"Doce mãe, prostituta, liberdade onde andará" é o que perguntava o refrão da canção mais famosa do ZENITH, grupo nacional de Hard Rock que fazia a improvável fusão da sonoridade A.O.R. com letras em português. Tendo conseguido lançar em 1989 um elepê pelo selo Eldorado (ainda inédito em CD) e com aparições na mídia impressa e televisiva, o grupo de Mogi Guaçu, interior de São Paulo, foi muito bem sucedido até encerrar a carreira em princípio da década de 1990. O ZENITH não lançou mais discos e a pergunta permanece por todo esse tempo.
Afinal, quem é essa mãe que se prostitui? Do que fala essa música?
ZENITH ao vivo em 1988.
"A mãe é de todos nós", declara o vocalista Rogério Nogueira, que acrescenta em tom jocoso "não é minha ou do Dé". O simpático cantor alega que a "Doce Mãe" é uma metáfora sobre o Brasil na época da ditadura militar se valendo da letra original do hino nacional de base. "A Pátria Mãe era como uma prostituta que se vendia ao mundo, dava suas riquezas, seu domínio, por algumas moedas".
Ainda de acordo com Nogueira, "Doce Mãe" foi escrita em parceria com o guitarrista Dé Vasconcellos quando ambos os músicos tinham 13 anos, em plenos anos 1970; época violenta da Ditadura Militar imposta pelos EUA ao Brasil (e a toda América Latina). As únicas músicas da banda que a dupla não desenvolveu sozinha foram "Spotlights" (originalmente "Change My Evil Ways" d' A CHAVE DO SOL, em parceria de Dé com Beto Cruz), "Asas" e "Dia-a-Dia" (em parceria com Alê Soares).
Acima: Dé Vasconcellos (guitarra), Mirtão Lima (bateria) e Zuza (teclados). Embaixo: Rogério (vocal) e Marcus Lima (baixo). A Formação clássica do ZENITH!
Confira, na integra, a letra de "Doce Mãe":
"Ouviram o grito das crianças,
Do Ipiranga chorando mãe,
E o do herói que trabalha, que trabalha, que trabalha,
Morrendo mãe.
"O sol da liberdade,
Não chega até o chão,
Não brilhou no céu, ó mãe,
Nem no coração.
"Prostituta em teu ventre, em teu seio,
Liberdade a abortar,
Desafia, rasga nosso peito,
Liberdade onde está,
"Doce mãe prostituta,
O teu filho onde está,
Doce mãe prostituta,
"Liberdade onde andará
Mãe amada idolatrada
Pise as pedras, vai em frente
Ganhe o mundo, Crie vida
De um grito por sua gente".
Em 2015 o ZENITH voltou à ativa permanentemente, após shows esporádicos que aconteciam desde 2009. A banda pretende lançar um novo disco e já vêm apresentando muitas composições novas, algumas delas como "Manchete" e "Palhaço" já haviam sido compostas desde o final "da era clássica". Em um dos concertos recentes, o ZENITH dividiu palco com o CAPITAL INICIAL.
ZENITH (Mk III)
Rogério Nogueira - Voz
Dé Vasconcellos - Guitarra
Paulinho Renato - Baixo
Sandro Marcocini - Bateria
Carlos "Padre" Coppi - Teclado
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