Beavis & Butt-Head, em suas camisetas do AC/DC ou METALLICA, pode até ser o esteriótipo do headbanger no imaginário coletivo ocidental: um cara caucasiano que curte bater cabeça e odeia autoridade, encontrado majoritariamente nas cidades estadunidenses ou países nórdicos com longo e sombrios invernos e muitas igrejas para queimar. Porém, a mostra "Leather Skins, Unchained Hearts" fotógrafo sul africano Paul Shiakallis possibilita uma alternância visual para essa imagem. Ela documentou as mulheres cobertas de couro da subcultura do Metal botsuanês chamado "Marok", que se traduz por "rocker" em Setswana.
Florah Dylon com seu filho Younggal Bison.
Ano passado (2015), Shiakallis conheceu um grupo de Rainhas, como as fãs mulheres do Marok gostam de se chamar, em um rolê em Gaborone, capital de Botsuana. Usando seus alter-egos de Rainhas, essas mulheres usam nomes como Onalenna Angel of Darkness, Amokian Lordess e Phoenix Tonahs Slaughter. "Elas tinham essa estima e confiança nelas mesmas - de poder ser sem o medo de serem reprimidas", Shiakallis contou ao Hyperallergic.
Phoenix Tonahs Slaughter.
Essa auto-expressão é rara para as mulheres na sociedade conservadora patriarcal de Botsuana. Como a cultura mainstream geralmente aponta o Metal como "satânico", muitas mulheres do movimento Marok usam roupas mais tradicionais de dia e só revelam seus brutais alter-egos nas fotos do facebook; posando em total privilegio metal, geralmente em frente à árvores externas à noite. "Eu creio que o facebook nos permite ser quem somos. Só garotas que que acreditam em si mesmas e não tem medo de se expressar podem ser rockers", uma Rainha, Phoenix Tonahs Slaughter, disse a Shiakallis. "Elas não tendem a posar agressivamente como os homens fazem, então eu gostei que elas mostraram um lado mais 'leve' do movimento Marok", disse Shiakallis.
Millie Hans
Shiakallis começou a fotografar essas Rainhas em suas casas, um projeto que se provou mais difícil do que ele esperara. "Cada retrato que eu bati quase nunca aconteceu", Shiakallis conta. "Às vezes, o namorado ou marido da Rainha vinha a frustar as fotos, já que eles não queriam que as suas parceiras fossem fotografadas ou mesmo que estivessem na presença de outro varão.Alguma Rainhas estavam relutantes em posar para o ensaio, preocupadas onde essas imagens iriam parar, uma vez que elas ainda estão se afirmando enquanto rockers".
"From Mokatse Boulder", visão de uma cidade interiorana botsuanesa.
Em cintos de balas, algemas de tachinhas, jaquetas de couro, bandanas e camisetas do IRON MAIDEN, as mulheres nas fotos de Shiakallis lembrar personagens do cinema pós-apocalíptico, como os guerreiros da estrada de Mad Max. As vestimentas Marok fundem os estilos dos anos do Heavy Metal das décadas de 1970 e 1980 (especialmente na capa de "Ace of Spades" do MOTÖRHEAD); as jaquetas de couro franjadas e botas negras da grande comunidade motociclista; e os chapéus, esporras e vestimentas de cowboys de muitos agricultores da zona rural do país. Posando contra o pano de fundo das vilas rurais, quartos pintados de pastel e acolhedoras salas de estar, essas Rainhas iluminam como a subcultura do Marok é uma forma de mundo fantasia, uma fuga dos confins da tradição e da domesticidade.
Snyder.
SKINFLINT, METAL ORIZON, WRUST, CRACKDUST, OVERTHRUST e AMOK estão entre as maiores bandas de Metal em Botsuana, mas como a cena Marok é muito pequena, eles só fazem shows de meses em meses. "Quando eles têm um show, rockers de toda a Botsuana fazem o que for para comparecerem, ainda que tenham de viajar 700 Km de uma outra cidade", confidencia Shiakallis. Nos festivais ou shows com cast maior, os Marok costumam se unir com antecedência para "marchar por uma causa"."Eles primeiro elegem uma instituição de caridade para doar e então marcham juntos liderados por um homem Marok arrastando correntes no chão enquanto o desfile de headbangers se amontoa ombro à ombro para encenar e lutar em danças rituais". "É uma uma visão muito surreal", encerra Shiakallis.
Ludo Dignified Queen Morima.
Willba agradece a Ane Tysondog, sua melhor amiga, que é negra, headbanger e mãe, por ter encontrado o texto original.
Desde que chegou com o Hard Rock nos anos 1970, que o Heavy Metal está presente de maneira prolifica na cena musical de Botsuana. Irreverente e dissidente de todos pensamentos ortodoxos do que significa ser negro e ser africano, esses headbangers criaram uma subcultura própria conhecida como o "Marok". E desde 2011 que o Marok desfruta de audiência global, apresentando um contraste com a típica imagem desolada sempre retratada da África, enquanto também desafia as expectativas das pessoas de "baixo entendimento".
Bontle Sodah Ramotsietsane
Todavia, como esperado, existe uma excessiva representação masculina em detrimento de sua contraparte feminina. É essa esquecida narrativa da excentricidade das mulheres negras no Rock 'n' Roll que o fotógrafo sulafricano Paul Shiakallis procurou descobrir em seu trabalho "Leathered Skins, Unchained Hearts (Peles de Couro, Corações desacorrentados, em tradução livre)".
