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domingo, março 11, 2018

Mulheres no Metal: como o movimento começou no Brasil.

As inserção das mulheres no Metal brasileiro. Desde os tempos do PLACENTA, a primeira banda só de mulheres formada nesse país até os grupos mais atuais, como o ESKRÖTA, o Rock Dissidente dentro do Programa Combate traçou uma breve história de como as mulheres tem feito acontecer o Metal Nacional. A meta foi traçar um apanhado histórico - jornalistico da inserção das mulheres no nosso underground, mas sem adentrar em questões que como homem o autor do canal não teria competência para tratar (tais como é ser mulher na cena, machismo etc).

Você sabia que a primeira banda de mulheres não foi o VOLKANA, nem o VALHALA e nem era de Brasília?

Ouça o ROCK DISSIDENTE inteiro (ncluindo as músicas) pelo MixCloud, sem precisar sair do WhatsApp, Facebook ou do site e aplicativo que você quiser.


Programa Combate no ar desde 2001 pela rádio Melodia FM, 102,3 transmitindo desde Varginha para mais de cinquenta municípios. O Programa Combate passa todo domingo, das 16 às 18 horas. * Tema do Rock Dissidente: 

Gravado e exibido ao vivo em 11/03/2018, sendo disponibilizado nessa mesma data no MixCloud no youtube.


Durante a sua 38° edição dentro do Programa Combate, o Rock Dissidente executou músicas de P.U.S., NERVOSA. FLAMMEA, NUCLËAR FRÖST e JACKNIFE  (ouça no MixCloud para saber quais).

Tema de Mulheres no Metal sugerido pela amiga Débora Damiani, a Debbie, de Varginha! Muito obrigado! Esperamos sugestões de temas de todos nossos ouvintes.

Assista ao vídeo pelo youtube (sem as músicas e precisando visualizar o app)!



Rock Dissidente no Programa Combate

Apresentação, edição de vídeo e filmagem: Willba Dissidente. 
Técnico de Som: Francisco.
Produção técnica: Ivanei Salgado.
Produção executiva: André "Detonator" Biscaro. 

Sites relacionados: 
http://rockdissidente.blogspot.com.br/
http://www.mixcloud/RockDissidente/ 
https://www.facebook.com/RockDissidemte/ 

http://www.radiosaovivo.net/melodia-varginha/ 
https://www.facebook.com/combatefm/

sábado, outubro 26, 2013

PLACENTA: primeira banda metal só de mulheres no Brasil!

PLACENTA: suásticas, egos e inocência na primeira banda metal só de mulheres do Brasil.

"Ao mesmo tempo em que sentíamos um olhar repressor em cima da gente, existia outro olhar de curiosidade e expectativa por parte de todos. Afinal, até então, desconhecíamos qualquer outra banda totalmente feminina fazendo aquele tipo de som. Mas é muito grande o descrédito em relação às mulheres nesse meio underground, não acredito que tenha mudado e nem que mudará um dia...".

Ainda que sejam maioria na sociedade as mulheres, historicamente, foram preteridas em relação aos homens. Seja nos melhores cargos ou no acesso aos bens de capital cultural, às filhas de Eva foi legado o papel de coadjuvantes, enquanto que os machos foram grandes governantes, conquistadores e empreendedores. Muito infelizmente,  essa injusta construção do mundo foi repetida no rock e no metal; e por todo o mundo. No Brasil, em 1977 o surgimento do STRESS (PA), seguido pelo SHOCK (PB) dois anos depois, dá início do "movimento metal" por todo país, e bandas formadas só por homens começam a soltar suas demos, LP's e se apresentar ao vivo; nos levando a pergunta: quando foi que as mulheres começaram a formar bandas em nosso país?



Foi em Belo Horizonte, meados de 1985, que a guitarrista Vittória do Carmo, começou a banda PLACENTA. Este grupo, que desapareceu sem deixar registros, foi pioneiro por só ter mulheres na formação e por se dedicar ao metal extremo; na fronteira onde Thrash e o Death metal se digladiam. Vittória, entretanto, havia formado sua primeira banda só de mulheres em 1983, chamada LADY SATÃ, composta por sua irmã e outras parentes, interessadas em fazer Heavy Metal Tradicional na linha do TWISTED SISTER, QUIET RIOT e outros. Ao fim do LADY SATÃ, nome inspirado em um livro de ocultismo, Vittória criou o "Projeto Rock", que transformou um antigo boliche em palco para dois shows de metal, e depois som mecânico, onde o SEPULTURA se apresentou pela primeira vez.

