02 . Caminho sem Volta (04:09)
03 . Doce Lar Submundo (03:36)
04 . Linhas Brancas (04:02)
05 . A Morte Chama (03:40)
06 . Minha Cruz (03:40)
Spades Vandal - Vocal e Percurssão
Luty Raggen - Guitarra
CJ - Baixo e Vocal
Glimm Xotter - Bateria
Inverso - Reverso (2005)
01 . Reverso - Inverso (00:44)
02 . Liberte sua Mente (03:59)
03 . Levantando da Sarjeta (05:05)
04 . Embaixo da Terra (04:41)
05 . Empurrando Pedra com a Barriga (02:21)
06 . Vida Desperdiçada (03:32)
Spades Vandal - Vocal e Percurssão
Luty Raggen - Guitarra
CJ - Baixo, Guitarra Solo e Vocal
Glimm Xotter - Bateria
Participação especial - Meleu (R.I.P.) na faixa "Empurrando Pedra com a Barriga".
Disciplina (2006).
01 . Umbral (intro) (02:36)
02 . Aqui se faz, aqui se paga (02:52)
03 . Liberdade (02:40)
04 . Fim dos dias (03:17)
06 . Disciplina (intro) (00:57)
07 . Ver para Crer (02:33)
Spades - Vocal, baixo e guitarra
CJ - guitarra
Oreja - Bateria
Hell is Here (2007).
01 . Last Breath (Introdução) (01:27)
02 . Human Race: The World's Cancer (04:49)
03 . Woman and Drinks (03:33)
04 . Jump in the Void (03:19)
05 . Survive in Hell (02:35)
Spades - Vocal, guitarra e baixo
Oreja - Bateria
Underworld Underground (2009)
01 . Rise from the Gutter (04:45)
02 . No Submission (03:38)
03 . Just to Believe (04:13)
04 . Smobody's falling (05:19)
05 . Running from the Wicked (04:43)
06 . Down (01:33)
07 . My Dark Side (03:41)
08 . Under - Under (04:31)
09 . To Hell and no Return (03:31)
Spades - Vocals
Lutty - Guitarras
Jon "TM" - Guitarras
Bareh - Baixo
Paul Paul - bateria
A New Way to Live (2012)
01 . Die For Freedom (03:03)
02 . Nothing Left To Say (04:55)
03 . Out Of Control (03:10)
04 . A New Way To Live (03:07)
05 . Release My Soul (04:10)
06 . I Was Born (To Live Alone) (03:30)
07 . Don't Follow My Way (03:49)
08 . Living In The Past Time (03:07)
Spades - Voz
Frab - Guitarra
Wagg- Baixo
Raff - Bateria
Do What you Wanna Do (2015)
01 . Free Life (03:56)
02 . Call of the Streets (03:16)
03 . No Way Out (02:58)
04 . Fire (03:17)
05 . We got the Power (04:04)
06 . Remember the Avenue (04:08)
07 . Do What You Wanna Do (04:50)
08 . Never Give Up (04:25)
Spades - Voz
Frab - Guitarra
Wagg- Baixo
Paul - Bateria
The Last Tweenty Years (2018)
01 . Don't Give Up My Dreams (04:06)
02 . Die For Freedom (03:03)
03 . Free Life (03:56)
04 . Sex Dirty (03:28)
05 . Doce Lar Submundo (03:36)
06 . Back for the Night (03:47)
07 . Doce Tormento (04:11
08 . Out Of Control (03:10)
09 . Just to Believe (04:13)
10 . Looking For Some Action (03:33)
11 . Remember the Avenue (04:08)
12 . Underworld Underground (04:31)
13 . Open Wide and Look Inside (03:58)
14 . I Was Born (To Live Alone) (03:30)
15 . Caminho sem Volta (04:09)
16 . Woman In Disguise (04:20)
17 . Looking for a Thrill
18 . Scrach Me (03:32)
19 . Rebeldes, Renegados, Perdidos e Degenerados (02:40)
20 . Taste Your Body (03:56)
Total: 77 minutos.
Primeiro programa de 2019 e o Rock Dissidente já chega misturando o lado A com o lado B e botando pra f*dê! Nessa edição de número 70 dentro do Programa Combate, o Rock Dissidente apresenta suas "erratas" , corrigindo as bandas e discos que esqueceram de ser citados no ano anterior além de adiantar os especiais programados para 2019 e reafirmar o posicionamento antifascistas e libertário do periódico. Afinal, por que não questionar o mundo e seu lugar nele enquanto se conhece mais do mundo da música pesada?
Confira nosso primeiro podcast de 2019!
Programa Combate no ar desde 2001 pela rádio Melodia FM, 102,3 transmitindo desde Varginha para mais de cinquenta municípios. O Programa Combate passa todo domingo, das 16 às 18 horas.
Gravado, exibido e disponível nas redes sociais desde 06/01/2018.
Assista nossa primeira gravação do ano!
Durante a edição de número 69 o Rock Dissidente tocou músicas de FIRE WIND, SAVANNAH, DUST (bul), MR. GREEN, SCARAB.
Rock Dissidente no Programa Combate:
Apresentação: Willba Dissidente. Técnico de som: Francisco Chico. Produção técnica: Ivanei Salgado. Produção executiva: André "Detonator" Biscaro.