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terça-feira, dezembro 03, 2019

Savannah: banda campeã em lançar fitas demo no Brasil tem discografia relançada!


Resenha: SAVANNAH - os 16 registros fonográficos.
Nota: 10,00.

Eram finais de anos 1990 e o Hard Rock e o Glam, que haviam sumido do mainstream no começo da década, estavam esquecidos no underground. Foi também justamente a época em que as duas principais bandas do Rio Grande do Sul, dentro de seus estilos, o ROSA TATTOOADA, no Hard Rock e o LEVIAETHAN, no Thrash Metal, estavam inativas. Nesse contexto, parecia inimaginável que gaúchos que pareciam saídos do clipe de "Tears are Falling", de 1987, do KISS, apareciam repetidamente nas páginas da Rock Brigade e outros zines de tempos em tempos lançando fitas K7 no formato demo e tocando música que soava como os anos 1980! Acompanhe essa resenha biográfica e conheça a história a e luta de 23 anos de carreira underground do SAVANNAH, que teve sua discografia inteira resgatada e está disponível à venda!


Spades, French e Frab em 1997

Se nos anos 2010 é comum ver bandas de Metal e Hard descaradamente oitentistas, na década de 1990, tudo que vinha dos oitenta era hostilizado por isso. "Anacrônico, oitentista e underground"; esse é o SAVANNAH. Todavia, se engana quem pensa que a banda seguiu esses 23 com roupas e sonoridade no mesmo estilo da primeira (heroica) fase das demos em fita cassete. O SAVANNAH passou pelo Sleaze, pelo Hard, pelo Heavy Metal, pelo Hard 'n' Heavy, sempre mantido pelo vocalista e multi-instrumentista Spades.



De letras mais fofinhas às de crítica social, das músicas em inglês e em português. Todavia, sempre uma grande e duradoura inspiração no som e na postura underground; com o visual às vezes mais, às vezes menos espalhafatoso.



Todos os registros do Savannah foram relançados pelo selo "Som de Peso" (link ao final da matéria). Ao todo são dez cdr's impressos em formato envelope que contabilizam os 16 registros fonográficos do grupo gaúcho liderado pelo vocalista (e ás vezes baixista, guitarrista e baterista) Spades Vandall. Muitos desses discos só existiam em fitas K7 e outros estão sendo relançados pela primeira vez em CD. Apenas o primeiro volume, das duas primeiras demos, possui faixas bônus. Infelizmente, os discos não tem encarte ou resgate do material gráfico, agradecimentos etc da época; todavia constam as informações de composição / gravação completas.  Até a demo de 2007, capa volume inclui duas demos em um cd, doravante é um disco completo por cd. Ainda que até  2002 os discos venham de gravações em fita, a masterização foi muito bem feita e não se perde muita qualidade em comparação aos registros posteriores. As exceções são as demos "Open Wide..." e "In defense..." cuja produção da época não ficou tão legal.



Banda que durante bom tempo teve a faixa de abertura coincidindo com a faixa título (ou quase), ouvindo os relançamentos da Som de Peso é fácil de notar que o SAVANNAH passou por diversas fases durante a carreira.



A primeira está representada nos volumes 1 e 2 dos relançamentos e são a fase inicial do SAVANNAH com o membro fundador Frab nas guitarras. Melhor guitarrista que já passou pela banda, Frab faz solos sensacionais e, não obstante o visual mais  ENUFF Z'NUFF, seus riffs de guitarra tem muito metal tradicional na linha ACCEPT ou do RATT dos primeiros discos. Nessa época, as composições, que mais tarde seriam a maioria de Spades, são divididas com o guitarrista.Cambiando de baterista a cada registro, French esteve no baixo até a terceira demo. Nessa época também surgem excelentes baladas e se nota aqui e acolá uma desafinada do vocalista.



Na última demo desse ciclo, a quarta, o grupo gravou pela primeira vez uma canção em português, um cover do ROSA TATTOOADA com participação do próprio Jacques Maciel.



"Looking for a Thrill", já sem Frab nas guitarras, marcou uma transição do grupo do Hard 'n' Heavy para um som mais Sleazy Glam, com nítidas influências de PRETTY BOY FLOYD, TUFF, SLEEZE BEES, L.A. GUNS, POISON e FASTER PUSSYCAT. Ainda que estivéssemos já nos anos 2000, o SAVANNAH estava fazendo o som nitidamente de 1989!!! Essa sonoridade se concretizou na demo "P.A. Glam".



Seguindo essa sonoridade, entram na banda Luly, Puff e Glimm, que ficariam com Spades pelas 04 demos seguintes. Além do som mais "punkiado hard rock", seguem as excelentes baladas e o SAVANNAH passa a tocar exclusivamente em português. Esse foi o SAVANNAH mais clássico, com músicas mais despretensiosas falando de amor, sexo e amenidades; porém sempre com qualidade.



"Caçador da Madrugada", muito influenciada por MÖTLEY CRÜE, "Tesão" e as faixas títulos das demos "Rebeldes, Renegados, Perdidos e Degenerados" e "Vivendo Rápido para Morrer Cedo" geraram clássicos da banda, assim como a balada "Você se Foi". Com "Submundo", muda-se o baixista, perde-se a estabilidade na formação e banda encontra o peso do Heavy Metal e de letras mais críticas às mazelas sociais. Com Spades dominando as composições, o visual fica mais focado no Dark. Segue-se o trabalho "Inverso-Reverso", na mesma pegada de Metal tradicional cantado em português.



Em 2006, o SAVANNAH completava 10 anos de banda e lançava a demo "Disciplina", que novamente é uma ponte para a "fase seguinte" do grupo. As letras ainda são em português, mas o som está modernizado, com guitarras soando industriais, estilo NINE INCH NAILS, MARILYN MANSON, MINISTRY e até W.A.S.P do "Kill Fuck Die" e com bateria de bumbo duplo. As letras niilistas são cantadas com efeitos e distorções.



"Hell is Here", a demo de 2007, consolidou então a terceira fase do SAVANNAH: Metal mais moderno, um pouco como ALICE COOPER em "Brutal Planet", e letras em inglês. Agora Spades gravou baixo e guitarra com o musicista de estúdio Oreja que também cedeu o estúdio para gravação. Já sem formação, o SAVANNAH se torna a banda de um homem só, de Spades e já era hora de se lançar um debut full-lenght, não?



