sexta-feira, março 06, 2020

Facada Fest: inspirando nacionalmente protestos contra o fascismo.

APÓS UM DESPACHO ASSINADO PELO PRÓPRIO SERGIO MORO MANDANDO INVESTIGAR MEMBROS DO COLETIVO "FACADA FEST" POR SUPOSTOS CRIMES CONTRA A HONRA DE JAIR BOLSONARO, VÁRIOS SHOWS DE PUNK ROCK PASSARAM A USAR CARTAZES IRONIZANDO O ATUAL MANDATÁRIO BRASILEIRO E SEU MINISTRO DA JUSTIÇA.


Um evento feito por um coletivo Antifascista de Belém do Pará ganhou as páginas e manchetes dos jornais e esteve do topo dos assuntos mais comentados do twitter no Brasil. É o FACADA FEST, que começou com um ensaio aberto em outubro de 2017, mas que no ano passado foi hostilizado pelo próprio Carlos Bolsonaro  e que mais recentemente o próprio ministro da Justiça e segurança pública Sergio Moro assinou um despacho intimando os organizadores a prestarem depoimento na Justiça Federal por supostos crimes contra a honra de Jair Bolsonaro. Após o despacho de Moro diversos eventos foram anunciados pelo território nacional ou com o nome de FACADA FEST ou utilizando arte que ironiza Sergio Moro, Jair Bolsonaro e outros cânones da extrema-direita conservadora no Brasil. Vamos entender o que está acontecendo?


Realizado no Mercado São Brás em Belém, capital do Pará, o FACADA FEST visava resgatar as raízes de criticidade política e social da música, se colocando contra as ideias conservadoras, de exclusão e alienação criadas pela esfera elitista do país. Em seu cast, bandas, principalmente, de Punk Rock, Hard e Grind Core fazem a voz da resistência. Desde 2017 o festival contava com apoio das autoridades públicas e dos comerciantes, porém, para surpresa de todas e todos, vindo do nada, Carlitos, vereador do Rio de Janeiro, fez um postagem no twitter hostilizando o festival e dizendo que se estava na "hora de agir".




Foi esse cartaz que começou a censura.

À partir dai começou a perseguição ao festival. Ele seria numa praça pública e teve de ser mudado para lugar fechado (próximo ao estabelecimento original), sofreu pressão por parte de políticos brasileiros e acabou por ser embargado, não sem protesto, em Belém do Pará. Ruas foram fechadas, passeata organizada, mas a policia militar impediu a realização do mesmo.

Festival apartidário que nunca se pretendeu ou foi um ato contra o governo, o FACADA FEST ganhou as redes sociais e a internet com muito apoiadores criticando que quando bolsonaristas apoiavam gratuita e explicitamente a violência e crimes (bonecos de Dilma e Lula sendo enforcados, adesivos da ex-presidenta sendo estuprada pela bomba de gasolina  e outros exemplos repugnantes) nunca houve punição e nem pressão de políticos contra os mesmos.




Políticos de extrema direta, que nem sabem escrever Rock and Roll corretamente, tuitaram contra o Facada Fest.


É importante lembrar que o FACADA FEST não havia sido o primeiro ou único evento de Rock'n'Roll no Brasil a fazer alusão ao atual mandatário atualmente sem partido desse país ao Sul do continente americano. E, inclusive, é preciso muita convicção para encontrar o presidente Jair Bolsonaro no cartaz do evento. Digamos, é preciso admitir que o Palhaço Bozo com a faixa presidencial com o número 171 (artigo para estelionato no Código Penal) representa o mandatário.




A banda russa PUSSY RIOT fez cartaz bem mais explícito ironizando.

O FACADA FEST voltou às manchetes brasileiras quando o já citado ministro Sergio Moro, em 27 de fevereiro, assinou a peça jurídica, despacho, que deu inicio às investigações contra o coletivo responsável pelo Facada Fest. Para tornar a situação mais irônica, Moro declarou, no twitter que não havia sido ele o autor, algo que foi facilmente desmentido pelos membros do coletivo. Qual o pretexto do ministro para mentir na caruda para todo o Brasil?

O FACADA FEST já havia acontecido em outras cidades (veja os cartazes no final), mas desde 28 de fevereiro alguns eventos de Rock, que tocam os estilos voltados ao Punk Rock estão se valendo do nome Facada Fest ou trazem imagens que citam direta ou indiretamente a atual situação vivida pelo Facada Fest.


PRÓXIMAS EDIÇÕES:


São José do Rio Preto / São Paulo. 13/03/2020.




Caxias do Sul / Rio Grande do Sul. 14/03/2020.



Rio de Janeiro / Rio de Janeiro. 14/03/2020.





Itaúna / Minas Gerais.  21/03/2020.



Araçatuba / São Paulo. 18/04/2020.




Salvador / Bahia. Data e demais infos a definir.



Lembramos que esses cartazes que você acabou de ver, ainda que alguns eventos se chamem Facada Fest, não estão sendo realizados pelo coletivo Facada Fest de Belém do Pará ou tem qualquer ligação com o mesmo. Acrescentamos, contudo, que os organizadores do Facada Fest original, liberaram que o nome do seu evento fosse utilizado por outros, desde que mantendo os ideais antifascistas que os levaram a fazer o Facada Fest.



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EDIÇÕES ITINERANTES ANTERIORES:


Curitiba / Paraná. 21/09/2019.
 Marabá/ Pará. 21/09/2019.


Belo Horizonte / Minas Gerais. 04/10/2019.

 

Campinas / São Paulo. 24/11/2019.



Os eventos anunciados por esses cartazes, todos de 2019 e realizados após a terceira edição do Facada Fest em Belém do Pará, tiveram aprovação do coletivo Facada Fest de Belém do Pará.

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Finalmente, o Rock Dissidente reitera que o FACADA FEST acontece desde outubro de 2017 e o suposto atentado em que supostamente Jair Bolsonaro supostamente levou uma suposta facada data de 06 de setembro de 2019. Por conseguinte, cai por terra a ideia que de o FACADA FEST teria surgido para ironizar ou debochar do que se passou com Jair Bolsonaro.

O nome da programação não existe desde a tal facada, a nomenclatura surgiu ANTES. É tudo coincidência, mas a equipe manteve esse nome após setembro de 2019 por acreditar que o atentado contra Jair Bolsonaro foi forjado, nunca aconteceu, tendo como intuito o então candidato beneficiar sua campanha presidencial, em especial fugindo dos debates.

Encerramos esse artigo lembrando sempre da liberdade de expressão e fazendo votos que a democracia prevaleça, pois para seguir forte o Rock'n'Roll depende de sociedade pluralista, em que se respeite a democracia e o Estado democrático de direto.

O Rock Dissidente agradece a Lucille Calandrini e Rafael Garganta pela ajuda na produção desse artigo.

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