Valesyn Wana
Adornadas com brincos, couro batido, correntes e spikes, essas mulheres cementaram seu espaço no movimento. Elas aparentam ser um enigma, longe da representação global que as mulheres negras tem de serem dóceis e inanimadas. Retratadas entre arredores familiares e ordinários, terras de grande fazendas, céus infinitos, paredes brancas de casa, sofás furados e velhos amarios de cozinha, essas mulheres. algumas mães e outras esposas, são a rebelião bruta no meio comum das suas vidas. Vestidas de duronas, como se preparadas para a guerra, elas, com mentalidade própria, privilégio de quem é rainha ou sacerdotisa de magia negra, convidam sua imaginação para se perguntar qual é o lugar delas no mundo.
Shatani
"Sendo rockers nó estamos unidas em nosso amor por nossa música e assim nós somos irmãos e irmãs de Metal. Nós somos o modelo em nossa sociedade e é por isso que nós apoiamos a nós mesmas e nossas bandas nessa vulnerável sociedade".
Katie Dekesu.
Bonolo
Por mais de oito meses, Shiakallis se aprofundou no abismo dos alter egos delas, fascinado por como essas mulheres escaparam da prisão com grades do condicionamento social e adentraram nas infinitas possibilidades que o Heavy Metal guarda para elas. As rainhas do Marok cercam o estrutural arquétipo da "cultura africana" e remodelam essas estruturas pelas fotos de Paul, de um modo que reflete as paixões e desejos delas. O trabalho traduz o modo pelo qual vários padrões de identidade são transferidos entre o dia e noite, a plácida realidade da vida em Botsuana versus a descrição da colorida individualidade na mídia social, a lealdade para com o nome da família, versus a liberdade em usar um pseudônimo. É a mesma fluidez que exala uma sensualidade e força nas mulheres Marok de Botsuana; as que inesperadamente vestem a pela de couro e imprevisivelmente são guerreiras com corações que quebraram correntes.
Samie Santiado Nwested.
"Nem todas nós somos satanistas, hahaha, porém quando a música começa a tocar, às vezes, eu penso diferente".
Millie Hans.
Sierra.
Willba agradece a Ane Nunes, sua melhor amiga, que é negra, headbanger e mãe, por ter encontrado o texto original.
A Tia Alice já disse em zilhões de entrevistas que nunca voltaria com a formação do ALICE COOPER GROUP; que durou de 1968 a 1975. Alice Cooper (voz), Dennis Dunaway (baixo), Neal Smith (bateria), Michael Bruce (guitarra e teclados) e Glen Buxton (guitarra solo) se separaram após a tour do disco "Muscle of Love". Todavia, alguns shows de retorno ocorreram. O primeiro deles foi em 1999, no restaurante do cantor em Phoenix como homenagem ao guitarrista Glen Buxton, que falecera dois anos antes. Então, com a adição do guitarrista Steve Hunter (que também participou do grupo de LOU REED, além de trabalhar na carreira solo com ALICE COOPER), a banda fez mais três shows entre 2010 e 2011, época que foi indicada ao Rock'n'Roll Hall of Fame.
O ALICE COOPER GROUP junto em 2015.
Talvez ai a recusa de ALICE COOPER de se reunir com ex-colegas foi caindo, pois o trio Bruce, Dunaway e Smith coescreveram três músicas do disco "Welcome 2 my Nightmare", também de 2011. Sem que nada mais acontecesse, hove uma apresentação surpresa do quarteto (junto com o guitarrista Ryan Roxie) em outubro de 2015 na loja "Good Records" em Dallas, capital do Texas. Na ocasião, o baixista lançava sua biografia intitulada "Snakes! Guillotines! Electric Chairs!: My Adventures in the Alice Cooper Group" & somente 200 pessoas (muito sortudas) puderam presenciar a apresentação.
"É divertido voltar a trabalhar com os caras que você deixou de trabalhar por um tempo. Não é tentar recapturar sua juventude. É tentar recapturar uma sonoridade. E essa sonoridade é esquiva", disse o vocalista a Michael Hoffman do site Consequence Of Sound, garantindo que a meta é chegar perto do quarto disco de estúdio da banda, "Killer", lançado em 1971. Cooper acrescentou que já escreveu três ou quatro músicas com Bruce e Smith e que Dunnaway já tem mais quatro temas nas mangas; porém ainda não sabem dizer qual deles entrará no vindouro trabalho ainda sem nome. "Você nunca pode voltar totalmente e recapturar uma época, mas você certamente pode olhar para os elementos que fizeram aquele álbum funcionar do jeito que foi", dispara o cantor sobre o processo de composição em andamento.
Os membros remanescentes sendo agraciados no Rock'n'Roll Hall of Fame, em 2011.
Isso não significa que o HOLLYWOOD VAMPIRES acabou ou entrará em pausa. Não obstante, Cooper contou a Billboard que há possibilidade da banda original tocar junta. "No meu show, não seria uma má ideia ter um segmento em que certos caras vem tocar, nós já fazemos, de todo jeito. Se Dennis está na cidade, ele vem tocar conosco. Se Neal estiver na cidade ele vem fazer 'Schools Out' ou algo assim. E é o mesmo com Mike. Ele está entrando novamente em forma".
Dennis Dunnaway, Michael Bruce e Neal Smith em 2015.
Realmente, ALICE COOPER, a ideia não é nem um pouco má e seria excelente se os originais ficassem durante todo o show. Você não concorda?
Smith, Cooper e Dunnaway juntos com o guitarrista Steve Hunter (da fase clássica da Tia solo nos anos 1970), em 2010.
Fotos cedidas pela Loud Wire.
Agradecimentos a Tami Coelho pela notícia original.