Após 12 demos (!!!!) o conjunto de Spades solta "Underworld-Underground". Registro mais pesado e sombrio da carreira do SAVANNAH, esse disco de 2009 é também o favorito de Spades. Não é para menos. Lutty, da fase mais Glam, volta para as guitarras e ajuda nas composições que seguem cada vez mais maduras no instrumental (com destaque para a intro "Down") e poéticas e críticas nas letras indo a fundo na escuridão da natureza humana.



Das baladas e blues que há muito haviam sumido, temos em substituição som para bater cabeça e abrir roda. Spades passa a desenvolver e dominar um estilo vocal mais seu, agudo e rasgado e sujo quando o som precisa. A evolução natural do SAVANNAH chega a assustar e pode ser que quem é fã ferrenho dos discos mais Hard e Glam pode considerar a "Underwolrd - Underground" mais moderno e pesado demais, mas o fato é que nesse disco estão os melhores solos e riffs de Luty e nata condensada do que o SAVANNAH é; um equilíbrio entre o oitentista e moderadamente moderno.



"A New Way to Live" tirou do SAVANNAH a alcunha de banda de um homem só e o conjunto voltou a ter estabilidade na sua formação com a volta de Frab nas guitarras e a chegada do baixista Wagg. O rock pesado continuou no Heavy Metal moderno com letras em inglês. Todavia, qual luz no fim da escadaria, os sons perderam um pouco o ar "dark". Nesse lançamento o visual Glam do começo de carreira, que havia se tornado Dark Glam em "Underworld-Underground", passa a ser o contemporâneo e descolado Hard Rock do "camisetão"



Com uma velha guitarra e seu velho guitarrista arrasando nos licks, leads, riffs e solos, o ano de 2015 trouxe "Do What You Wanna Do". O SAVANNAH continuou o trabalho dos discos anteriores, porém mais tradicional e mais Hard 'n' Heavy. Sem efeitos modernos e afinações mirabolantes, mas com muita competência e composições maduras. Certamente, um dos melhores discos, se não o melhor, e o que mais agrega fãs de todas as fases anteriores.



Após 20 anos seguidos de batalha, lançando quase que um disco por ano, a carreira do grupo foi celebrada a coletânea "The Last Twenty Years". Com 20 faixas, infelizmente, não coube espaço para músicas de todos os discos, e qualidade das gravações que vai variando ao longo das rotações do CD. Mas a coletânea não é só recordação, já que ela abre e fecha com sons novos. "Don't Give My Dreams"  e "Taste your Body", que é mais legal, são muito bem gravadas e soam como uma transição entre os primeiros trabalhos e os últimos.



É vitoriosa uma carreira que ganhou muito dinheiro e reconhecimento da mídia? Ou ganha mesmo quem consegue se sustentar por anos e anos no underground sem apoio, sem grande mídia, mas com o reconhecimento do valor cultural? Acreditamos na segunda opção. O SAVANNAH por sua heróica carreira de 12 demos e 4 discos lançados tinha status de banda cult entre os headbangers, hards e rockers brasileiros. Com os relançamento da Som de Peso, o que era Cult pode passar a ser não só reconhecido, mas ter suas músicas conhecidas e passar a ser lenda. Vida longa a lenda do SAVANNAH!

BÔNUS: para o ano de 2019 o vocalista SPADES VANDAL se lançou como artista solo lançando um disco auto-intitulado mais ou menos na mesma linha do começo de carreira do SAVANNAH.... e o visual espalhafatoso voltou com tudo!!



Sites relacionados:

http://www.fb.com/somdepeso/
(51) 9 8925 - 1387

http://www.facebook.com/Savannah-Hard-Rock/
https://www.youtube.com/channel/UCctbkr9mPDBTrcJo5_Lc4zQ/

DISCOGRAFIA:



Savannah (1998)

01 . Sex Dirty (03:28)
02 .  Looking For Some Action (03:33)
03 .  Hungry For Your Love (04:48)
04 .  Night After Night (04:24)

Spades - Vocal
Frab- Guitarra
French - Baixo



Open Wide and Look Inside (1998)

01 . Open Wide and Look Inside (03:58)
02 . Woman In Disguise (04:20)
03 . Tearin' Down The Walls (05:31)

Bônus (gravadas ao vivo em 1996):

08 . Stat Attraction (02:31) *
09 . Hollywood Killers (03:52) *
10 . Nigh After Night (04:59)

(*) Cover do TIGERTAILZ

Spades - Vocal
Frab- Guitarra
French - Baixo
Baterista convidado - Bunny





In Defense Of... (1999)

01 .  She's Too Hot Tonight  (05:27)
02 . Little Beauty Seventeen (04:25)
03 . Hot Love  (04:10)
04 . I Can't Wait (05:47)
05 . Time Will Tell (03:39)

Spades - Vocal
Frab - Guitarra
Frenchy - Bass
Raff - Bateria



Back for the Night (2000)

01 . She's Mine (03:46)
02 . Back for the Night (03:47)
03 . Don't Wanna (Cry No More) (05:35)
04 . Scrach Me (03:32)
05 . Voltando para Casa (03:40) (Cover do ROSA TATTOOADA)

Spades -Bateria e Vocal
Frabs - Guitarra e Baixo
Jacques Maciel (ROSA TATTOOADA) - voz em "Voltando para Casa".



Looking for a Thrill (2001).

01 . No Compromisse (03:29)
02 . Looking for a Thrill (03:51)
03 . I Forget to Remember (To Forget You) (03:38)

Spades - Vocal e Baixo
Dada - Guitarra
Freak - Bateria



P.A. Glam (2002)

01 . Posso Olhar, mas não posso tocar (04:01)
02 . Hora do Amor (03:46)
06 . Ninfomaníaca (03:24)

Spades - Vocal
Luly - Guitarra
Puff -Baixo
Glimm - Bateria




Vivendo Rápido para Morrer Cedo (2002)

01. Noites loucas (03:29)
02 . Doce Tormento (04:11)
03 . Mentiras de Amor (03:29)
04 . Garota Bomba (04:07)
05 . Você se Foi (02:41)

Spades - Vocal
Luly - Guitarra
Puff -Baixo
Glimm - Bateria


Rebeldes, Renegados, Perdidos e Degenerados (2003)

01 . Rebeldes, Renegados, Perdidos e Degenerados (02:40)
02 . Alô! (02:48)
03 . Não Diz que Não (03:13)
04 . Caçador da Madrugada (04:47)
05 . Tesão (03:05)