"Bom, o tempo passou e em meados de 85, em Lambari, quando fui assistir ao lendário show da DORSAL ATLÂNTICA , conheci a Marilia que era namorada o Paulo do SEPULTURA. Voltamos  amigas e daí ela ficou encantada em saber que eu tinha uma banda, e começou com a idéia de montar uma e foi assim que o Placenta nasceu...".
 

Além da emergência do metal mais extremo, como CELTIC FROST, DISCHARGE, VENOM, a convivência com as demais bandas de Belo Horizonte, SARCÓFAGO, HOLOCAUSTO, MUTILATOR, CHAKAL, foi primordial para a mudança de direcionamento musical ocorrida no PLACENTA. Quanto ao fato do grupo ser formado só por mulheres não foi por feminismo, mas "para fazer algo inovador e diferente na minha terra", revela Vittória que só recentemente ficou sabendo do pioneirismo do PLACENTA por todo o Brasil.

Vittória e outra integrante do LADY SATÃ (1983/84), onde começou o sonho do PLACENTA.

Além de Marília no baixo e Vittória na guitarra, completavam a banda Paula (vocal), Ana Maria (guitarra) e Andréia (bateria). "A interação era perfeita, vimos todas as bandas que fazem parte dessa época nascerem, e inclusive algumas outras de outros estados, que ficaram amigos da gente, que vinham ver os shows aqui e acabaram formando suas próprias bandas também: o EXPLICIT HATE (RJ), THOR (ES), o P.U.S. (DF), o João gordo que não saia daqui, vivíamos trombando Carlos Vândalo (um grande ídolo, que hoje é um grande amigo)", relembra Vittória. O PLACENTA vivia ativamente o undeground de BH, participando de todos os eventos e acontecimentos da cena e isso causou um "burburinho", trazendo mais mulheres para os shows, que posteriormente criaram suas próprias bandas. Após o PLACENTA, surgiram na capital mineira o HAVOC (cujo nome original era COVA; o mesmo de um grupo em SP) e o PREPÚCIO, ambos conjuntos extremos compostos só por mulheres.




"Mesmo com toda essa evolução do mundo de lá pra cá, posso te dizer que as coisas aconteciam bem rápido, principalmente levando se em consideração que não existia o Youtube, rs. Eu recebia cartas de toda parte do Brasil, de neguinho que queria algum tipo de informação, e todo mundo se encontrava aqui em BH (...) apesar das tretas que rolavam existia uma união muito grande entre todos".

Cartaz do show de estreia do PLACENTA, desenhado por Igor Cavalera.

Toda a atenção que o PLACENTA gerou, entretanto, acabou por plantar a semente do fim do banda. Egos começaram paulatinamente a crescer e com eles desentendimentos entre as integrantes. Inusitadamente, o maior momento da "guerra de egos" veio justamente quando a banda alcançou seu ápice. Após o show de estreia, abrindo para o GUERRILHA (que era um projeto de membros do SEPULTURA com o MUTILATOR), no lançamento da coletânea "Warfare Noise I", o PLACENTA foi convidado pela Patti, dona da "Cogumelo Records", para participar do segundo volume do LP. Por ingenuidade e inexperiência, além de não acreditar no próprio potencial, a banda recusou. Estopim aberto para novas brigas e desentendimentos, pouco tempo depois, Vittória foi a primeira a sair do grupo e alguns meses depois a banda encerrou as atividades, em meados de 1987.





O PLACENTA, como já dito, não deixou registro oficial. Fitas de gravações de shows e ensaios foram perdidas. Existe somente um ensaio instrumental gravado com qualidade excelente, que Vittória pediu a Paula para gravar o vocal em estúdio, com a intenção de futuro lançamento, porém a mesma recusou a proposta.Ainda assim, dois vídeos circulam no Youtube com músicas do PLACENTA. "Madness ih the Bus" não é reconhecida por Vittória como uma música do PLACENTA e as demais integrantes não lembram quando e se ela foi composta pela banda! A outra música "Vodka" era uma brincadeira delas nos ensaios e nos shows, algo como "Hang The Pope" do NUCLEAR ASSAULT, que caiu no gosto popular, não sendo representativa do som ou das letras do grupo.