Spades - Vocal
Luly - Guitarra
Puff -Baixo
Glimm - Bateria



Submundo (2004)

01 . Submundo (Intro) (00:36)
02 . Caminho sem Volta (04:09)
03 . Doce Lar Submundo (03:36)
04 . Linhas Brancas (04:02)
05 . A Morte Chama (03:40)
06 . Minha Cruz (03:40)

Spades Vandal - Vocal e Percurssão
Luty Raggen - Guitarra
CJ - Baixo e Vocal
Glimm Xotter - Bateria



Inverso - Reverso (2005)

01 . Reverso - Inverso (00:44)
02 . Liberte sua Mente (03:59)
03 . Levantando da Sarjeta (05:05)
04 . Embaixo da Terra (04:41)
05 . Empurrando Pedra com a Barriga (02:21)
06 . Vida Desperdiçada (03:32)

Spades Vandal - Vocal e Percurssão
Luty Raggen - Guitarra
CJ - Baixo, Guitarra Solo e Vocal
Glimm Xotter - Bateria
Participação especial - Meleu (R.I.P.) na faixa "Empurrando Pedra com a Barriga".



Disciplina (2006).

01 . Umbral (intro) (02:36)
02 . Aqui se faz, aqui se paga (02:52)
03 . Liberdade (02:40)
04 . Fim dos dias (03:17)
06 . Disciplina (intro) (00:57)
07 . Ver para Crer (02:33)

Spades - Vocal, baixo e guitarra
CJ - guitarra
Oreja - Bateria



Hell is Here (2007).

01 . Last Breath (Introdução) (01:27)
02 . Human Race: The World's Cancer (04:49)
03 . Woman and Drinks (03:33)
04 . Jump in the Void (03:19)
05 . Survive in Hell (02:35)

Spades - Vocal, guitarra e baixo
Oreja - Bateria



Underworld Underground (2009)

01 . Rise from the Gutter (04:45)
02 . No Submission (03:38)
03 . Just to Believe (04:13)
04 . Smobody's falling (05:19)
05 . Running from the Wicked (04:43)
06 . Down (01:33)
07 . My Dark Side (03:41)
08 . Under - Under (04:31)
09 . To Hell and no Return (03:31)

Spades - Vocals
Lutty - Guitarras
Jon "TM" - Guitarras
Bareh - Baixo
Paul Paul - bateria




A New Way to Live (2012)

01 . Die For Freedom (03:03)
02 . Nothing Left To Say (04:55)
03 . Out Of Control (03:10)
04 . A New Way To Live (03:07)
05 . Release My Soul (04:10)
06 . I Was Born (To Live Alone) (03:30)
07 . Don't Follow My Way (03:49)
08 . Living In The Past Time (03:07)

Spades - Voz
Frab - Guitarra
Wagg- Baixo
Raff - Bateria



Do What you Wanna Do (2015)

01 . Free Life (03:56)
02 . Call of the Streets (03:16)
03 . No Way Out (02:58)
04 . Fire (03:17)
05 . We got the Power (04:04)
06 . Remember the Avenue (04:08)
07 . Do What You Wanna Do (04:50)
08 . Never Give Up (04:25)

Spades - Voz
Frab - Guitarra
Wagg- Baixo
Paul - Bateria



The Last Tweenty Years (2018)

01 . Don't Give Up My Dreams (04:06)
02 . Die For Freedom (03:03)
03 . Free Life (03:56)
04 . Sex Dirty (03:28)
05 . Doce Lar Submundo (03:36)
06 . Back for the Night (03:47)
07 . Doce Tormento (04:11
08 . Out Of Control (03:10)
09 . Just to Believe (04:13)
10 . Looking For Some Action (03:33)
11 . Remember the Avenue (04:08)
12 . Underworld Underground (04:31)
13 . Open Wide and Look Inside (03:58)
14 . I Was Born (To Live Alone) (03:30)
15 . Caminho sem Volta (04:09)
16 . Woman In Disguise (04:20)
17 . Looking for a Thrill
18 .  Scrach Me (03:32)
19 . Rebeldes, Renegados, Perdidos e Degenerados (02:40)
20 . Taste Your Body (03:56)
Total: 77 minutos.

*

terça-feira, março 06, 2018

Janis Joplin: os 75 anos da cantora mais influente do Rock!

Feminista, bissexual, deu fora duas vezes em Jim Morrison e namorou um brasileiro. Essa é JANIS JOPLIN, a pérola, fã mais notória do whisky Southrem Confort, cantora que faleceu aos 27 após lançar três álbuns e ficou mundialmente famosa pelo disco lançado quatro meses após falecer. O Rock Dissidente dentro do Programa Combate prestou uma justa homenagem a cantora mais influente do Rock e do Blues. Saiba curiosidades e fatos marcantes da carreira da musa, incluindo sua emblemático passagem pelo Rio de Janeiro e o relacionamento com SERGUEI.

Ouça o ROCK DISSIDENTE inteiro (ncluindo as músicas) pelo MixCloud, sem precisar sair do WhatsApp, Facebook ou do site e aplicativo que você quiser.



Programa Combate no ar desde 2001 pela rádio Melodia FM, 102,3 transmitindo desde Varginha para mais de cinquenta municípios. O Programa Combate passa todo domingo, das 16 às 18 horas.

Durante a sua trigésima sétima edição dentro do Programa Combate, o Rock Dissidente executou músicas de JUDAS PRIEST, ELLFUS, MARILYN MARTIN, BARÃO VERMELHO, GOLPE DE ESTADO e BARÓN ROJO (ouça no MixCloud para saber quais).

Assista ao vídeo pelo youtube (sem as músicas e precisando visualizar o app)!




Gravado e exibido ao vivo em 04/03/2018, sendo disponibilizado nessa mesma data no MixCloud e dois dias depois no youtube.

Rock Dissidente no Programa Combate:

Apresentação e edição de vídeo: Willba Dissidente.
Técnico de Som: Adilson Mesquita.
Produção técnica: Ivanei Salgado.
Produção executiva e filmagem: André "Detonator" Biscaro.

Sites relacionados:
http://rockdissidente.blogspot.com.br/
http://www.mixcloud/RockDissidente/
https://www.facebook.com/RockDissidemte/

http://www.radiosaovivo.net/melodia-varginha/
https://www.facebook.com/combatefm/

terça-feira, abril 29, 2014

Death: umas dos mais impressionantes casos do Hard Rock setentista!


Você com certeza conhece inúmeras bandas de rock pesado que deveriam ter dado certo, mas que caíram no anonimato após poucos lançamentos. O DEATH deveria ter sido um desses grupos fadado ao esquecimento; se suas gravações da década de 1970, e o repentino sucesso, não tivessem emergido 34 anos depois. Para quem está estranhando, estamos falando do DEATH de Detroit, formada por três irmãos negros que começaram a tocar rock'n'roll em 1971. Se você está esperando ler sobre o DEATH da califórnia, pedimos que pare agora a leitura; a menos que você queira se aventurar a conhecer uma das mais impressionantes sagas do Hard Rock!

Saque o som do DEATH!



01 . DE RHYTHM BLUES À PANCADARIA.


Após o burburinho (que eufemismo!) que o THE BEATLES causou na sociedade estadunidense durante a chamada "Invasão Inglesa", três irmãos, David, Dannis e Bobby resolveram formar uma banda de Rhythm and Blues. Após aprenderem a tocar guitarra, bateria e baixo e vocal, respectivamente, os Hackney, muito ralaram e conseguiram em 1973 lançar um compacto sob o nome de ROCKFIRE FUNK EXPRESS. O disquinho de 7 polegadas incluía a música tema da banda e o seu clássico "People Save The World".



Contudo, chegou 1974 e os tempos estavam ficando cada vez mais pesados. Só em Nova York tinhamos o DUST, NEW YORK DOLLS, BLUE ÖYSTER CULT, levando os irmãos Hackney a seguir seguindo uma tendencia de tornar seu som mais Hard Rock, inspirados majoritariamente pelos trabalhos contemporâneos dos ingleses do THE WHO, além do, também nascido em Detroit, Michigan, ALICE COOPER GROUP.

Sendo da mesma cidade de TED NUGENT, GRANDFUNK RAILROAD e BOB SEGER, os Hackney não ia deixar barato. Assim, junto com a nova direção musical, o guitarrista David convenceu seus irmãos a aceitarem serem chamados de DEATH. Ainda que esse nome fosse carregado de negatividade, a genuína proposta de David era torná-lo algo positivo. A História estava para começar...



02 . O DEATH VIVE.

"Se Eles nos fizessem mudar o nome, então cada coisinha que eles viam na gente ia mudar - a música, o estilo, o conceito. Assim que mudássemos o nome nós pertenceríamos a eles. Assim que desistíssemos disso, o DEATH, bem, estaria morto". David Hackhey.

Ensaiando, gravando demos e dando shows da garagem da casa que dividiam com os pais, os irmãos Hackney fizeram a reputação do DEATH chegar a Clive Davis, então presidente da Columbia Records em 1975. Junto com o engenheiro de som Jim Vitti, o DEATH já havia gravado sete das doze músicas que viriam a compor seu debut. Foi então que a gravadora cortou a verba e cancelou o projeto, pois os irmãos recusaram veementemente os apelos "dos patrões" para mudarem sua nomenclatura para algo mais "palatável", pois temiam que DEATH (Morte) assustasse os compradores do disco!


Ainda que sem o dinheiro da gravadora major, os Hackney não se intimidaram e continuarem tentando. Criarem o seu próprio selo, o Tryangle, para lançar em 1976, no formato single, duas músicas registradas durante as sessões da Columbia Records, "Politicians In My Eyes" e "Keep on Knocking". 500 cópias forma prensadas e distribuídas. O som do DEATH, não era assustador como temia a gravadora, apresentando características de conterrâneos como o MC5, STOOGES, a galera com a qual a banda vivia. Como nenhuma outra gravadora se interessou, a banda encerrou as atividades no ano seguinte.




03 . O IMPRESSIONANTE RETORNO E LANÇAMENTO DO DEBUT.

Saimos de 1977 e vamos direto para 2008. O ex-vocalista do DEAD KENNEDYS, Jello Biafra, assim como outros colecionadores de discos, encontrou o single do DEATH e começou a tocá-lo em festas, rádios e na internet. Tal fato fez com Bobby Junior, Julian e Urian, filhos do baixista e vocalista Bobby Hackney, mudassem sua banda , ROUGH FRANCIS, de cover do BAD BRAINS para cover do DEATH, tocando as sete demos que encontraram no porão de seus pais! A recepção foi excelente, e durante esse ano, todos que compareciam às apresentações se surpreendiam com a qualidade das músicas. Ainda falta um elemento para trazer o DEATH de volta a vida. Em 12 de Março de 2009, o Mike Rubin, do New York Times, publicou no periódico um artigo chamado "This Band was Punk before Punk Was Punk (algo como "Essa banda era Punk antes do Punk ser Punk)!

A boa recepção da banda mais o estrondo causado pelo artigo em um dos maiores jornais do mundo fez com que no mesmo ano a gravadora Drag City Records lançasse as demos originais sob o nome do "...For The Whole World To See". Vinte e quatro anos depois da gravação (1975), o DEATH pode soltar seu debut!

Com isso, o sucesso iria começar!



Ainda que com duração de EP, menos de 27 minutos, o álbum, cuidadosamente lançado em CD e LP, mostra que o rock'n'roll do DEATH nada temia ou devia aos grandes nomes da maravilhosa década de 1970. Finalmente, o DEATH alcançava a reputação que suas composições demandavam. Os críticos, em geral, taxaram o grupo como "protopunk", como se eles fossem os inventores do Punk Rock. Não restam dúvidas que as bases de de tri e bicordes presentes nas músicas soam como punk. Porém, ao se ouvir o disco encontramos vários solos de guitarra, baladas, solos de bateria, vocais em falsete, tempos quebrados, elementos que você não encontra em músicas do RAMONES ou dos SEX PISTOLS. Claro que o Punk Rock não se resume só a essas bandas, porém o som do DEATH é um Rock'n'Roll, Hard Rock, muito seguro de sí, com mais elementos de THE STOOGES e MC5 (olha eles ai de novo) do que do GENERATION X, por exemplo. A grande maioria das músicas de "...For the Whole World To See" não faz crítica social, algo presente no THE CLASH, mas não em todo Punk Rock. Alguns argumentam que metade dos sons do disco não tem solos de guitarra, algo bem punk. Porém, lembramos que o disco não chegou a ser terminado na época. "Where do We Go From Here" e "Politicians In My Eyes" tem bases que se repetem muito e muito bem poderiam abrigar solos de guitarra. Essa última possui solo de baixo no último compasso antes de entrar em fade. Esse site não reivindica "saber tudo" de rock, mas solo de baixo é MUITO incomum em músicas punks. Será que faltou dinheiro para mais uma sessão de estúdio exclusiva de solos e a banda não quis mexer nas masters antes de lançar o disco? 