Na busca por sua própria identidade, o PLACENTA tinha como tema das composições mentes atormentadas, comportamento humano, as mazelas existências da raça humana. Como muitas das bandas mineiras da segunda metade dos anos oitenta, as letras do grupo eram todas em inglês. O visual das integrantes também era diferenciado e ousado. Maquiagem pesada, cintos de bala, spikes, rebite e sutians à mostra eram marca registrada do grupo. O fardamento seguia o mesmo pensamento de "acompanhar a banda dos meninos" e por isso a baterista aparece usando uma suástica nazista na calça.

"Aquela calça que a Andréia, nossa baterista, esta usando nas fotos, era do Igor Cavalera rs. Hoje penso que naquela época estávamos passando por um turbilhão de mudanças políticas no Brasil e no mundo, e sem contar as nossas mudanças pessoais, tudo que queríamos era polemizar nada mais". 




De acordo com Vittória, os adolescentes usam o visual como forma de auto expressão e proteção de suas próprias crises existenciais. Além da suástica, que a banda usava para chocar, causar, sem de maneira alguma fazer apologia do regime nazista de exclusão, Vittória aparece com um crucifixo invertido nas fotos; que na verdade pertencia ao Wagner Antichrist do SARCÓFAGO. Esse visual causou alguns problemas ao PLACENTA na época, garçons pedindo para sair do bar, senhoras fazendo sinal da cruz ao as ver pela rua...

PLACENTA ao vivo! Vittória, Marília, Ana e Andréia.

Falando em SARCÓFAGO, o PLACENTA não tomou partido em relação a briga que existia entre eles e o SEPULTURA. Além da baixista da banda ser, na época, namorada do Paulo Jr., a guitarrista Ana "andava ficando" com o Wagner. Além do mais, o Bibica (Sílvio) foi um dos empresário do PLACENTA e o MUTILATOR chegou a dar uma guitarra de presente para a Vittória; além do Max e o Igor (Cavalera) sempre a ajudarem e incentivarem com o instrumento.

No curto período de atividade, a banda saiu em pequeno artigo da Revista Metal, teve destaque num especial da revista que abordava a Cena Metal em Minas Gerais e também saiu em jornal local de Belo Horizonte. Infelizmente, não existem registros radiofônicos ou em vídeo.

PLACENTA na revista Metal.

Após o fim, a baixista Marília participou da banda MEGATHRASH durante a gravação do grupo no LP "Wafare Noise II", 1988, ironicamente na vaga que seria do PLACENTA. A guitarrista Vittória tentou se juntar a uma banda com homens, porém a mesma não vingou. Ela é a única que ainda "dá as caras" no underground e continua forte curtindo som. As demais moça seguiram caminhos diferentes, em estradas, ao que parecem, longe da trilha do rock.



Marília com o MEGATHRASH.

Ao longo do tempo e com o advento da internet, o PLACENTA voltou a ser falado, porém, infelizmente, com algumas distorções. Esperamos ter deixado claro que a banda NÃO durou até 1992 e que NÃO lançou um disco bootleg.

Vittória não mede palavras e afirma que "ao contrário do restante da banda, tenho um grande orgulho de um dia ter feito parte dessa história, foram grandes momentos vividos e que de certa forma ficaram eternizados, pelo menos pra mim. O meu azar foi ter estado nos lugares certos com as pessoas erradas"! Atualmente, ela continua residindo em Belo Horizonte e ligada à cena Metal, sempre sendo solicita e falando com alegria do legado do PLACENTA.

Primeiro show do PLACENTA!

Um desses exemplos é a participação da guitarrista no documentário MULHERES NO METAL, em uma ótima e reveladora entrevista. Além do PLACENTA, o documentário contém entrevistas e relatos de outras bandas como VALHALLA, FLAMMEA, DIVINE DEATH etc, além de clipes de outros grupos como PANNDORA, NERVOSA, VOLKANA, THE KNICKERS e outras.




Vittória também aparece na cobertura do lançamento do documentário.



PLACENTA

Paula - vocal
Ana Maria - guitarra
Vittória - guitarra
Marília - baixo
Andréia - bateria

Cartaz da "época de ouro" do metal de BH, indicando show do PLACENTA e de diversas outras bandas que fizeram história.

Sites relacionados (em inglês):

http://www.metaladies.com/bands/placenta/
http://www.metaleros.de/countries/brazil/brazil_maidens.html
http://www.metal-archives.com/bands/Placenta/12388
http://raf666underground.blogspot.com.br/2013/10/placenta-brazil-madness-in-bus-demo-1987.html