Nunca saberemos, pois o encarte do álbum, escrito à mão (no "melhor" estilo "Born Again" do BLACK SABBATH ), pelo baixista/vocalista nada comenta sobre tal caso. Há inclusive agradecimento a GEORGE CLINTON e outros artistas da (gravadora) Motown, mas que em momento algum cita a trajetória da banda. Em suma, ao classificar o DEATH simplesmente de percursor do punk, teríamos de acrescentar uma enorme leva de bandas também como Punk Rock. Mais importante, as gravações do DEATH ficaram perdidas pelos anos de gênese do Punk Rock, ainda que as bandas Punk com certamente iriam curtir o grupo. Em analogia, o BLACK SABBATH, junto com o BLUE CHEER, BLACK WIDOW e outros possui muitos elementos de Heavy Metal, mas não todos eles como o JUDAS PRIEST; ainda que todas essas bandas citadas tenham influenciado o quinteto inglês. Arrebatando e finalizando a discução, como veremos a seguir, os irmãos do DEATH seguiram outros caminhos musicais após o fim o da banda, e estavam bem distantes do punk rock.

04 . A REPERCUSSÃO.




Enfim, ao que parece os críticos são mais receptivos ao Punk Rock do que ao Hard Rock e o disco fez estrondoso sucesso nos EUA. A música "Freakin' Out" apareceu no seriado "How I met your mother" (2010), assim como "You're a Prisioner" figurou no filme "Kill the Irishman" (2011).

05 . DEATH II: SPIRITUAL, MENTAL, PHYSICAL.

Claro que isso foi possível pela banda ter voltado a ser apresentar ao vivo. As boas vendagens de "...For the Whole World To See" incentivaram a Drag City Records a lançarem mais um apanhado de demos do DEATH, dessa vez intitulado "Spiritual, Mental, Physical" (2011), com composições de antecedem e vieram depois do primeiro LP; 1974 a 1976. O álbum é inconstante, de qualidade crua. Ainda assim, encontram-se ótimas composições em estado bruto, ao lado de brincadeiras no estúdio, sons de um take só e até músicas incompletas.




06 . O DOCUMENTÁRIO DO DEATH.

Não obstante, o interesse no disco foi o suficiente para o DEATH chamar a intenção de cineastras independes que, assim como o ANVIL, fez o grupo ter ganhado seu próprio documentário, "A Band called DEATH", em 2012. Uma música inédita, "We're Gonna Make It" é executada na película, sendo que ela só seria oficialmente lançada no vindouro disco "Death III" e como lado B do compacto de "North Street" em 2014 (o segundo registro que a banda lançou nesse formato desde 1976).

Confira o trailer abaixo, com participação do, arroz de festa dos documentários, TIA ALICE!




07 . O TERCEIRO CD/LP.

O entusiasmo dos rockers pelo DEATH, pela impressionante história e as músicas pesadas fizeram com o que a gravadora Drag City desenterrasse mais gravações demos do grupo e lançasse uma terceira copilação. Foi em 2014 que o mundo viu o lançamento do disco "Death III". Ao contrário dos anteriores, o período abrangido aqui é bem mais amplo; contendo gravações feitas em 1975, 1976, 1980 e 1992! Isso prova que, mesmo desenvolvendo outras carreiras, "vira e mexe", os Hackney se lembravam de compor e gravar algo para o DEATH. Com duas composições instrumentais, e mais demos caseiras, a qualidade das composições é a mesma, sendo que a gravação e produção é mais rebuscada em certos pontos. Confira uma amostra na canção "North Street", de 1980.



08 . OS PRIMEIROS SINGLES DESDE 1976.

Uma hora, eventualmente, o DEATH ficaria sem gravações antigas para lançar. Mas isso não é problema para músicos competentes, correto? Sim, em 2014, o power-trio compôs um novo som com a mesma vibração e empolgação de outrora e pode o lançar em compacto. Confira abaixo um teaser de "Relief".



O lado B do compacto/cd é preenchido por uma música "de catálogo" dos anos 1970 que ainda não havia sido lançada. Confira "Story of The World" ao vivo em gravação amadora no vídeo abaixo:




Também no começo de 2014, o DEATH pode lançar seu terceiro single, o segundo desde 1976. Trata-se da canção "North Street", de 1980, que saiu no disco "Death III".

10 . O QUE FIZERAM OS IRMÃOS HACKNEY ENQUANTO O DEATH ESTAVA NO LIMBO?

Logo após o fim do DEATH, os trio mudou de cidade e estado, indo residir em Burlington, Vermont. Junto com o endereço se foi a direção lírica da banda. Seu som continuou sendo Rock'n'Roll / Hard Rock, mas da rebeldia e desilusões, as músicas se tornaram católicas. Enquanto banda de rock gospel, o Dannis, Bobby e David conseguiram lançar dois LP's, ainda inéditos em CD, "The Forth Moviment" e "Totally", respectivamente em 1980 e 1982. Ambas as bolachas são hoje item de colecionador e super disputadas. O sucesso atual do DEATH fez subir o preço até do 4TH MOVIMENT, nome do grupo, que não teve boa aceitação em sua época.



O 4TH MOVIMENT, acabou após o segundo LP. Com o ruir da banda também se separaram os irmãos. David voltou para Detroit. Dennis (bateria) e Bobby (baixo, vocal) continuaram em Burligton.

Junto com o guitarrista Bobbie Duncan, que futuramente seria do DEATH, os dois irmãos entraram para o grupo de reggae LAMSBREAD. Ao que consta na internet, a banda continua ativa; porém não encontramos muito material sobre a mesma (quando começou, quantos discos lançados, nomes dos outros membros etc).



De volta à antiga cidade, David Hackney começou a trabalhar numa nova banda, com ajuda de seus irmãos. David, porém escolheu um pseudônimo: ROUGH FRANCIS! Infelizmente, a carreira do guitarrista foi tragicamente interrompida em 2000, quando ele faleceu vitima de câncer no pulmão. Como testamento, o músico lançou pouco antes de nos deixar um EP independente, 500 cópias, com 04 músicas chamado "Introducing Rough Francis".



Em 2006, quando os filhos do baixista Bobby Hackney resolveram formar uma banda, eles decidiram usar como nome o pseudônimo do tio, como homenagem. Esse novo ROUGH FRANCIS, como já contamos, foi quem muito ajudou no reconhecimento que gerou fama ao DEATH.



Quando o DEATH resolveu retornar a atividade e os discos foram lançados, o ROUGH FRANCIS, o dos sobrinhos, passou a escrever seu próprio material. Assim, em 2014, eles lançaram um disco completo "Maximum Soul Power", lançado em Cd, LP, Fita e Download, pela Riot House Records.

11 . FINALMENTES.



Nos últimos cinco anos o DEATH conseguiu lançar três discos completos, dois singles, relançou seu compacto de estreia e ainda ganhou um documentário. Em se tratando de rock pesado, com todos seus caminhos tortuosos, é uma trajetória vitoriosa. Com o agravante do grupo ter estado "na geladeira" por mais de três décadas, somos forçados a pensar que caminhos ele poderia ter tomada caso a Columbia Records não tivesse sido tão careta e retrógrada em relação ao nome. Como teria o DEATH desenvolvido sua arte sem essa vil interferência do capitalismo?

Tal teste de imprevisibilidades é nulo agora, pois o que realmente importa é que o DEATH está vivo, tocando se apresentando e compondo. Melhor, com muito ainda a oferecer para "o mundo todo curtir".

DEATH

Bobby Hackney - baixo, vocal
Dannis Hackney  - bateria
David Hackney - guitarra (RIP)
Bobbie Duncan - guitarra (2009 em diante)




DISCOGRAFIA

Politicians in My Eyes / Keep on Knocking (compacto, 1976, relançado em 2013)
...For the Whole World To See (CD, LP, 2009)
Spiritual, Mental, Phisycal (CD, LP, 2011)
A Band Called Death (Documentário, 2012)
Death III (CD, LP, 2014)
Relief (Single, 2014)
North Street (Single, 2014)

12 . SITES RELACIONADOS (em inglês):

http://www.deathfromdetroit.com/
http://dirtcitychronicles.blogspot.com.br/2012/07/the-death-chronicles.html
http://en.wikipedia.org/wiki/Death_(protopunk_band)
http://en.wikipedia.org/wiki/Rough_Francis




segunda-feira, janeiro 13, 2014

Shock: 2° banda de metal do Brasil luta para lançar 2º disco.



Formada na capital paraibana 1979, dois anos após o STRESS surgir em Belém do Pará, a banda SHOCK foi o segundo grupo no Brasil que se dedicou ao Heavy Metal. Inicialmente, o conjunto era formado por quatro irmãos, todos muito fãs de BLACK SABBATH, porém logo no começo da década de oitenta, um deles saiu do grupo, dando espaço para Américo Caldeira (um fã da banda) assumir os vocais. A formação fechou com, além do citado vocalista, Carlos Roque (bateria), Paulo Roque (baixo) e Edgard Roque (guitarra).

SHOCK ao vivo em dezembro de 2012 no Metal Maniacs Brigade.
Desde 1984 soltando registros fonográficos independentes no formato demo em fitas K7 e cantando em português, foi só em 1992 que a banda lançou seu debut. O clássico "Heavy Metal We Salute" saiu pela Whiplash Records. A repercussão do LP, que trazia nove músicas antigas vertidas para o idioma de Shakespeare, em qualidade de gravação nunca antes alcançada pela banda, foi tremenda. Não obstante estarmos já na década de 1990, o disco continha o clássico Heavy Metal inspirado em nomes como JUDAS PRIEST, ACCEPT e MOTÖRHEAD, agradando em cheio os headbangers ávidos pelo som do rock pesado e pauleira como ele é classicamente entendido.

Poucos após o lançamento do disco, o empresário e produtor Luziano faleceu em um acidente. Tal fato, decepcionou a banda que, não encerrou as atividades, mas deixou o SHOCK no limbo por muitos anos. O grupo ainda atuou naquela década, porém foi da metade dos anos 2000 que se tornou mais ativo. Um novo disco bootleg foi registrados e shows foram feitos (alguns deles internacionais), mostrando que o SHOCK continuava afinado. Em 2012, o selo Kill Again Records relançou "Heavy Metal We Salute You" em cd, numa edição caprichada que incluía alguns  registros  do passado, muitas fotos e recortes de mídia. Paralelamente a isso, já há alguns anos que a banda compunha e gravava, preparando o segundo full-lenght... que finalmente ficou pronto e chama-se "Shadows".


"Shadows" apresenta onze composições inéditas mais uma introdução que irão grudar como tatuagem nos headbangers que são fãs da sonoridade dos anos oitenta. É aquele mesmo som calcado em finais dos anos setenta e começo dos oitenta, pesado como um bloco de metal a se chocar com o chão. As composições são variadas, entre as rápidas, cadenciadas e até uma bela balada, a faixa-título. A produção é a melhor que a banda já alcançou, com todos instrumentos nítidos e perfeitamente mixados e equalizados para a pauleira. Américo continua cantando com a influência em Rob HALFORD que lhe é peculiar, e com inglês digno de quem nasceu nas terra da Rainha. A mesma maestria é apresentada por Carlos no comando das baquetas, abusando de malícia e andamentos variados. Edgard continua seu trabalho de guitarras a la Randy Roads, porém está mais contido e certeiro que outrora. Paulo é o destaque do CD, com linhas de baixo inspiradíssimas, que chegam a atenção do ouvinte. Tal maestria o músico já demonstrava nos registros anteriores, porém o som perfeitamente apurado de "Shadows" torna tal fato tão latente como o calor do meio-dia embaixo do sol em um dia alto verão.

CLIQUE AQUI para ouvir a música nova "Nightmares".

A parte gráfica do disco também é muito bem trabalhada, com encarte em seis páginas no formato folder, que se convertem em 12, com poster, todas as letras, foto na bandeja e demais informações. A capa é belíssima, por juntar a imagem fotografada da caveira com a vela derretida a um fundo de computador da tempestade.


Lançado especialmente para o evento "MMB - Metal Maniacs Brigade", realizado dia 14 de dezembro de 2013, com participação de bandas covers de IRON MAIDEN e KISS, além da autoral FIRETOMB numa fazendo a seis quilômetros de Recife, o disco "Shadows" foi editado, pelo momento, de maneira bootleg. Foram feitas tão somente 250 unidades do disco (em cdr prateado com impressão na mídia), financiadas pela própria banda, para ser vendido no festival de Pernambuco e as unidades sobressalentes foram distribuídas para pessoas da mídia especializada.

CLIQUE AQUI para ouvir a música nova "Shadows".

Assim como fez no passado para lançar seu clássico "Heavy Metal We Salute You", o SHOCK está a procurar de um selo que valorize o trabalho da banda para soltar oficialmente seu novo álbum. O trabalho gráfico, de encarte e gravação será o mesmo, tão somente o disco passará de cdr para cd oficial. Alguns selos já demonstraram interesse, porém nenhum deles fechou o negócio até o momento.

O fato é que estamos diante de um registro fortíssimo de, não só uma das maiores pioneiras do Metal brasileiro, como das mais criativas e persistentes bandas. Esperamos que "Shadows", que contém a mesma química e a mesma mágica dos dias mais gloriosos do Heavy Metal, consiga alcançar o grande público, sendo oficialmente lançado com a grandiosidade que ele merece. Qualidade para isso "Shadows" tem de sobra, só falta ganhar o mundo.



SHOCK apresentando o som "The Train of Life" no IRON MAIDEN Day de 2011.

SHOCK:

Paulo Roque - Baixo
Carlos Roque - Bateria
Edgard Roque - Guitarra
Américo Caldeira - Vocals

Discografia:
Shock Ao Vivo (demo 1993)
Shock (demo, 1987)
Ritual (demo, 1989)
Aquarius (participação em coletânea, 1989)
Heavy Metal We Salute You (Full-length, 1992)
Shock Live (Bootleg, 2004)
Schizophrenic Lunatic - Kil Again Samples (participação em coletânea, 2011).
Heavy Metal We Salute + Bonus (CD, 2012)
Shadows (Bootleg, 2013)



Sites relacionados (em português / inglês):
http://www.metalshock.net/
https://www.facebook.com/metalshockpb
http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=2358094
http://www.myspace.com/shockbrazilstreetteam
http://www.fotolog.com.br/bandashock
http://www.youtube.com/edgardroque62

sábado, outubro 26, 2013

PLACENTA: primeira banda metal só de mulheres no Brasil!

PLACENTA: suásticas, egos e inocência na primeira banda metal só de mulheres do Brasil.

"Ao mesmo tempo em que sentíamos um olhar repressor em cima da gente, existia outro olhar de curiosidade e expectativa por parte de todos. Afinal, até então, desconhecíamos qualquer outra banda totalmente feminina fazendo aquele tipo de som. Mas é muito grande o descrédito em relação às mulheres nesse meio underground, não acredito que tenha mudado e nem que mudará um dia...".

Ainda que sejam maioria na sociedade as mulheres, historicamente, foram preteridas em relação aos homens. Seja nos melhores cargos ou no acesso aos bens de capital cultural, às filhas de Eva foi legado o papel de coadjuvantes, enquanto que os machos foram grandes governantes, conquistadores e empreendedores. Muito infelizmente,  essa injusta construção do mundo foi repetida no rock e no metal; e por todo o mundo. No Brasil, em 1977 o surgimento do STRESS (PA), seguido pelo SHOCK (PB) dois anos depois, dá início do "movimento metal" por todo país, e bandas formadas só por homens começam a soltar suas demos, LP's e se apresentar ao vivo; nos levando a pergunta: quando foi que as mulheres começaram a formar bandas em nosso país?



Foi em Belo Horizonte, meados de 1985, que a guitarrista Vittória do Carmo, começou a banda PLACENTA. Este grupo, que desapareceu sem deixar registros, foi pioneiro por só ter mulheres na formação e por se dedicar ao metal extremo; na fronteira onde Thrash e o Death metal se digladiam. Vittória, entretanto, havia formado sua primeira banda só de mulheres em 1983, chamada LADY SATÃ, composta por sua irmã e outras parentes, interessadas em fazer Heavy Metal Tradicional na linha do TWISTED SISTER, QUIET RIOT e outros. Ao fim do LADY SATÃ, nome inspirado em um livro de ocultismo, Vittória criou o "Projeto Rock", que transformou um antigo boliche em palco para dois shows de metal, e depois som mecânico, onde o SEPULTURA se apresentou pela primeira vez.

"Bom, o tempo passou e em meados de 85, em Lambari, quando fui assistir ao lendário show da DORSAL ATLÂNTICA , conheci a Marilia que era namorada o Paulo do SEPULTURA. Voltamos  amigas e daí ela ficou encantada em saber que eu tinha uma banda, e começou com a idéia de montar uma e foi assim que o Placenta nasceu...".
 

Além da emergência do metal mais extremo, como CELTIC FROST, DISCHARGE, VENOM, a convivência com as demais bandas de Belo Horizonte, SARCÓFAGO, HOLOCAUSTO, MUTILATOR, CHAKAL, foi primordial para a mudança de direcionamento musical ocorrida no PLACENTA. Quanto ao fato do grupo ser formado só por mulheres não foi por feminismo, mas "para fazer algo inovador e diferente na minha terra", revela Vittória que só recentemente ficou sabendo do pioneirismo do PLACENTA por todo o Brasil.

Vittória e outra integrante do LADY SATÃ (1983/84), onde começou o sonho do PLACENTA.

Além de Marília no baixo e Vittória na guitarra, completavam a banda Paula (vocal), Ana Maria (guitarra) e Andréia (bateria). "A interação era perfeita, vimos todas as bandas que fazem parte dessa época nascerem, e inclusive algumas outras de outros estados, que ficaram amigos da gente, que vinham ver os shows aqui e acabaram formando suas próprias bandas também: o EXPLICIT HATE (RJ), THOR (ES), o P.U.S. (DF), o João gordo que não saia daqui, vivíamos trombando Carlos Vândalo (um grande ídolo, que hoje é um grande amigo)", relembra Vittória. O PLACENTA vivia ativamente o undeground de BH, participando de todos os eventos e acontecimentos da cena e isso causou um "burburinho", trazendo mais mulheres para os shows, que posteriormente criaram suas próprias bandas. Após o PLACENTA, surgiram na capital mineira o HAVOC (cujo nome original era COVA; o mesmo de um grupo em SP) e o PREPÚCIO, ambos conjuntos extremos compostos só por mulheres.




"Mesmo com toda essa evolução do mundo de lá pra cá, posso te dizer que as coisas aconteciam bem rápido, principalmente levando se em consideração que não existia o Youtube, rs. Eu recebia cartas de toda parte do Brasil, de neguinho que queria algum tipo de informação, e todo mundo se encontrava aqui em BH (...) apesar das tretas que rolavam existia uma união muito grande entre todos".

Cartaz do show de estreia do PLACENTA, desenhado por Igor Cavalera.

Toda a atenção que o PLACENTA gerou, entretanto, acabou por plantar a semente do fim do banda. Egos começaram paulatinamente a crescer e com eles desentendimentos entre as integrantes. Inusitadamente, o maior momento da "guerra de egos" veio justamente quando a banda alcançou seu ápice. Após o show de estreia, abrindo para o GUERRILHA (que era um projeto de membros do SEPULTURA com o MUTILATOR), no lançamento da coletânea "Warfare Noise I", o PLACENTA foi convidado pela Patti, dona da "Cogumelo Records", para participar do segundo volume do LP. Por ingenuidade e inexperiência, além de não acreditar no próprio potencial, a banda recusou. Estopim aberto para novas brigas e desentendimentos, pouco tempo depois, Vittória foi a primeira a sair do grupo e alguns meses depois a banda encerrou as atividades, em meados de 1987.





O PLACENTA, como já dito, não deixou registro oficial. Fitas de gravações de shows e ensaios foram perdidas. Existe somente um ensaio instrumental gravado com qualidade excelente, que Vittória pediu a Paula para gravar o vocal em estúdio, com a intenção de futuro lançamento, porém a mesma recusou a proposta.Ainda assim, dois vídeos circulam no Youtube com músicas do PLACENTA. "Madness ih the Bus" não é reconhecida por Vittória como uma música do PLACENTA e as demais integrantes não lembram quando e se ela foi composta pela banda! A outra música "Vodka" era uma brincadeira delas nos ensaios e nos shows, algo como "Hang The Pope" do NUCLEAR ASSAULT, que caiu no gosto popular, não sendo representativa do som ou das letras do grupo.




Na busca por sua própria identidade, o PLACENTA tinha como tema das composições mentes atormentadas, comportamento humano, as mazelas existências da raça humana. Como muitas das bandas mineiras da segunda metade dos anos oitenta, as letras do grupo eram todas em inglês. O visual das integrantes também era diferenciado e ousado. Maquiagem pesada, cintos de bala, spikes, rebite e sutians à mostra eram marca registrada do grupo. O fardamento seguia o mesmo pensamento de "acompanhar a banda dos meninos" e por isso a baterista aparece usando uma suástica nazista na calça.

"Aquela calça que a Andréia, nossa baterista, esta usando nas fotos, era do Igor Cavalera rs. Hoje penso que naquela época estávamos passando por um turbilhão de mudanças políticas no Brasil e no mundo, e sem contar as nossas mudanças pessoais, tudo que queríamos era polemizar nada mais". 




De acordo com Vittória, os adolescentes usam o visual como forma de auto expressão e proteção de suas próprias crises existenciais. Além da suástica, que a banda usava para chocar, causar, sem de maneira alguma fazer apologia do regime nazista de exclusão, Vittória aparece com um crucifixo invertido nas fotos; que na verdade pertencia ao Wagner Antichrist do SARCÓFAGO. Esse visual causou alguns problemas ao PLACENTA na época, garçons pedindo para sair do bar, senhoras fazendo sinal da cruz ao as ver pela rua...

PLACENTA ao vivo! Vittória, Marília, Ana e Andréia.

Falando em SARCÓFAGO, o PLACENTA não tomou partido em relação a briga que existia entre eles e o SEPULTURA. Além da baixista da banda ser, na época, namorada do Paulo Jr., a guitarrista Ana "andava ficando" com o Wagner. Além do mais, o Bibica (Sílvio) foi um dos empresário do PLACENTA e o MUTILATOR chegou a dar uma guitarra de presente para a Vittória; além do Max e o Igor (Cavalera) sempre a ajudarem e incentivarem com o instrumento.

No curto período de atividade, a banda saiu em pequeno artigo da Revista Metal, teve destaque num especial da revista que abordava a Cena Metal em Minas Gerais e também saiu em jornal local de Belo Horizonte. Infelizmente, não existem registros radiofônicos ou em vídeo.

PLACENTA na revista Metal.

Após o fim, a baixista Marília participou da banda MEGATHRASH durante a gravação do grupo no LP "Wafare Noise II", 1988, ironicamente na vaga que seria do PLACENTA. A guitarrista Vittória tentou se juntar a uma banda com homens, porém a mesma não vingou. Ela é a única que ainda "dá as caras" no underground e continua forte curtindo som. As demais moça seguiram caminhos diferentes, em estradas, ao que parecem, longe da trilha do rock.



Marília com o MEGATHRASH.

Ao longo do tempo e com o advento da internet, o PLACENTA voltou a ser falado, porém, infelizmente, com algumas distorções. Esperamos ter deixado claro que a banda NÃO durou até 1992 e que NÃO lançou um disco bootleg.

Vittória não mede palavras e afirma que "ao contrário do restante da banda, tenho um grande orgulho de um dia ter feito parte dessa história, foram grandes momentos vividos e que de certa forma ficaram eternizados, pelo menos pra mim. O meu azar foi ter estado nos lugares certos com as pessoas erradas"! Atualmente, ela continua residindo em Belo Horizonte e ligada à cena Metal, sempre sendo solicita e falando com alegria do legado do PLACENTA.

Primeiro show do PLACENTA!

Um desses exemplos é a participação da guitarrista no documentário MULHERES NO METAL, em uma ótima e reveladora entrevista. Além do PLACENTA, o documentário contém entrevistas e relatos de outras bandas como VALHALLA, FLAMMEA, DIVINE DEATH etc, além de clipes de outros grupos como PANNDORA, NERVOSA, VOLKANA, THE KNICKERS e outras.




Vittória também aparece na cobertura do lançamento do documentário.



PLACENTA

Paula - vocal
Ana Maria - guitarra
Vittória - guitarra
Marília - baixo
Andréia - bateria

Cartaz da "época de ouro" do metal de BH, indicando show do PLACENTA e de diversas outras bandas que fizeram história.

Sites relacionados (em inglês):

http://www.metaladies.com/bands/placenta/
http://www.metaleros.de/countries/brazil/brazil_maidens.html
http://www.metal-archives.com/bands/Placenta/12388
http://raf666underground.blogspot.com.br/2013/10/placenta-brazil-madness-in-bus-demo-1987.html